ESPOSENDE E O SEU CONCELHO


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

19 de Agosto de 1993

"Estão longe"


"Estão longe,
os meus amigos,
mas não há longe,
nem distância,
quando a saudade aperta,
quando bate forte,
no peito,
nos queima a alma
e faz surgir,
aquela lágrima furtiva,
no canto do olho!
(Rute Maria)

| Esposende | 19 de Agosto |

Parabéns, Cidade privilégio da natureza!


Esposende, terra abençoada, terra duplamente plantada:
à beira-rio e à beira-mar.
"Esposende... um privilégio da natureza"

Das "praias com ar condicionado" ao Dia da Cidade e se eu fosse puto... ou isso!

O Dia da Cidade está a chegar! José Cid é cartaz da noite do dia 19, precisamente no Largo dos Bombeiros. Mas, antes de falarmos do dia feriado, falemos de coisas castiças! Se eu fosse puto, quereria que me levassem à praia de Ofir, aquela que tem uma tabuleta que diz pomposamente, praia com ar condicionado! Ora, os banhistas deveriam pagar mais pelo ar condicionado, porque as praias do sul não têm semelhante ventilação! Quem vem afogueado de Terras do Bouro, Vieira do Minho, Póvoa de Lanhoso, Vila Verde, Amares, Braga ou Barcelos abre os braços como um avião, e das duas uma, levanta voo ou fica a tremer!
Leia aqui o post na íntegra.

Esposende: | 1 ano … de Esposende Imagens |


"Dia 19 de Agosto – Faz precisamente hoje um ano que nasceu o Esposende Imagens. Fruto de uma paixão pela fotografia e um amor imenso pela minha cidade - Esposende."

"Esposende tinha duas almas: a do sul, que era piscatória, e a do norte, que era banhista."


 "Esposende tinha duas almas: a do sul, que era piscatória, e a do norte, que era banhista. Uma era feita de gente natural e misteriosa, com dramas e alegrias rápidas, como se um vento cínico e audaz, vindo de muito longe, talhasse a sua história. A alma do sul já existia quando o reizinho D. Sebastião jogava às laranjas com os seus cortesãos – e as comia. Porque o príncipe era guloso; em apetites de mesa e arrancadas de estribo perdeu a vida, e nós a independência e a lei dela. O que lá vai, lá vai! Quando eu fui pela primeira vez a Esposende, achei que sucedia alguma coisa de solene; como um rito. Era em Julho. Nas noites em que o calor abrasava, vinha do rio um hálito de vasa. Como se o princípio do mundo rompesse o cristal das areias e borbulhasse uma vida espessa e cega, no lodo. A motora do peixe descia pela corrente, os homens iam calados. Via-se o casco na linha da água, como uma faca abrindo a pele da noite. Os cães ladravam. A alma do sul estava acordada. Desde tempos muito antigos ela tinha aquele pacto com o mar sobrevivia nos seus flancos, paciente, lentamente, ajustada à magra colheita de peixe e sargaço. A alma do norte floresceu um dia, construiu nos pinhais um chalé branco, pôs-lhe um azulejo azul, botou patamar e alpendre à moda de mestre Raul Lino. Plantaram-se tamarizes na avenida; alguma dama do seu mirante aprendia piano com uma senhora do Porto, e tinha um chapéu com cerejas maduras. Distinguia-se; a sua gola de valencianas ficava cheia de grãos de areia quando ela saía à rua. Os banhistas eram gente de Braga e de Barcelos, de gostos moderados, clericais, fechados. (...) A alma do sul despertava com as primeiras roçadoras de caruma, tingidas de nevoeiro. Vinham em passo trotado, entravam nas bouças, e a geada quebrava sob seus pés. (...)

Augustina Bessa-Luís, in Vila e Concelho de Esposende - IV Centenário 1572-1972. Memória de Esposende