ESPOSENDE E O SEU CONCELHO


quarta-feira, 27 de maio de 2009

A Catraia de Esposende

"entre aspas"
Textos selecionados
"Quem se não lembra das últimas grandes Catraias de Esposende, ainda há bem poucos anos abatidas?
Quem se não lembra de as ver entrar na barra de velas enfunadas em manhãs de nortada branda?
A "Cruz de Cristo" do Ti Manel Chora, a "Senhora da Saúde" do Ti Abílio Calica, a "Senhora das Dores" do Libra, a "Sto. António" do Tuta e a maior de todas a "Santa Maria dos Anjos" do Manel da Fanada e depois pilotada pelo Ti Albano Laca."
in FELGUEIRAS, José ; BAPTISTA, Ivone – A catraia de Esposende. Esposende: Forum Esposendense, 1993.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O Museu de Esposende apresenta ao público a exposição:

AGUARELA DE JOÃO MIGUÉIS
Esposende, Ensaio Urbano de Vila a Cidade
– Processos de Transformação”.
Museu de Esposende
De 3.ª a 6.ª feira;
das: 10h às 12h30 e das 14h às 18:30 h;
Aos sábados e domingos das: 15h às 20h.
- Conhecer para preservar e valorizar
o património arquitectónico e paisagístico da nossa cidade.

Esposende Rádio

clique aqui 93.2

sintonize a frequência

"noventa e três ponto dois"

Rádio Esposende é mais cultura, informação,

entretenimento e muita música .

http://www.esposenderadio.pt/

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Farol de Esposende


Destaques da edição de 08 de maio de 2009:

"O Largo dos Peixinhos" - Alberto Bermudes;

"Tesouradas: Promessas? Cantigas ó Rosa" - Neco;

"Lugares e Memórias: Rua Álvaro Fernandes" - Manuel Albino Penteado Neiva;

"Boletim Cultural destaca Invasões Francesas no Concelho";

"Museu atinge número recorde de visitantes";

"Passeio Equestre a Santiago";

de S. Bartolomeu do Mar - "Seniores na 1ª Divisão";

de Fonte Boa - "CDS apoia independente";

de Esposende - "Assembleia aprova contas de 2008";

de Apúlia - "AKA com dois campeões nacionais"

A inundação - Max


Max
No torreão do Salva-Vidas, o saco preto obedecia a uma sinalética para os pescadores. Se este se apresentava de pernas para o ar, significava que o vento soprava de sudoeste. Se aparecia uma bola preta, este soprava de Oeste. Na ocasião, a sua postura era prenunciadora de mar alto e mau tempo, com a barra fechada à navegação.
Nesse dia invernoso de Fevereiro, a chuva fustigou por demais a orla marítima. Madrugada dentro, coriscos e trovões abanavam as ténues casitas da Ribeira. Durante toda aquela santa noite, Alex não conseguiu pregar olho e enrolou-se, cheio de medo, por entre os míseros cobertores que cobriam ainda a nudez dos pais.
- Minha Nossa Sra. da Bonança – ouviu rezar a mãe – fazei-de abrandar a tempestade!...
O pai, acordado e sobressaltado pelo último relâmpago da borrasca, acendeu o velho candeeiro a petróleo, na cabeceira da cama, logo espalhando sombras fantasmagóricas pelo teto fora e exalando um cheiro familiar, anestesiando, de imediato, meia dúzia de pulgas, nos já rasgados lençóis. Foi-se dar uma olhadela pela janela do mirante e torceu o nariz, pois a tempestade estava brava, fustigando, de sudoeste, as vidraças, aqui e ali já meias alanhadas e tapadas a betume. Duas pingas teimosas tinham já furado o soco de madeira e escorriam soalho fora.
- Vou lá abaixo buscar um alguidar para aparar esta água – rosnou para a mulher.
- Vai, mas anda depressa que eu até tenho medo. Que farão esses desgraçados dos pescadores por esse mar adentro!? Ouve lá, a campanha do tio Tuta não saiu para as rascas?
- Não sei mulher, com este mar de Cristo quem é que se atreve a desafiar o Senhor? Vou descer para remediar isto. A propósito, não tens umas rodilhas para enxaguar a água?
- Estão ao pé do cântaro, ao lado da máquina de petróleo.
Para não ficar com a casa às escuras, por medo do rapaz, o pai tentou acender o toco de vela de estearina da Sagrada Família, que, com a humidade dos fósforos, teimava em não dar-se à luz, sendo preciso recurso ao isqueiro de pederneira. Desceu as escadas com o candeeiro, nas ceroulas de flanela, para o ofício entre mãos. Quando chegou ao pé da porta, ficou atónito com o que vira:
- Mulher – berrou – anda cá abaixo depressa que a casa está toda inundada! Traz-me aí as botas de água que isto mais parece um rio!
A cozinha tinha já uns bons 20 centímetros água acima, pela maré viva do rio, a que se juntara também o lodaçal da chuva. Duas ratazanas assustadas tentavam nadar para porto seguro pois os buracos apodrecidos do rodapé já não inspiravam grande confiança. A velha gata Tirone empoleirara-se na mesa de jantar, e de pelo eriçado, temendo talvez pela sua sétima e última vida, arremessara, borda fora, os garfos tridentes de ferro, acabadinhos de brilhar e esfregados a cinza de véspera, e as colheres de alumínio, do presigo do jantar.
Um cheiro a maresia empestou o corredor enquanto o penico do quarto boiava de um lado para o outro imitando o Titanic em naufrágio. Pelas frinchas da porta da frente, a corrente ameaçava invadir cada vez mais o resto da casa, não foram umas rodilhas e farrapo de cuecas velhas fazerem tampão, minimizando os estragos. A mãe, em camisa de noite, acorrera e perante o cenário, faltou-lhe a respiração e quase desmaiara.
Rua fora, ouviam-se pedidos lancinantes de socorro, enquanto rafeiros assustados pareciam periscópios, tentando emergir à tona da maré. Mais além, porcos, gatos, galinhas e coelhos de criação boiavam à deriva, já mortos.
Para os lados da capela de S. João, os juncos não resistiam à fúria das águas e vergastavam de tal forma as costas ao santo que o coitado bem que lhe apeteceu voltar de novo ao deserto, a comer gafanhotos e mel silvestre!
Entre portas, recitavam-se ladainhas a todos os santos e mais alguns; esgotadas estas, rezavam-se rosários completos à Senhora da Saúde e dos Navegantes, cheios de convicção e fé religiosa. Também o Senhor dos Aflitos não escapou a tanta invocação e poderia estar certo que não lhe haveriam de faltar mais velas na sua capelita, ali para os Bombeiros velhos, por tanta promessa feita nessa noite. Até os Romões invocaram a Bíblia, no Noé da família, para fazer descer as águas!
Qual quê?
Nas 7 casas dos pobres de S. Vicente de Paula, a situação era desoladora:
- Valha-nos o Senhor dos Aflitos, lá boiaram os tabuleiros das linhas da faneca e o espinhel do congro do meu hóme – gritava a Maranhona.
Ao lado, os Quintinos assistiam ao último milagre dos seus Santos Antónios de granito pois estes ainda resistiam ao dilúvio e, mesmo com água pelo pescoço, permaneciam de pé e inquebrantáveis na sua fé. Valera-lhes, talvez, terem pregado aos peixinhos!
Mais aflita, chorava a Mariquinhas:
- Ai, minha mãezinha, quem nos acode que a maré está-me a levar tudo de casa. Lá se foi o meu porquinho!
- Meu rico Sãojoanzinho, valei-nos nesta aflição – implorava a do Airinhos – afogaram-se as minhas ricas galinhinhas!...
Uns vaticinavam até que se estava no fim do mundo. Mais em surdina, alguém invocava as bruxas ainda vivas – as mortas quiseram lá saber! - E afiançava-se até que por ali passara procissão de defuntos!
Vade rectro!
A tempestade não parava.
Horas depois, lá chegaram os Bombeiros que pouco mais puderam fazer que acudir aos vizinhos mais necessitados e arredar o lodo e o lixo das ombreiras das portas. Tentaram, em vão, desobstruir os aquedutos entupidos mas a corrente dificultava-lhes a missão. A escuridão era total por falta da lâmpada fundida do único poste que, de tão inclinado, ameaçava também abater-se. Os faróis do carro de socorro varriam, noite fora, outros fantasmas nos xailes pretos do mulherio da vizinhança, que passou toda a santa noite desperta, tal o medo por algum desastre maior.
- Sta. Bárbara (…) R/ Ora pro nobis – prosseguia ainda a ladainha numa das casas, frente aos quadros dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria.
No dia seguinte, foi o contabilizar dos prejuízos, avolumando ainda mais a miséria desta gente.

Eu na blogosfera.

Um blog a serviço da cidadania e da justiça.
Clipping jurídico.
Algumas dicas extraídas de blogs e sites.
Notícias da filatelia.
Fotos de São Luís e do Tambor de Crioula.
"Navegar é preciso;
viver não é preciso".

Convite

Caso alguém queira enviar
textos ou fotografias para publicação,
segue o meu endereço eletrônico:
Não permita que as pessoas que fizeram a história recente
de Esposende e das suas freguesias
caiam no esquecimento.
Compre esta idea, já!
Envie a sua colaboração para o meu e-mail.
OS CRÉDITOS SERÃO DADOS AOS AUTORES
DOS TEXTOS E DAS FOTOGRAFIAS.
Esposende - terra duplamente plantada:
à beira-rio e à beira-mar.
"Esposende... um privilégio da natureza"