por Carlos Barros
Calcorreando
os corredores da “história”…
Terminado o Curso na Escola Normal do
Porto (Antigo Magistério Primário) o
nosso amigo Lima, recém formado, esperava pela colocação e, quem tivesse obtido
uma boa nota-Classificação/habilitação-, o trabalho estaria mais acessível,
provavelmente numa Escola nos “confins do mundo”, onde a “civilização estaria
adormecida” ou teimava em hibernar…
O Lima, já professor encartado/diplomado, foi
tomar o seu pingo ao café Nélia servido pelo simpático e sempre sorridente,
João “Tamanqueiro” ou pelo Benajamim “Come croas”. O verão estava na despedida
e, inopinadamente, à entrada deste
estabelecimento, apareceu a sua mãe Jandirinha com uma carta na mão, bem
apertadinha. Era o pronúncio de uma novidade- trabalho- , missiva há muito
tempo esperada…
Ainda se podia frequentar os
cafés com os amigos e não se augurava ,
na altura, o terrível surto
epidémico actual e o COVID 19 morava nos sonhos dos homens.
O Lima, muito expectante, abriu o envelope e
pensou logo que devia ser a sua colocação numa Escola, um primeiro passo para o
“mundo do trabalho”, como docente e não se enganou…
Dentro do sobrescrito,
estava um Alvará, já com o destino marcado: Escola de Asnela, freguesia de
Riodouro, Cabeceiras de Basto….O dia vinte e cinco de outubro de 1979 marca o
princípio de uma aventura em terras de Cabeceiras de Basto, numa das “aldeias”
da freguesia de Riodouro, umas das maiores do País, em termos de área …
Por força do destino, o professor Abreu,
grande amigo do Lima, também foi colocado nessa mesma Escola e ainda bem,
porque reencontrou-se uma dupla de amigos de infância, clientes assíduos de aventuras
da ribeira e do rio Cávado.
O senhor Pilar, um “velho e solidário” amigo
do Lima, com o seu largo chapéu, homem de espírito extremamente bondoso, deu
boleia no seu Austin, a esta “dupla”, e lá foram com destino a Asnela ,
percorrendo a estrada das “seiscentas curvas” da Póvoa de Lanhoso... Asnela, tinha
um acesso difícil, um caminho ou melhor, uma espécie de “estrada paleolítica”
esburacada, lamacenta e bastante estreita. Fez-me relembrar, as picadas e os
estradões da Guiné mas, sem capim e sem minas…
Após a
visita à Escola de Asnela os dois professores neófitos, ficaram instalados na vila
de Cabeceiras de Basto, na Pensão Vilela onde pernoitaram, um pouco desanimados
com as péssimas condições de alojamento e trabalho que presenciaram.
No dia
seguinte, o Lima foi ver a Escola
Primária e ficou absorto e estupefacto ao olhar para aquele “edifício” que
parecia arrasado por uma bom “napalm” com o telhado caído, traves podres, entrava água por todos os
lados, a porta tinha um ferrolho bloqueado e a fechadura estava enferrujada
até à medula… Os dossiers dos alunos
encontravam-se espalhados pelo chão e pelas carteiras repletas de caruncho e os
bancos chiavam como “ratos” enraivecidos…Para ter acesso à “escola, existiam dois degraus , “ornamentados” com
musgo, com garantia de queda…