Mostrando postagens com marcador antónio corrêa d'oliveira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador antónio corrêa d'oliveira. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

AUTO DO FIM DO DIA

António Corrêa D'Oliveira

Minha terra, quem me dera
Ser humilde lavrador.
Ter o pão de cada dia,
Ter a graça do Senhor:
Cavar-te, por minhas mãos,
Com caridade e amor.


Minha terra, quem me dera
Ser um Poeta afamado.
Ter a sina de Camões,
Andar nas naus embarcado:
Mostrar às outras nações
Portugal alevantado.


Minha terra, quem me dera
Poder ver-te d’um sertão;
Ter-te longe dos meus olhos,
Pertinho do coração:
Para amar-te mais, podendo,
Que me parece que não.


Minha terra, quem me dera
Ser um nauta assinalado;
Passar trabalhos no mar,
Ir à guerra, ser soldado:
Dar por ti todo o meu sangue
De Portuguez desgraçado.



D’OLIVEIRA, António Corrêa. Auto do Fim do Dia. Paris-Lisboa: Livraria Aillaud e Bertrand, 1900.
Acervo do editor.

domingo, 20 de dezembro de 2009

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A AUSÊNCIA, QUEM A INVENTOU?

A AUSÊNCIA, QUEM A INVENTOU?


A ausência, quem na inventou?
Que desamor foi preciso,
Quando, afinal, nem das lágrimas
Anda distante o sorriso?!


Quem separa o mar e a praia?
Ou o coração do peito?
Ou de outras almas as almas,
Sem a morte vir a jeito?



A ausência, quem na inventou?
Deus não foi. Na Trina Essência,
Entre o Pai, o Filho, o Espírito,
Jamais se fala em ausência.


António Corrêa D'Oliveira
Páscoa, 1948. Quinta de Belinho.
D’OLIVEIRA, António Corrêa. Redondilhas. Porto: Livraria Figueirinhas, 1948.
Acervo do editor.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

SAUDADE DA ESCURIDÃO

SAUDADE DA ESCURIDÃO

Se mal a encontrei, sorrindo
Aos tempos da mocidade,
Para quê falar da esp’rança,
Quando me sobra a saudade?!

Eu, da saudade sei tanto,
-De tanto a ouvir e ter visto, -
Como os quatro Evangelistas
Souberam de Jesus Cristo.

A Saudade andou nas aulas,
Ao tempo da Criação;
-Quem sabe se a luz não teve
Saudades da escuridão?

António Corrêa D'Oliveira

Páscoa, 1948. Quinta de Belinho.
D’OLIVEIRA, António Corrêa. Redondilhas. Porto: Livraria Figueirinhas, 1948. Acervo do editor.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

SAUDADES QUEM AS NÃO SENTE?

Quem me dera ser poeta:
Em redondilha cantar
A saudade, a qual, a “heróicos”,
Já Camões cantou o mar.

Não é saudade o oceano?
A esp’rança um barco veleiro?
-Quem de nós não foi, será
Seu piloto ou seu gajeiro?

Não é só minha, a saudade;
Nem minha a esp’rança, sòmente:
Esp’ranças, quem as não tem?
Saudades, quem as não sente?

Páscoa, 1948. Quinta de Belinho.



D’OLIVEIRA, António Corrêa. Redondilhas. Porto: Livraria Figueirinhas, 1948.
Acervo do editor.