domingo, 19 de julho de 2009

The Song of My Life



Alunos do Conservatório de Música de Águeda dão show no espetáculo "The Song of My Life". Sara Rei, filha do nosso amigo Lino, dividiu com outros professores a direcção musical e cénica do musical. Confira no vídeo momentos do inesquecível show apresentado no dia 26/06/2009.

Farol de Esposende

Destaques da edição de 10 de julho de 2009:
"O imposto europeu" - Alberto Bermudes;
"Tesouradas: Quem morreu?" - Neco;
"Lugares e memórias: Rua Manuel Rodrigues Viana" - Manuel Albino Penteado Neiva;
" 'Vivências locais' destaca patrimônio e cultura esposendense";
"Património religioso de Fão em livro";
"Esposende recebe prémio 'Cidade Excelência' ";
"Semana cultural de Forjães";
"Antas já tem um grupo folclórico";

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Contos extraordinários de Max

Já que o assunto dos últimos posts tem sido o glorioso Esposende Sport Club, Max, o nosso colaborador especial, enviou este magnífico conto para nos relembrar dos jogos de domingo à tarde no campo Padre Sá Pereira.

Leia alguns trechos selecionados para degustação:

(...)

"Entrada das equipas.- Es…po..sendê ! Es…po..sendê ! Es…po..sendÊEEE !

Admirar aquele jeito malabarista do Jaime ao fazer rodopiar o esférico no seu dedo indicador direito, era digno de figurar nos anais circenses do futebol. Mais estranho haveria de parecer, durante o jogo, certas trivelas de alguns dos nossos craques que à força de jogarem descalços na Ribeira ainda estranhavam o luxo das chuteiras!"

(...)

"Farol (g.r.), Monteiro, Zé da Vila, Passos, Russo, Pinto, Jaburu, Sotero, Losa, Jaime e Laguna, foram alguns dos craques e os heróis dessa tarde memorável pois inverteram um resultado negativo de 0-2 da primeira parte, num 3-2 final e que deixou a claque ribeirinha ao rubro. E que fantástica a exibição do Sotero e do Jaburu que fariam eclipsar o nosso galáctico CR9.
No final, a aclamação do “Pompa e Circunstância” do lado da bancada rivalizava com o “We are the Champions” do lado do peão e era delirante:
Es…po…sen…dê ….Es …po…sen…dê…Es…po…sen…dêêêêê!"

MAX

Leia o conto na íntegra no post Aquele jogo … por Max .

Aquele jogo … por Max

MAX

- Oh pai, levas-me ao futebol ? Solicitava, choramingando, o miúdo, naquele Domingo de “clássico” Esposende vs Monção.
Sem responder ao puto, o progenitor fazia contas de cabeça se os míseros trocados do que sobrava da faina da pesca da véspera, após a compra a fiado dos “Provisórios” no Centelhas, e se terem acabado os “Definitivos”, ainda dariam para o bilhete do seu Esposende S.C..
O mais das vezes, ou entrava à borliú ao intervalo, ou, se queria ver o jogo de início, lá se entretia a fintar a Guarda na peregrinação costumada entre o Repouso e as traseiras do hospital, tentando ”filmá-lo” através das “objectivas” arredondadas do muro de suporte, aqui e ali com as pedras já desensaibradas pela intempérie.
- Pai…levas-me ao Esposende? Insistia Alex, puxando-lhe as calças.
- Cala-te para aí, rapaz. Não tenho dinheiro….
O puto desatou numa choradeira incontida que foi preciso a bênção da mãe para pará-lo.
- Pronto. O teu pai leva-te. – Acalmou-o a esposa, enquanto piscava o olho ao marido a fim de resolver aquele problema bicudo.
- Está calado, rapaz, vamos lá ver se o Porfírio te deixa entrar …
O campo de futebol “Padre Sá Pereira”, aí pelos anos 60, era a terra batida e a saibro, alisado à força de cilindro de granito que sulcava regos deixados pela chuva de Inverno e que asfixiava ervas daninhas e resquícios de juncos das faixas laterais, nos pontapés de canto.
Tinha pouca protecção quer para jogadores e juízes de linha, quer para a assistência. Delimitado por umas quantas barreiras “arquitectónicas” encaibradas e desconjuntadas por suportes de madeira de pinho do pior, fazendo denotar ainda os respectivos nódulos, estes serviam de ameaça quando os resultados ou a claque adversária alteava em demasia a voz. Para os árbitros, poderia ser sinónimo de “justiça de Fafe” se as “provisões cautelares” ou conversações de bastidores não chegassem a bom termo para convencer os juízes no alinhamento do melhor resultado, quando em fim de época se perfilavam subidas ou descidas dos clubes interessados em tal desiderato promocional.
A única bancada do lado poente era escassa podendo albergar menos de uma centena de pessoas, no seu máximo, e já então reservada aos sócios, gente geralmente da finesse pois a maioria ia para a claque do Peão. A Norte, árvores-austrália alinhavam-se para conter a barreira do vento forte que quando soprava fazia desequilibrar a contenda num ou outro balázio mais puxado que dava em golo, levando bola e guarda-redes contrário baliza dentro - quantos golos fantásticos foram marcados à conta da nortada! Para Sul, o muro desalinhado a cal hidráulica tinha várias guritas-olheiros que serviam os borlistas, enganada a Guarda-Republicana que não podia acudir a tudo, e que fazia paredes-meias entre o campo e o hospital, de modo que ninguém morreria por falta de assistência, malgrado as caneladas à mistura e outros mimos de ocasião no adversário, com vista grossa do árbitro. A nascente, funcionava, indistintamente, “superior” e “peão” e era aí onde a “pólvora”, por vezes, se inflamava mais entre as claques mas que quase sempre nos era favorável.
Naquele Inverno, já haviam desaparecido as marcações, a cal virgem, das balizas; nestas últimas, mal se vislumbrava a sua correcta esquadria original pois os rigores da estação já lhes encurvariam ao de leve os postes e a trave rectangulares, sofrendo ainda estas do martírio dos “coices” dos guarda-redes que tentavam sacudir a lama das chuteiras, restando do seu original uma coisa mais ou menos híbrida por se assemelharem agora à dos postes de telefone!
Entrada das equipas.
- Es…po..sendê ! Es…po..sendê ! Es…po..sendÊEEE !
Admirar aquele jeito malabarista do Jaime ao fazer rodopiar o esférico no seu dedo indicador direito, era digno de figurar nos anais circenses do futebol. Mais estranho haveria de parecer, durante o jogo, certas trivelas de alguns dos nossos craques que à força de jogarem descalços na Ribeira ainda estranhavam o luxo das chuteiras!
De olhos esbugalhados, Alex, após esgueirar-se para dentro do campo entre as pernas de dois “Golias” de Góios e das Marinhas, saboreou o melhor dos manjares, se é que os olhos, de alguma forma, também comem, pois essa tarde ficara-lhe indelevelmente na retina.
Nesse Domingo, encheu-se o “Maracanã” da vila para receber uma das formações mais simpáticas do campeonato, o Desportivo de Monção, onde imperavam nomes sonantes para a época tais como Tatá, Viriato e Tareta, entre outros, vestindo camiseta grenat e calção azul. O Esposende S.C., com o seu equipamento alternativo: branco debruado a vermelho.
Jogo disputadíssimo do princípio ao fim e que mediou com o lançamento de vários pombos-correios que seria suposto arribarem até às paragens alto-minhotas, talvez com a mensagem do resultado ao intervalo e mais veloz de lá chegar por este meio, dada à escassez de telefones.
Farol (g.r.), Monteiro, Zé da Vila, Passos, Russo, Pinto, Jaburu, Sotero, Losa, Jaime e Laguna, foram alguns dos craques e os heróis dessa tarde memorável pois inverteram um resultado negativo de 0-2 da primeira parte, num 3-2 final e que deixou a claque ribeirinha ao rubro. E que fantástica a exibição do Sotero e do Jaburu que fariam eclipsar o nosso galáctico CR9.
No final, a aclamação do “Pompa e Circunstância” do lado da bancada rivalizava com o “We are the Champions” do lado do peão e era delirante:
Es…po…sen…dê ….Es …po…sen…dê…Es…po…sen…dêêêêê!
Enquanto o Manel Monção sustentava no ar o Jaburú quase lhe provocando o badagaio pelo apertanço inusitado daquelas manápulas, a tia Micas fazia caretas aos monçanenses e abanando e levantando as saias da frente fazia rir às gargalhada de contentamento o pessoal da pesada dos “lobos do mar”.
Lá em casa, ao jantar desse dia, a fome pareceu menos dolorosa de enfrentar e Alex até teve direito a chupar umas pernas de caranguejo extras para se comemorar feito tão heróico do nosso Esposende S.C.

P.S. Este artigo romanceado pretende ser um preito muito humilde de homenagem a estes e outros jogadores que vestiram com orgulho a camisola do E.S.C.