Leia trechos da entrevista de D. Jorge Ortiga à Agência ECCLESIA.
AE – Perdeu-se então um
historiador e ganhou-se um apaixonado pela vida sacerdotal?
JO - Não direi que se perdeu um
historiador. Hoje, continuo a ter o gosto pela história, mas não um
especialista das coisas históricas. O tempo não dava para tudo. No entanto,
espero que tenha dado para fazer alguma história junto de alguns sacerdotes. A
paixão pelo presbitério ganhei-a no Movimento dos Focolares.
(...)
AE – Não teve receio de ser
convertido para a ideologia de esquerda?
JO – Não. Já tinha encontrado um
suporte ou alicerce que é, essencialmente, uma vida de espiritualidade. Mas
sempre gostei de dialogar com todas as sensibilidades e correntes.
(...)
AE – Teve uma infância
privilegiada…
JO – Trabalhei sempre. Desde que
nasci… (risos). Os meus pais eram agricultores e recordo quando os meus colegas
no final da escola iam brincar, eu ia para o campo fazer aquilo que podia
conforme a idade de que tinha. Coisas simples, mas a maior parte do tempo
ocupado com essa ajuda à família.
(...)
AE – Então sabe o que custa
a vida?
JO – Sei o que custa a vida e sei
fazer as coisas. O trabalho da agricultura não me preocupa nada. Apesar das
coisas, na área agrícola e também noutras áreas, ser feito de modo diferente.
Por outro lado, o facto de ter vivido em comum com outros sacerdotes, também me
permite saber o que custa a vida de casa. Não tenho problema nenhum entrar numa
cozinha e saber mexer com todos os utensílios…
(...)
AE – A diocese tem sabido
aproveitar os ex-seminaristas e os padres que pediram a redução ao estado
laical?
JO – Procurei dar vida nova à
associação dos antigos alunos do seminário. No entanto reconheço que não temos
conseguido grandes resultados porque há uma relação mais concreta dos padres e
dos ex-seminaristas do próprio ano. Quase todos os anos, os colegas se
encontram naquilo a que chamam a reunião de curso. Este particular vence sobre
o coletivo. Em relação aos padres que pediram a redução ao estado laical vamos
acompanhando. Muitos deles estão em lugares de trabalho na diocese. Temos um
número muito significativo daqueles que deixaram, mas muitos deles estão ao
serviço da comunidade diocesana.
(...)
AE – Atualmente, é
presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana.
Neste momento crítico da sociedade portuguesa como tem sido a sua relação com
os políticos e sindicalistas?
JO - Temos dialogado com base na
verdade. Como a situação social é muito grave, tenho defendido, constantemente,
uma maior igualdade entre as pessoas. Ninguém pode desistir de construir uma
sociedade mais justa.
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=93904