O Município de Esposende pretende avançar com a criação de um espaço museológico dedicado ao Rei D. Sebastião. O anúncio foi feito pelo Presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira, nas cerimónias comemorativas do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, cujo programa incluiu o Hastear das Bandeiras, na Praça do Município, com a participação musical do Quarteto de Trombones da Banda de Música de Belinho, e a abertura da Exposição Bibliográfica e Iconográfica “500 anos sob a pena de Camões”, integrada nas comemorações municipais do V Centenário de Nascimento de Luís de Camões, na Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura.
Benjamim Pereira sublinhou a importância de assinalar o dia maior de Portugal, “um país cada vez mais inclusivo”, dedicado também ao poeta Luís Vaz de Camões, cuja obra “Os Lusíadas”, lembrou, se encontra refletida nos painéis ilustrativos de Jorge Colaço, patente nas Escolas Rodrigues Faria/Centro Cultural de Forjães. Importa, pois, vincou o autarca, exultar a coragem dos portugueses e tão grandiosos e nobres feitos atendendo à escala do país, cuja população, à época, não ia além de 1,5 milhões de pessoas.
Notando que a marca dos portugueses se encontra patente em diversos locais, em todo o mundo, Benjamim Pereira afirmou a honra e o orgulho de tão importante legado. Neste contexto, referiu que Esposende beneficia de “felizes coincidências”, desde logo o facto de a obra “Os Lusíadas” ter sido editada em 1572, precisamente o ano em que Esposende alcança a sua autonomia administrativa, por via da Carta Régia de D. Sebastião. Igualmente relevante, mais recentemente, o Achado de Belinho, resultado do naufrágio de uma embarcação quinhentista, justamente do reinado de D. Sebastião, que veio enriquecer Esposende e o seu acervo cultural.
Esta simbiose de factos justifica, para Benjamim Pereira, a criação de um espaço museológico dedicado ao jovem rei que decretou a criação do concelho de Esposende, que o possa elevar e dignificar, e honrar a história do Município. “Se há terra que tem dívida para com o rei D. Sebastião é Esposende”, afirmou o autarca, adiantando que o projeto poderá ser materializado no Forte de S. João Baptista, para onde está projetado o Centro de Divulgação Científica, focado em atividades marinhas, no âmbito do protocolo estabelecido com a Universidade do Minho.
“Não havia melhor dia para fazer este anúncio”, vincou o autarca agradecendo a todos quantos colaboraram para a exposição “500 anos sob a pena de Camões”, cuja apresentação e visita guiada, com o devido enquadramento histórico, esteve a cargo da responsável da Biblioteca Municipal, Maria Luísa Leite.
A mostra assenta em livros de finais do século XIX, XX e alguns novos, já editados este ano, no âmbito do V Centenário, como “Camões – Uma antologia”, de Frederico Lourenço, entre outros. Mas o especial destaque foram algumas edições d’ Os Lusíadas, como a de 1900, revista e prefaciada por Sousa Viterbo, ilustrada por Roque Gameiro e Manuel de Macedo e onde também se podem ver os retratos de Camões e Manuel Severim Faria (1590- 1649); a edição de 1980, comemorativa do IV centenário da morte do poeta, com ilustrações dos grandes pintores portugueses do início do século, como Columbano, Condeixa, Malhoa, João Vaz e Carlos Reis. Foi com base nestas pinturas, dos Lusíadas e da Lírica, ilustrada por Lima de Freitas, que foram elaborados os painéis, cerca de duas dezenas, que acompanham a mostra documental. Da exposição fazem parte também algumas obras da bibliografia passiva camoniana, desde autores como António Sergio, Vitor Aguiar e Silva, Bernardo Xavier Coutinho e o primeiro número da revista Oceanos, editada pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimento Portugueses. Presente também na exposição uma réplica de uma caravela quinhentista, construída por José Felgueiras, ilustre investigador da História Local, e que faz parte de uma exposição patente no Museu Marítimo de Esposende.
A marcar o Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, Esposende assinala também, por esta via, V Centenário de Nascimento de Luís de Camões, numa estratégia que visa o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, nomeadamente no que se refere ao seu património histórico e cultural
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