O José Pinto de
Jesus Nibra, o nosso Zé Nibra- merece
uma menção honrosa neste sexto
aniversário do seu falecimento.
O
Zé Nibra era um abnegado e sábio
pescador, incansável no rio, mar
e terra, tendo a família como centro do seu universo, um marido exemplar,
pai dedicado e um avô orgulhoso dos seus netinhos.
Nas
artes de pesca era “professor distinto” e o seu barco “actividade” fez furor na
pesca de robalos. Na sua motora “Marco Filipe” tive o prazer, pela primeira vez,
de conhecer o mar e recolheu-me ao seu lado, na casa do leme.
Nessa viagem
marítima, aos confins do desconhecido, dizia-me:
-“Menino , olha sempre p´ra
terra para não enjoares”! Nessa viagem “Além –Mar” resisti e o Zé “Pancas” que me acompanhou, “largou as tripas” porque feriu esta regra…
Com
arte e desmedida sabedoria confecionou o
massame e velame da catraia “Santa Maria dos Anjos”.
O
meu pai foi caçador e o Zé Nibra era seu
colaborador na passagem de barco para as “croas” e “terrões” na caça aos patos e maçaricos.
Em casa da minha ”avó do pão” o Zé sempre teve o seu quinhão e o meu pai
mandava-o para o quintal para apanhar fruta para a família. Para mim, tinha
sempre um sorriso, um aceno de simpatia, um sentido de humor distinto e na sua
motora, quando ancorado no cais, ele dava-me um espacinho para me deleitar de
barriga para cima, apanhando sol, balançando ao sabor das ondas do rio. Era um
prazer indescritível, viver este “baloiçar” quando terminava as minhas aulas no
Externato Infante Sagres e me aventurava na ribeira, “ornamentada”, com as
belas e coloridas motoras, ancoradas no paredão, recuperando “forças” para a
próxima maré.
Era
um sono curto, deliciante e que só
acordava quando a bola corria na
ribeira…
Para
o meu amigo Zé Nibra e sua família que muito estimo, aqui deixo este singelo testemunho
que nada representa em relação à dimensão humana, social e cultural que ele sempre
representou para a classe piscatória de Esposende e para todos nós, esposendenses.
CARLOS BARROS
CARLOS BARROS
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