FALECEU MAIS UMA GLÓRIA DO ESPOSENDE SPORT CLUB
O meu pensamento foi, Esposende perdeu um
grande ser humano, um grande desportista e um exemplar chefe de Família.
Artur Alves Miquelino foi pescador de profissão, mais
tarde e durante décadas foi Patrão do Salva Vidas de Esposende.
Conhecedor profundo da nossa barra, baixios, assoreamentos
e correntes, onde muitas vezes aplicou a sua sabedoria, socorrendo náufragos nesse
mar tenebroso que tantas vidas tem ceifado.
Falar com o A. Miquelino era algo motivador, porque
as suas palavras eram meigas, e a propósito, assim como a sua boa disposição
contagiava as pessoas, o seu sentido de humor era uma constante.
A. Miquelino também se notabilizou como
desportista, no Futebol e Remo.
Em pé(da esquerda para a direita): Catora, Saganito(pai), Fernando Cardoso, Sousa, Miquelino, João Café(Porto Alegre/BR) e Jaime.
No Futebol fez parte de uma geração de Elite do
Glorioso Esposende Sport Clube, foto nos anos 40/50.
Nessas épocas o E.S.C. disputou muitas vezes o
Nacional de 3ª Divisão e as equipas como Gil Vicente, Régua, Mirandela, Chaves,
Vianense, Famalicão, Cabeceirense, etc.,etc., era o único clube que existia no
concelho, por conseguinte a euforia era generalizada.
Tornou-se uma constante, sempre que o E.S.C. ganhava fora,
a equipa era recebida com banda de música na Senhora da Saúde, vindo depois em
cortejo até a sede no Largo dos Peixinhos, o qual terminava sempre em apoteose.
Como eu recordo, com os meus 6/7 anos, andar a
cantarolar “Ó Miquelino defende a bola, não tenhas medo de sujar a camisola...”,
assim como, “no Domingo à tardinha entra em campo a nossa linha com a bola a
saltitar, diz o povo cá de fora sr. Árbitro está na hora...”, que
nostalgia!
No Remo, foi onde o Artur mais se notabilizou,
fazendo parte de uma equipa verdadeiramente fantástica (foto), anos 40/50, grandes
proezas cometeu esta equipa.
Da esquerda para a direita:
Artur Miquelino, sota proa, Zé
da Lucas, proa, Barbosinha, timoneiro, A.Portela, sota voga, e M.Piedade, voga,
era treinador o comandante Firmino Loureiro.
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Em 1948, voltaram a ser Campeões Nacionais,
espalhando pelo País a arte de bem remar, Caminha, V.Castelo, Porto, Aveiro, Figueira
da Foz, Lisboa, V.R.S. António, etc...
Esposende, como prova de gratidão, acompanhava
estes homens em camionetas, dando-lhes incentivo e carinho.
De salientar que toda esta equipa era oriunda da
classe piscatória.
Esposende deve muito a esta gente, simples e
humilde, que escreveu muitas linhas de ouro na História do Desporto em
Esposende.
Tivemos Campeões em Futebol e Vela, mas atingir o
patamar e projecção como esta equipa, prata da casa, não tenho memória.
Lentamente, ano após ano, a nossa História vai
ficando mais pobre, nunca, que eu me recorde, lhes foi prestada uma Homenagem
condizente e visível, com o seu verdadeiro valor, pois estes homens
prestigiaram e enalteceram, e muito, o nome da nossa terra.
Esta é parte de uma História de um verdadeiro
Campeão que nos acaba de deixar....
Esposende perde um grande desportista, a classe
piscatória perde uma referência.
Hoje o nevoeiro da nossa terra deixa lágrimas
varridas pela nortada, lembrando-nos o exemplo e a saudade de um
verdadeiro e genuíno HOMEM do nosso rio e do nosso mar, que sentia no seu
coração o palpitar constante das ondas do oceano.
Esta simples e humilde homenagem não retrata a
forma de vida de uma pessoa simples e modesta do nosso povo, sem pretensões na
vida, mas que Esposende se habitou a respeitar e admirar.
Até um dia destes Comandante, com as águas mais
calmas e serenas, sem as maresias do costume...
À numerosa Família enlutada e especialmente aos
seus Filhos, os meus sentidos pêsames.
A. Pinto