quarta-feira, 8 de julho de 2015

Esposende desportivamente ficou mais pobre, mais uma velha Glória que desaparece


FALECEU MAIS UMA GLÓRIA DO ESPOSENDE SPORT CLUB
O  meu pensamento foi, Esposende perdeu um grande ser humano, um grande desportista e um exemplar chefe de Família.
Artur Alves Miquelino foi pescador de profissão, mais tarde e durante décadas foi Patrão do Salva Vidas de Esposende.
Conhecedor profundo da nossa barra, baixios, assoreamentos e correntes, onde muitas vezes aplicou a sua sabedoria, socorrendo náufragos nesse mar tenebroso que tantas vidas tem ceifado.
Falar com o A. Miquelino era algo motivador, porque as suas palavras eram meigas, e a propósito, assim como a sua boa disposição contagiava as pessoas, o seu sentido de humor era uma constante.
A. Miquelino também se notabilizou como desportista, no Futebol e Remo.
Em pé(da esquerda para a direita): Catora, Saganito(pai), Fernando Cardoso, Sousa, Miquelino, João Café(Porto Alegre/BR) e Jaime.
Agachados(da esquerda para a direita): Américo Magalhães(irmão do Tininho Magalhães), Cãla, Laguna, Souto e João Reis.


No Futebol fez parte de uma geração de Elite do Glorioso Esposende Sport Clube, foto nos anos 40/50.
Nessas épocas o E.S.C. disputou muitas vezes o Nacional de 3ª Divisão e as equipas como Gil Vicente, Régua, Mirandela, Chaves, Vianense, Famalicão, Cabeceirense, etc.,etc., era o único clube que existia no concelho, por conseguinte a euforia era generalizada.
Tornou-se uma constante, sempre que o E.S.C. ganhava fora, a equipa era recebida com banda de música na Senhora da Saúde, vindo depois em cortejo até a sede no Largo dos Peixinhos, o qual terminava sempre em apoteose.
Como eu recordo, com os meus 6/7 anos, andar a cantarolar “Ó Miquelino defende a bola, não tenhas medo de sujar a camisola...”, assim como, “no Domingo à tardinha entra em campo a nossa linha com a bola a saltitar, diz o povo cá de fora sr. Árbitro está na hora...”,  que nostalgia!
No Remo, foi onde o Artur mais se notabilizou, fazendo parte de uma equipa verdadeiramente fantástica (foto), anos 40/50, grandes proezas cometeu esta equipa.
Da esquerda para a direita:
Artur Miquelino, sota proa, Zé da Lucas, proa, Barbosinha, timoneiro, A.Portela, sota voga, e M.Piedade, voga, 
era treinador o comandante Firmino Loureiro.
No dia 6 de Agosto de 1947 em Viana do Castelo bateram o Campeão Ibérico, Galitos de Aveiro, e ganhando todas as provas disputadas nesse dia.
Em 1948, voltaram a ser Campeões Nacionais, espalhando pelo País a arte de bem remar, Caminha, V.Castelo, Porto, Aveiro, Figueira da Foz, Lisboa, V.R.S. António, etc...
Esposende, como prova de gratidão, acompanhava estes homens em camionetas, dando-lhes incentivo e carinho.
De salientar que toda esta equipa era oriunda da classe piscatória.
Esposende deve muito a esta gente, simples e humilde, que escreveu muitas linhas de ouro na História do Desporto em Esposende.
Tivemos Campeões em Futebol e Vela, mas atingir o patamar e projecção como esta equipa, prata da casa, não tenho memória.
Lentamente, ano após ano, a nossa História vai ficando mais pobre, nunca, que eu me recorde, lhes foi prestada uma Homenagem condizente e visível, com o seu verdadeiro valor, pois estes homens prestigiaram e enalteceram, e muito, o nome da nossa terra.
Esta é parte de uma História de um verdadeiro Campeão que nos acaba de deixar....
Esposende perde um grande desportista, a classe piscatória perde uma referência.
Hoje o nevoeiro da nossa terra deixa lágrimas varridas pela nortada, lembrando-nos o  exemplo e a saudade de um verdadeiro e genuíno HOMEM do nosso rio e do nosso mar, que sentia no seu coração o palpitar constante das ondas do oceano.
Esta simples e humilde homenagem não retrata a forma de vida de uma pessoa simples e modesta do nosso povo, sem pretensões na vida, mas que Esposende se habitou a respeitar e admirar.
Até um dia destes Comandante, com as águas mais calmas e serenas, sem as maresias do costume...
À numerosa Família enlutada e especialmente aos seus Filhos, os meus sentidos pêsames.
A. Pinto