sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

CANTINHO DOS LOBOS DO MAR - por Carlos Barros

Os porcos rabichos
  Estávamos numa sexta-feira, numa manhã cinzenta, nos inícios dos anos sessenta, com o nevoeiro a embaciar a bela paisagem do nosso Cávado, onde os barcos e as motoras desapareciam misteriosamente, dos nossos horizontes visuais, tal era o denso nevoeiro que se fazia sentir.
 As gaivotas pairavam no ar, pronunciando bom repasto esperando pelas tripas-entranhas- lavadas pelas mulheres do matadouro, junto aos “terrões” do rio..

  O portão do matadouro foi aberto pelo, funcionário camarário, Zé da Vila, muito cedinho e apenas o Valdemar estava encostado ao muro, com uma corpulenta vaca que olhava impavidamente para aquele sinistro local, mal ela sabia o destino que iria ter… O senhor Miranda- “Pastor”-, na companhia do Zé Fidó, estava a chegar com uma toura e um boi muito cornudo com uma longa barbela.
  Pelas oito horas da manhã, começou a entrar o gado para o abate e uma carrinha Bedford de caixa aberta, transportava alguns porcos mal cheirosos e muito ruidosos, grunhindo, quase que adivinhando o seu fim…. O Calisto de Curvos estava a chegar com a sua bicicleta, fazendo grande “chiadeira”, com um cesto atrás, para transporte das encomendas e alguma carne.