segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Livros usados da colecionadora Cristina Braga em destaque na Feira de Velharias de janeiro



Cristina Braga é a colecionadora que vai estar em destaque na Feira de Velharias de Esposende, no próximo mês de janeiro. Com acesso livre, o certame decorrerá no dia 5 de janeiro de 2014, entre as 10h00 e as 19h00, no Largo Rodrigues Sampaio.

Esta será a segunda vez que esta colecionadora natural de Braga terá em destaque os seus artigos, concretamente livros usados. Do seu vasto espólio, composto por largos milhares de volumes, constam diversas monografias e muitos livros de Esposende, que, já esgotados, só se encontram em segunda mão.

CANTINHO DOS LOBOS DO MAR - “Por rios, nunca dantes navegados…”

CANTINHO DOS LOBOS DO MAR - “Por rios, nunca dantes navegados…”

Por Carlos Barros

   Estávamos  em plena época natalícia e era tempo das férias de Natal, momento para as grandes aventuras, com a mente destas crianças da ribeira, viradas para o Pai Natal,  presépio e para as saborosas mas, modestas , prendas no sapatinho.
  Nos anos sessenta e setenta, a “rapaziada”  da  vila de Esposende,  tinha os seus territórios definidos e eram  acérrimos defensores dos mesmos: o Norte e o Sul.  A Central, a Lagoa e o Jardim,  eram “domínios” com pouca presença “militar” e em  momentos “quentes”,  distribuíam-se  pelo Norte ou pelo Sul.
    No território sulista,  imperava o secretismo porque os “altos comandos”, “O Speedy”, Fernando “O Poupinha”, Chico Viana, Chico “Manata”, Mário Trabuqueta e o Gonçalo estavam em reunião, num barraco- Escola Naútica de Esposende- pertencente ao Quim serralheiro.  O “itinerante” e respeitado Quim Tripas, com a sua armadura em cartão duro e uma espada em madeira, de cor prateada, mantinham a segurança ao acampamento. As hostes sulistas receavam  incursões dos nortistas mais belicistas, já que o “renegado” nortista Fernando Quintino, habitante da “fortaleza de S. Vicente de Paulo”,  tinha sido visto a vigiar o acampamento, pelas “bandas” da casa do Fernandinho e da “Minórica”.
   Com “mapas  marítimos”-portulanos, feitos com papel grosso de embrulhar o bacalhau, e rascunhos, elaborados magistralmente pelo cerebral “Speedy”, traçavam-se planos de atuação para a grande
“Expansão Marítima” ao rio Cávado, tentando descobrir-se novas ilhas (torrões no meio do rio) e expulsar as gaivotas e maçaricos que tanto incómodo causavam  a estes ousados exploradores e navegadores.
   Era necessário uma  “Nau” e o  Chico  Viana, levantou a voz dizendo que tinha uma em casa, o que criou “suspense” em todos os navegadores presentes. Em grande correria, o Chico foi a casa, aproveitando a ausência da mãe, que tinha ido à ribeira estender roupa para corar, e na sua sala estava um grande baú que guardava a roupa da família.
Sem hesitar, o Chico  arrancou, com um martelo enferrujado, as dobradiças do tampo do malão, os pregos voaram contra o estuque da parede,  e  a improvisada “Nau” foi trazida às costas, para junto dos seus amigos que estavam ansiosamente à espera da prometida embarcação, a “Nau Chiconeta”-Catrineta-.
   Quando os “navegadores guerreiros” viram a  barcaça,  foi o delírio !
  Quem vai ser o Capitão do Barco, questionou o Mário Trabuqueta, também conhecido por “Faísca”?
   O   Gonçalo , gritou :
- Tem de ser o Quim Tripas que é o mais velho e corajoso e nada como um peixe !
   Meus amigos, é preciso muita corda para prendermos a “Nau”, apelou o  “Speedy” aos seus subordinados,  que estavam a comer umas uvas “surripiadas “ do campo do Emilinho, na noite anterior.
   Passada meia hora, a rapaziada tinha trazido vários metros de corda necessária para o empreendimento marítimo.