terça-feira, 28 de julho de 2009

O pintor Fernando do Rosário retratou o Mons. Abílio Cardoso

Veja abaixo algumas fotos do Monsenhor Abílio Fernando Alves Cardoso com o pintor Fernando do Rosário.
Retrato a óleo do Monsenhor Abílio Fernando Alves Cardoso.
O pintor Fernando do Rosário e o Mons. Abílio Cardoso.
Apresentação do retrato a óleo à comunidade.
O pintor Fernando do Rosário tem consolidada a sua fama como retratista de renome nacional.
NOTA: O pintor tem o seu atelier na Rua Engenheiro José Custódio Vilas Boas - 4740-274 – Esposende; Telemóvel: 965083578.

Saudades de morrer - Max

MAX
O carioca tinha chegado para mais umas férias. A última vez que o fizera fora há alguns anos e agora estava estupefacto com a evolução da nova cidade.
- Oi, cara, isto aqui não era o matadouro antigo?
- Sim, agora é o que vê, cheio de prédios – Assentiu Alex.
- Minha Nossa, como isto evoluiu!... Eh, e aquela ali não era a Casa do Povo?
- Pois, agora virou minimercado!
- Um ringue! Eh, donde veio aquela negada que está a jogar a bola?
- Alguns deles são filhos dos antigos retornados das ex-colónias, outros aproveitaram a boleia, após a guerra do Ultramar.
- Puxa, cara, quem viu os moleques do meu tempo e a sua pobreza num esquece não. Você conheceu os lavadouros antigos onde se ia lavar a roupa?
- Ah, isso fica lá p’ró Norte. Havia aquele lá p’rós lados do Chora e o das traseiras da Igreja.
- Minino, você recorda aquele aqueduto fedorento que corria a céu aberto até ao rio?
- Eu não sou desse tempo?
- Ah, não, você alguma vez furou o túnel do aqueduto de ponta a ponta?
- Mas claro … até se ia aos irões por cima dele com pesqueiras de tripa de raia e sardinha!
- Sabia que a minha geração andava nele de noite para afugentar as bruxas?
- Como então?
- Não contei, não?
Naquela escuridão trimenda, a gente assustava a vizinhança, indo com vela de estearina e lampião pelo seu interior e cantando o Miserere da Semana Santa, da Banda do Burro de Bilinho, pondo as beatas da rua todas assustadas. No dia seguinte, a ti “Caveira” apregoava em toda a rua que tinha ouvido e assistido à procissão dos defuntos passando entre a ponte!... Ah! Ah! Ah!...
- Eram sacanas, os mais velhos!
- E você só sabe meia missa!
- Eu recordo mais é o sítio da Ribeira e das nossas partidas da bola e outras brincadeiras. Acho que a minha geração viveu realmente a sua meninice e as suas fantasias de criança no meio do ar puro. Agora nem espaço há pois está tudo tomado pelo cimento!
(…)
- Puxa! Que nortada que leva tudo pelos ares! Já esquecia desta sensação di vergastada no rosto dos tempos di criança. A propósito, se lembra das joeiras que a gente fazia com o fio de algodão comprado no Sá velho?
- Ainda foi ontem. Faziam-se à mão com canas de foguete e papel de jornal e com rabos de guita que entrelaçavam pedaços de farrapo velho; as mais vistosas levavam papel verde das clarinhas da Nélia com os sargaceiros estampados quase made in Apúlia ou, em alternativa, outros mais coloridos surripiados aos embrulhos dos livros da livraria do Vieira velho! E quando elas se enrodilhavam nos fios eléctricos e dos telefones!?
- Lembra não, que saudades desses tempos de moleque. Agora já nem há lavandiscas nem charréus, como no nosso tempo. Viu algum? Quantas vezes as nossas afungas e ratoeiras matavam a fome lá em casa. A carestia era tal que até os desgraçados dos ciganos desenterravam porcos e galinhas, mortos por doença, para amenizar a larica. Lembra?
- É verdade. Os campos foram-se e o cimento tomou conta disto. Agora são contados os esposendenses autóctones pois o mais é gente que arribou de fora, para não falar dos imigrantes ucranianos, romenos e até dos chineses que nos invadiram de todo o lado!
- Nossa, esses olhos em bico também estão cá?
- É a globalização!...
(…)
- Mi diz, quem é o arcipreste daqui?
- Não conhece. É novo.
- Que saudades do Infante “Suavíssimo”, pelo Natal, e da marotada do Sábado Santo quando o Aleluia da Ressurreição ressoava na matriz!
- Quem não lembra?
- Minha Nossa, aquilo era o frenesim e antes mesmo que o Piriri tocasse os sinos da meia-noite, os diabretes antecipavam-se, corda em riste ou dependurados nos crepes negros e forçavam o Cristo a ressuscitar dos mortos … antes do tempo!
- Lá no Brasil é igual?
- Oi, cara, a gente lá não liga mesmo a essas coisas. Até parece que a religião acabô. Missa é coisa doutra geração. Agora o que está dá é padre-cantô para captar a juventude, até faz concerto público em estádio e coisa assim. Vende disco que é di pasmá. Lá, é mais seitas que outra coisa. Você sabe que só na minha rua há quatro seitas protestanti’s e o safado do bispo di cada uma passa no apartamento, mensalmente, a exigi o décimo do ordená? Dou nada. Dinheiro custa muito do nosso sangue, não é p’ra sustentá mandriões. E di todo eu sou da religião da minha mãe, não vou virá casaca, não!
- É mesmo! Cristo deveria vir cá abaixo, com uma zurrapa, e expulsar estes vendilhões do templo.
- Fala, não. Se o céu se comprasse, filha da ---- di rico já tinha apartamento no outro lado, né !?
- Vamos, depois damos outra volta.
- Tá.
De regresso e cumprimentando supostos conhecidos:
- Oi, siôra, como passa? Você não é mesmo … parentchi da ti Ana, como era (?), da ti Ana Branca?
- Desculpe. Não sou de cá!...
- Peço perdão. Mi desculpe, sim, madame.
Pela beira-rio, a nortada continuava a fustigar as folhas das árvores raquíticas da marginal e engravidava ceroulas, cuecas e combinações de mulher, estendidas, a secar nos arames, junto ao cais do sul.
Enterrados no lodo, putos andavam à isca para a venderem aos banhistas. No correr da marginal, o marketing de papelão propalava: Bende-se bixa.
Um pequeno comício de pescadores – abrigados da nortada e emparedados no mercado novo, por terem desaparecido já os encostos da velha tasca do Centelhas, a norte, e a casa do ti Libânio, lá ao sul – discutiam ainda estratégias para a entrada e saída da barra, enquanto carpiam as suas motoras que foram todas desaparecendo e, com elas, o seu ganha-pão.
- Lembra as rifas das panelinhas da Ribeira e os circos que por cá passavam? – Continuou no desfile das lembranças o brasuca.
- E até grandes encenações teatrais representadas e outras que o no antigo Theatro Club, virado agora nuseu! – anuiu Alex.
- Saudades, cara, saudades da vida de minino e do meu torrão natal!
(…)
A maré vaza do Cávado albergava batalhões de gaivotas e maçaricos que se perfilavam como que à voz de um comando.
Quase ao anoitecer, travavam-se outras guerras entre andorinhas e abelhões.
Já perto de casa:
- Até mais ver, moço, e obrigado – rematou.
- Sempre ao dispor.
- Amanhã eu dou carona em você, vamos visitar uns caras amigos, a Viana, pois levo encomenda de familiá.
- Pois sim – despediu-se Alex.
Àquela hora, o sino da matriz batia as badaladas da Trindade.

Soneto do Poeta de Belinho

Clique na imagem para ampliá-la e leia uma obra prima do poeta da fé.
António Correia d'Oliveira é o poeta maior da saudade e da alma genuinamente portuguesa.
O poeta tem Deus dentro da sua alma e anima o povo a erguer-se e a confiar na Fé que dá rumo à vida.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A foz e o cais vilhano

Antigo postal de Esposende com vista do bar da praia para a foz do Cávado e para o "cais vilhano".
Colaboração: José Costa. Muito obrigado por compartilhá-lo.