Município de Esposende celebra
Ano Europeu do Património Cultural
Comemorações
arrancaram em Gemeses
Com o intuito de assinalar o Ano Europeu do
Património Cultural (AEPC), que se comemora em 2018 por iniciativa da Comissão
Europeia, o Município de Esposende vai promover um conjunto de iniciativas
destacando a importância da Cultura e do Património como motor de
desenvolvimento social e económico e o seu caráter transversal na sociedade.
O Município pretende dar a conhecer, ainda melhor,
a diversidade e a riqueza dos valores locais, através da proteção, valorização e
promoção do Património Cultural, desenvolvendo, para o efeito, conferências,
exposições, espetáculos, seminários, visitas guiadas, entre outras iniciativas.
Um dos projetos inseridos no âmbito destas
comemorações é “À descoberta de…” que, entre outros objetivos, pretende
apresentar e valorizar o inventário do património cultural das freguesias do
concelho de Esposende. A primeira sessão decorreu no passado dia 4 de março, em
Gemeses, no Salão Paroquial, com uma conferência de Ivone Magalhães, do Museu
Municipal de Esposende, intitulada “S. Miguel, o Padroeiro - Identidade
Histórica e Património Cultural de Gemeses” e registou casa cheia.
A Vereadora da Cultura da Câmara Municipal,
Angélica Cruz, frisou a importância deste projeto cultural e do programa de
iniciativas associadas à evocação do Ano Europeu do Património Cultural no
concelho de Esposende, vincando a importância do seu arranque em Gemeses, terra
de passagem do rio Cávado e de união entre margens e onde o Caminho de Santiago
é ainda o mais reconhecido património local. Considerou que este tipo de
iniciativas constitui uma oportunidade de apresentar outros patrimónios locais
igualmente valiosos e de sensibilizar a comunidade para a responsabilidade
coletiva da sua preservação.
Angélica Cruz referiu que as próximas iniciativas
deste projeto decorrerão em Apúlia e em Rio Tinto. Realçou, ainda, a realização
do “IV Trail de Esposende – edição Galaica”, no dia 25 de março, que destaca a
história que marca profundamente toda esta região. Desta programação constam
duas provas, com partida do Castro de S. Lourenço, em Vila Chã, e término no
centro da cidade de Esposende. Ao longo do percurso, os participantes poderão
apreciar as belezas naturais das paisagens, presenciando alguns momentos da
vida de um dos povoados galaicos mais importantes da região com cerca de 2 000
anos.
Ivone Magalhães interpretou o lugar do ponto de
vista da iconografia religiosa, mas também da história local. Explicou a origem
da freguesia referindo a importância da Estrada velha ou “Via veteris”, que,
vinda desde época romana como caminho entre o mar e as terras do interior,
organiza a fundação da freguesia que, desde a época medieval, cresce ao longo
desta estrada a partir do cais de passagem. Esta estrada vinha desde o Mosteiro
de Leça do Bailio, antiga comenda dos Hospitalários ao tempo da fundação do
Reino de Portugal, e seguia até ao castelão do Castelo do Neiva, a que este
território pertenceu, remontando à Reconquista Cristã e às suas presúrias, que
justificam narrativas populares como a lenda de D. Sapo, um nobre senhor das
terras do Neiva, de má fama e sorte, que, reza a história, está enterrado pela
Quinta da Torre, em Gemeses, enquanto a sua lápide descansa em lugar sagrado à
porta da Igreja de Palmeira de Faro. Esta e muitas outras histórias serviram de
mote para se partir à descoberta de outros patrimónios.