Uma reflexão desportiva:
Estávamos num domingo, dia 11 de Abril de 1999, 16 horas, numa tarde de sol, num relvado irregular, com uma lotação esgotada, precisamente no Estádio Padre Sá Pereira. Foi o histórico ADE -BOAVISTA, para a Taça de Portugal.
Uma vitória por 1-0 frente ao poderoso BOAVISTA de William, Litos, Rui Bento,Timofte, Jorge Couto,Ayew, Luís Manuel e outros jogadores bosvisteiros.
Aos 23 minutos, um centro de Lila, na esquerda, cruzou para a entrada da área e Nuno Sousa (ainda joga e continua grande goleador) saltou melhor que Jorge Silva, cabeceou em arco, batendo inapelavelmente William, perante o delírio da massa associativa de ESPOSENDE.
Escreveu-se assim, uma das páginas mais gloriosas da ADE, que eliminou o Boavista de Jaime Pacheco.
Os nossos heróis: Vital; Alfredo Bóia, Pedro Maciel, Rogério,Lila,Paulo Cepa,Rui Peneda, Jó, Rossi, Nuno Sousa e Bambo (Sidónio e Serrinha também alinharam, substituindo outros colegas); O treinador era o ex-benfiquista José Luís, o grande "construtor" desta vitória.
O Presidente da ADE (o meu amigo de sempre, tanto no futebol, como fora dele) era o Miguel Silva,meu antigo companheiro do futebol da Ribeira, Pinhal Careca, Campo do Emilinho e Campo do Pinto. O Miguel foi um dos mais optimistas : - "Acreditei sempre que era possível passar esta eliminatória" dizia ele antes do jogo. Realmente esse optimismo concretizou-se.
A ADE uma Associação Desportiva que deveria ser mais apoiada pela Autarquia (que apesar de tudo, tem apoiado, nestes últimos anos) e pelos esposendenses, o que não tem acontecido. A cidade vive de "costas voltadas "para a nossa ADE, exceptuando, meia centena de sócios, sempre presentes a apoiar a equipa. O José Pereira dos Passos, "Zé Tolo" era um esposendense de gema e sempre falava no "nossa ADÉ".
Um "fenómeno desportivo" presencio: a ausência esmagadora dos ex- atletas do ESC e da ADE no campo de futebol. A Sociologia que estude este fenómeno deveras insólito e pouco explicável.
Um abraço à ADE e a todos a que a apoiam.
A formação da ADE é um exemplo paradigmático para muitos clubes de futebol e o excelente trabalho nas camadas jovens, tem produzido os seus "frutos".
Parabéns aos seus dirigentes e pais dos "atletinhas" da ADE, à Autarquia de Esposende.
Carlos Barros
Fernando:
ResponderExcluirNos "confins da noite" estou a escrever-te umas letrinhas para tentar conquistar o sono.
Recordar um pouco mais e sempre, parte da nossa infância:
A nossa infância foi, de uma maneira geral, um pouco "violenta" onde a agressividade infantil atingia patamares inconcebíveis, á luz da nossa actual cultura.
E porque razão eramos assim?
Viviamos numa sociedade violenta, sem liberdade e extremamente carenciada, em termos económicos, sociais e culturais.
A sociedade portuguesa viveu a Guerra Colonial /a partir de 1961...) e nós crianças do que nos alimentavamos", culturalmente falando?
Viamos os filmes do "Bonanza", "Sir Landelotte", "Robim dos Bosques", "Lassi", "Ivanghoe" em televisões "emprestadas " em espreitadelas demoradas na Casa Losa, Licínio ou Casa do Povo, nas tardes de domingo. Ver a televisão, nessa altura, era luxo...
O que líamos ?
Livros de "Cow Boys" de K. Kidd, Búfalo Bill , Kit Carson, Ciclone e Condor, entre outros (Mandrake,...)
Tudo era violência e nós crianças, reproduzíamos essa vilolência ,subrepticiamente interiorizada, e daí, a justificação do nosso comportamento violento, mas atenção, era uma "violência amiga" pois no final das históricas guerras NORTE-SUL na ribeira, com pedras, arcos de varetas de guardas-chuvas, fisgas iamos jogar futebol e as tréguas apareciam como "geração espontânea"!
Tenho em minha posse dois originais do CICLONE - Buck Jones , em "O cofre roubado" e o CONDOR Nosy Parker em "O rapto de K´Niks"-
Estas revistas saiam aos sábados (CONDOR) e terças-feiras (CICLONE).
Estas revistas, nas épocas de 50/60 custavam 1.20 escudos no Continente e 1.50 no Ultramar.
O Condor era mais barato custando 1.00 escudos.
Nós crianças, quando tinhamos dinheiro, o que era raro, só nos fins de semana, compravamos estas revistas na Primorosa que estavam expostas na montra e eram emprestadas uns aos outros para serem lidas. Morriam velhinhas...
Foi uma recordação de uma "estória" da meninice"...
Carlos Barros