quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O Coro de Pequenos Cantores de Esposende lança o seu primeiro disco, "Mudam-se os tempos"




Informamos que no próximo dia 21 pelas 21h30 no Auditório Municipal de Esposende, o Coro de Pequenos Cantores de Esposende lança o seu primeiro disco. "Mudam-se os tempos" resulta do trabalho notável que tem vindo a ser desenvolvido por este coro ao longo dos últimos 4 anos.

Sob direção de Helena Venda Lima e com acompanhamento ao piano e órgão de Diogo Zão e Ana Sousa, serão interpretados neste concerto extratos das obras que compõem este disco.
Fruto da encomenda por parte do CPCE aos compositores Fernando Lapa, Sérgio Azevedo e Osvaldo Fernandes estas obras representam o melhor da escrita musical.
MIGUEL GOMES - AURORA LIMA

RECITAL - VIOLINO E PIANO










No próximo sábado, 22 de Fevereiro pelas 18horas, no Fórum Rodrigues Sampaio, em Esposende, será palco de um momento musical de sonoridades ecléticas organizado pelo Núcleo de Intervenção Cultural de Esposende (NICE). 
As violinistas Ana Rita Pires e Ana Madalena Ribeiro, acompanhadas pela pianista Olga Vasilyeva, apresentam-se num recital de elevada qualidade artística.

MIGUEL GOMES - AURORA LIMA

Município de Esposende implementa programa de saúde oral para idosos


O Município de Esposende vai avançar com um programa de saúde oral dirigido aos idosos do concelho.

No âmbito do programa “Envelhecimento Ativo 2014” e em parceria com a Mundo a Sorrir - Associação de Médicos Dentistas Solidários Portugueses, a Câmara Municipal vai implementar o programa “Sorrisos de Porta em Porta”, direcionado para todos os idosos institucionalizados, que tem como principal objetivo a sensibilização e a informação para a saúde oral do idoso que, voluntariamente, queira adquirir informação e submeter-se a um rastreio dentário a realizar na instituição, por dentistas da Associação. Além desta vertente, o programa contempla ainda a realização de ações de formação destinadas aos colaboradores das instituições sobre as boas práticas da saúde oral, de modo a que possam manter informados e sensibilizados os seus utentes e se mantenham alerta para os primeiros sinais que careçam de intervenção especializada.

CANTINHO DOS LOBOS DO MAR - Uma “gaivota “ quase fisgada…

CANTINHO DOS LOBOS DO MAR

Uma “gaivota “ quase  fisgada…

Carlos Barros


   O relógio  da torre da Igreja matriz marcava a partida das motoras para o mar: três horas da manhã.
   Na travessa dos pescadores, está o acostumado alvoroço nas casas,  com os preparativos para a faina da pesca, mulheres arranjando a “marmita”- Baú- do almoço, com a garrafinha da vinhaça dentro de uma saca de pano xadrez, feita pela costureira Jandirinha, na sua novinha máquina de costura Oliva, de cor esverdeada, anunciando esperança para uma boa pescaria.
   O Saganito já vai à frente em direção ao cais, onde a motora o espera, com a restante tripulação já a calcar a relva da ribeira e a “enxotar” a orvalhada que se colava nas ervas e juncos.

 Mais atrasado o Luisinho - Luis André Eiras- com as suas galochas esverdeadas e o seu casacão de xadrez, acelerava o passo na direção à motora Torrão da Berta Bichesa. O Zé Pereira dos Passos, mais conhecido por  “Zé Tolo” já se encontrava dentro da motora esfregando os olhos  “arremelados”, expulsando o sono que teimava atormentá-lo.
  O Luisinho, que abandonou a escola aos oito anos, era um pescador experimentado, tendo sido tripulante de várias motoras e catraias -Santa Maria dos Anjos, catraia Senhora da Saúde, Rainha dos Anjos, Claúdia Cristina, Senhora do Triunfo, 1º de Abril, Chiquinha e da motora  Marco Filipe do senhor José Nibra. Começou a andar ao mar aos onze anos, ainda uma criança, em que as exigências da vida,  lhe tirou o direito de brincar, como a muitos outros rapazinhos.
   O mestre Luisinho, completou cinquenta e cinco anos de árduo trabalho no mar, sempre com a barra a ameaçar tragédia…
   O Luisinho pescador arguto e corajoso, na motora  Torrão, ia sempre na casa do leme e era homem de confiança de toda a tripulação. Já tinha vivido uma situação trágica, num naufrágio com uma catraia- O Temerário-, à entrada da barra, embarcação do Sebastião, pai do senhor Belemino Ribeiro. Nesse triste dia, o Lázaro, o Bocage, foi engolido pelas mortíferas ondas do mar,  morrendo afogado. Nesse mesmo dia, em terra, o Café Copacabana, de um vilaverdende, foi devorado pelas chamas, apesar da pronta e corajosa  atuação dos Bombeiros Voluntários de Esposende, comandados pelo João Conde Evangelista. Uma triste e lamentável coincidência em que a tragédia e a tristeza estiveram de braços dados…

  O Torrão partiu do paredão em direção ao mar, com a tripulação ocupada nos  derradeiros  arranjos das redes e linhas de pesca, com o Zé dos Passos já arrebitado, tirando alguma água da motora,  com o “vertedouro”. Chegados ao destino,  toda a tripulação largou as redes, com o Luisinho  direcionando a proa da motora para leste onde a “sonda rudimentar” indicava uns cardumes de peixes.
  No regresso, depois de umas horas de trabalho a largar as redes o Candinho, mais conhecido no seio da classe piscatória  por “gaivota” andou sempre a “pegar” com o Zé,  fustigando-o com ameaças, arreliando-o durante a viagem.
  O Luisinho, homem pacato e de “bons modos”  tinha avisado o Candinho para “acabar com aquilo”,  avisando-o para deixar o “homem em paz”. O Candinho, sempre irreverente continuou a  arreliar o “peguinha, voa a voa”, perante o desespero do Luisinho e este, não está com “meias medidas”, pega no bicheiro para fisgar o Candinho mas, este num gesto rápido e intuitivo, desviou-se e o fisgado foi o Zé no ombro direito.
  Ai que eu morro, gritava o Zé aflito com os anzóis cravados na  “grossa roupa” que o protegia!...

   O Luisinho  deixou o galheiro e tirou os anzóis, enforcados no casacão do Zé que, por felicidade, não tinha sido atingido no ombro contudo, continuava a gritar dizendo que estava  “aleijado” e que queria ir “p´ró hospital!…
   O Candinho, colocou-se na proa do Torrão e nunca mais “abriu o bico” até chegar ao cais, com receio que o Luisinho mandasse outra “bicheirada “, esta  mais acertada…
  O falecido Ilhoca, na poupa, observando as gaivotas que seguiam a motora, ria-se “a perder” perante o desesperado  Zé que só olhava para o ombro “gravemente” atingido…
  “Ai que eu morro, minha mãezinha acuda-me”, continuava o Zé a gritar, mirando o ombro.
   O Zé continuou com a gritaria, protestando contra o Luisinho e só se calou quando no cais, o Ilhoca lhe tirou a roupa e viu que o ombro estava “sãozinho” como uma cereja…
   Entretanto, a motora Torrão foi ancorada e presa pelos cabos no cais e o Zé, com o baú na mão, lá se dirigiu para a rua de S. João onde o esperava a sua mãe, a tia Adelaide já com o “caldo” na mesa e umas fanecas fritas a acompanhar uns parcos grãos de arroz carolino, comprado na mercearia do Abílio Coutinho.

   A noite invadiu o bairro de S. João e todos os pescadores recolheram às suas camas, acomodados aos “colchões de palha”, de vez em quando, acordados pelo despertar de algumas pulgas que se preparavam para “almoçar”,  atacando e pele áspera e dura, dos nossos “heróis” pescadores que raramente acordavam, tal era o cansaço de tanto trabalhar  contra as intempestivas águas do mar.