5 de Maio
Há datas que parecem já marcadas.
Hoje partiu o Professor António, o nosso Toninho, num 5 de Maio que, por mistério da vida, já tinha sido dia de luto em 1996, quando a sua mãe também se despediu.
Do nosso
Toninho fica muito. Fica tudo, na verdade.
Fica o seu brilho discreto, de quem amava a Ribeira de Esposende, tal como o
Pai, num compromisso de vida em perpetuar um legado, uma memória, para as
gerações futuras.
Fica a música, sempre a música, feita com extremo bom gosto e paixão.
Recordo a sua grande referência musical, Johann Sebastian Bach, que tantas
vezes evocava como razão para o chamarem o Quinto Evangelista. E como ele,
Toninho foi também exemplo do mestre. Um verdadeiro evangelizador.
Um Homem
generoso. Amigo de alma. Profissional competentíssimo.
Um Filho, Irmão, Marido e Pai por inteiro.
A mãe, a
Dona Olivinha, lembro bem, todos lembramos.
De uma doçura rara, cuidava dos doentes no hospital como quem cuida dos seus. E
em sua casa também, com aquele jeito calmo e atento de quem conhece, a fundo, o
valor da vida.
Hoje, a saudade fez morada dupla.
Mas há um certo alento: estão juntos, os dois, Mãe e Filho, com o Pai e o Irmão, e também com os seus ancestrais, a olhar por esta terra que tanto amaram, a relembrarem o burburinho da antiga Ribeira e o pôr-do-sol sobre o rio.