Biblioteca Municipal de Esposende celebra 30 anos ao serviço da cultura
Em clima de festa, a Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura, de Esposende, assinalou hoje o seu 30.º aniversário na centenária Casa do Arco, precisamente no dia em que se completam trinta anos da inauguração deste equipamento cultural (25 de junho de 1992).
O ponto alto
das comemorações, que se estendem até amanhã, decorreu esta tarde, com a
apresentação da reedição do livro "Novos contos do Minho", da autoria
de Manuel de Boaventura, patrono da Biblioteca, e uma conferência pelo
Professor Doutor Carlos Fiolhais. Um momento musical protagonizado pela soprano
Teresa Nunes com Brenda Hermida ao piano abriu o programa, seguindo-se o cantar
dos parabéns.
Dando as boas-vindas
à vasta plateia que se quis associar às comemorações, o Presidente da Câmara
Municipal de Esposende, Benjamim Pereira, salientou o assinalável e
prestigiante percurso da Biblioteca Municipal, tanto a nível cultural como
educativo. Neste contexto, expressou reconhecimento público a todos quantos se
empenharam no processo de instalação da Biblioteca, nomeadamente Alberto
Figueiredo, então presidente da Câmara Municipal e Albino Penteado Neiva, bibliotecário
municipal, que mais tarde viria a ser Vereador da Cultura. Agradeceu também à atual
Vereadora da Cultura, Alexandra Roeger, pelo empenho no cargo, bem como à
bibliotecária municipal, Luísa Leite, em funções há quase três décadas.
Benjamim
Pereira referiu que, no âmbito da visão e aposta estratégica no plano cultural,
o Município concretizou um investimento de cerca de 500 mil euros na requalificação
da Biblioteca e no edifício contíguo, que irá acolher o acervo de Franquelim
Neiva Soares, que o padre e investigador esposendense se comprometeu a ceder à
Câmara Municipal.
Referiu que, numa
ótica de valorização do escritor e da sua obra, o Município criou o Prémio
Literário Manuel de Boaventura, o qual já conta três edições, e tem vindo a
reeditar as suas obras. O autarca lembrou a doação da biblioteca particular e
arquivo pessoal do escritor ao Município e a compra da Casa de Manuel de
Boaventura pela Câmara Municipal para a criação da Casa-Museu.
Em termos mais
abrangentes, a política cultural do Município reveste-se de particular dinâmica,
referiu o autarca, assinalando a adesão da Biblioteca Municipal de Esposende à
Biblioteca Digital do Cávado – AquaLibri, a criação do Prémio Rodrigues Sampaio
e a reativação do polo da Biblioteca Municipal em Forjães “Maria Irene Faria do
Vale”, a concretizar na próxima semana. Benjamim Pereira deu ainda nota de que
o Município faz parte do consórcio de entidades que vão assinalar o centenário
de Agustina Bessa-Luís, integrando Esposende neste circuito cultural, que, durante
um ano, vai dinamizar os locais onde a escritora viveu.
Reedição do
livro “Novos Contos do Minho”
A apresentação
desta que é a quinta obra de Manuel de Boaventura reeditada pelo Município esteve
a cargo de Sérgio Guimarães de Sousa. O consultor científico do Município para
as obras de Manuel de Boaventura manifestou apreço pelo investimento municipal
concretizado na requalificação da biblioteca, bem como pela aposta na reedição
das obras do “escritor mais emblemático de Esposende”. Referiu que esta edição procura
oferecer o texto de Manuel de Boaventura da forma mais próxima possível do
original, respeitando integralmente a vontade do autor, com atualização da
ortografia e adaptação da linguagem, corrigindo lapsos. Sobre a obra em si, salientou
três aspetos, nomeadamente a “referência camiliana”, a vertente etnográfica que
dá expressão aos costumes e património locais, e o que designou como “uma
espécie de tentação do realismo mágico” com o autor a deixar-se envolver por
uma “dimensão mais fantasiosa”. Sérgio Guimarães de Sousa destacou a qualidade
gráfica tanto desta como das anteriores reedições e afirmou que a Biblioteca
Municipal está duplamente de parabéns, quer pela comemoração do 30.º aniversário,
quer por mais uma reedição das obras de Manuel de Boaventura.
“A Biblioteca
como máquina do tempo”
Este foi o
tema que deu o mote à conferência do Professor Doutor Carlos Fiolhais, notável físico,
professor universitário e ensaísta português, que decorreu no Auditório da
Biblioteca Municipal. Numa apresentação cativante e pautada pelo seu peculiar
sentido de humor, Carlos Fiolhais debruçou-se sobre a “máquina do tempo nos
livros e nos filmes” e “as bibliotecas como máquinas do tempo”, centrando-se,
ainda, sobre a Biblioteca Municipal de Esposende, que considerou “uma das mais
bonitas do país”. Referiu que, “para além de constituir um espaço acolhedor, privilegia
as coleções locais”, frisando que “o grande valor que as terras têm é a sua unicidade,
o facto de serem únicas” e, neste contexto, elogiou igualmente a AquaLibri, que
traz ao conhecimento público o património dos municípios do Cávado. Assumindo-se
como “guardador de livros”, Carlos Fiolhais realçou o importante e determinante
papel das bibliotecas, considerando que os municípios se distinguem pela
atenção que dão às suas bibliotecas. Neste particular, felicitou a Câmara
Municipal de Esposende pelo investimento e atenção canalizados para a
Biblioteca Municipal.
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