Município de Esposende
apresenta estudo para intervir na barra e na restinga
A Câmara Municipal de Esposende apresentou ontem o estudo de caraterização
de riscos e programa de intervenção para a proteção da restinga de Ofir e barra
do Cávado, realizado pelo Instituto de
Hidráulica e Recursos Hídricos (IHRH), da Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto (FEUP), com a colaboração da Universidade do Minho. Nesta
fase pretende-se colher contributos que permitam avançar para a elaboração do
projeto, articulado com os planos em vigor e para ser submetido a financiamento
de fundos comunitários, ao abrigo dos programas para a prevenção e gestão
de riscos.
O esboço apresentado pelo professor Taveira Pinto,
da FEUP e desenvolvido por uma equipa alargada resulta de uma aprofundada
investigação que envolveu trabalho de campo e experiências em laboratório, com
recurso ao modelo numérico avançado que avaliou o modelo existente e as
vantagens do projeto proposto.
Assim, para alcançar os objetivos de reconstrução da restinga e reduzir o esforço de drenagem que afeta o canal de navegação do rio Cávado, foi sugerida a construção de um dique longitudinal, na margem esquerda do rio, paralelo à restinga que permite a fixação dos sedimentos na restinga. Do lado do mar, a proposta avança com a construção de dois quebra-mar que facilitarão a acumulação de areia e a renaturalização da restinga. Quer o dique, quer os quebra-mar propostos são estruturas de baixa cota.
“Se o leito do rio não for consolidado por diques
nas duas margens, dificilmente resistirá à erosão. São estruturas de baixa
densidade que, na preia-mar estarão submersos e permitem que os sedimentos em
trânsito se fixem na própria restinga”, adiantou Taveira Pinto que apresentou
diversos exemplos de soluções avançadas em vários pontos do Globo.
O estudo apresentado em Esposende arrancou em junho
de 2020 e está agora na fase de recolha de contributos. Para o presidente da
Câmara Municipal de Esposende, este é um problema que as autoridades não podem
continuar a ignorar, sob pena de serem responsabilizados pelas tragédias que
possam ocorrer. “O problema da barra sempre afetou as gentes de Esposende, mas
tarda em encontrar-se uma solução. Temos, em suma, três problemas latentes, a
questão da segurança, para pescadores e para a própria cidade que está exposta
ao mar; o entrave ao desenvolvimento económico, com as docas de pesca e de
recreio inviabilizadas; e um problema ambiental, porque não se permite realizar
certas obras, por causa da defesa dos habitats e estamos a assistir à
destruição dos habitats de toda a zona envolvente à restinga e nada se faz”.
O presidente da Câmara Municipal de Esposende entende
que a solução não pode continuar adiada, lembrando os diversos contactos
estabelecidos com as mais diversas entidades, nomeadamente com o Ministério do
Ambiente. “Mas Esposende é um concelho pequeno e faz com que não tenhamos poder
reivindicativo”, resumiu Benjamim Pereira.
Presente na sessão, Pimenta Machado, Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, manifestou
disponibilidade em analisar o projeto e equacionar a sua inclusão no próximo Quadro
Comunitário de Apoio que está em elaboração.
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