Esposende promove Encontro com Mia Couto
Prémio Literário Manuel de Boaventura 2021
O Encontro com Mia Couto, Prémio Literário Manuel de Boaventura 2021, que o Município leva a efeito aproveitando a presença do escritor moçambicano em Esposende, teve ontem, dia 10 de julho, outro grande momento. Depois da sessão de entrega do Prémio, realizada no dia 9, o Auditório Municipal de Esposende acolheu a primeira das duas tertúlias do programa, proporcionando um contacto mais próximo e intimista com o escritor e um maior conhecimento da sua obra.
Tendo por base o título da obra de Mia Couto “Um rio chamado tempo, uma
casa chamada terra”, o escritor esteve à conversa com o Presidente da Câmara
Municipal de Esposende, Benjamim Pereira, e o docente universitário, Sérgio
Guimarães Sousa, presidente do júri do Prémio Literário Manuel de Boaventura.
Uma conversa informal, onde o público presente e via online, através do facebook
do Município, teve oportunidade de ficar a conhecer melhor o escritor, biólogo
de formação. Foram quase duas horas de animada tertúlia, num primeiro momento
de conversa entre os três convidados e, depois, de interação com o público, que
teve, deste modo, oportunidade de colocar questões e/ou partilhar ideias com
Mia Couto.
Sérgio Guimarães Sousa voltou a destacar a peculiar sensibilidade do
vencedor do Prémio Literário Manuel de Boaventura e que todos puderam perceber
neste apreciado momento de partilha, onde ficou igualmente patente o seu
natural sentido de humor.
Considerando que o escritor teve oportunidade de visitar, durante o dia
de sábado, alguns locais e equipamentos do concelho, o Presidente da Câmara
Municipal quis saber, após esse contacto, a sua opinião sobre Esposende, que,
na véspera, apelidou de “preciosidade”. Mia Couto referiu a diversidade de
Portugal, notando que a oralidade é uma das caraterísticas do Norte, que
encontrou refletida em Esposende. Falou de uma “sensação de familiaridade” e de
“um sentimento de tempo, de história, que está presente do ponto de vista da
construção”. Notou que “as terras são feitas de pessoas” para dizer que foi
muito bem acolhido em Esposende: “sinto-me em casa, sinto-me em família.
Esposende seria um local onde eu acordaria e sairia para a rua com vontade de
encontrar gente”.
A “apetência para a sabedoria de ficar calado” e a vontade de ouvir
histórias fez dele escritor e a pessoa sensível, que vive em relação com a
natureza. “Infeliz é o escritor que pensa em prémios”, afirmou, confrontado com
o facto de a sua obra “Terra Sonâmbula” estar entre os doze livros africanos
mais importantes do século XX. Clarificou que o maior reconhecimento que pode
receber é a sua escrita tocar alguém.
O escritor revelou algumas das suas referências na literatura e falou
sobre a obra “O Mapeador de Ausências”, que lhe valeu o Prémio Literário do
Município de Esposende, bem como sobre o exercício da escrita, nem sempre
pacífico. Pronunciou-se sobre alguns aspetos da sociedade atual, desde a
educação à saúde, e comentou, num registo descontraído e humorístico, citações
de alguns escritores.
No final, esteve disponível para mais uma sessão de autógrafos, tendo
sido presenteado pelo Presidente Benjamim Pereira com um conjunto de
publicações do Município, entre as quais o livro “Esposende – Tempo de Lugares
e de Memória”, uma espécie de álbum com citações de escritores que escreveram
sobre Esposende, que motivou o autarca, em tom de brincadeira mas falando sério,
a desafiar Mia Couto a seguir-lhes o exemplo.
Recorde-se que Mia Couto, aquando da entrega do Prémio, manifestou
disponibilidade para contribuir para o enriquecimento cultural do Município,
indo ao encontro da vontade então expressa por Benjamim Pereira de que o
escritor seja embaixador de Esposende.
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