Mia Couto encerra presença em Esposende com
promessa de regressar
A encerrar o programa do Encontro com Mia Couto, Prémio Literário Manuel de Boaventura 2021, promovido pelo Município de Esposende, decorreu, esta manhã, no Bar da Praia, em Esposende, a tertúlia “Mar me Quer”, título que dá nome a uma das obras do escritor moçambicano. Em representação do Município, marcou presença na iniciativa a Vereadora da Educação e Cultura, Angélica Cruz.
Num ambiente informal e descontraído, com a restinga e o mar de Esposende como pano de fundo, foram muitos os que quiseram aproveitar a oportunidade para um contacto mais próximo com o escritor. Apesar das limitações decorrentes da atual situação pandémica, o encontro traduziu-se num momento de convívio e de partilha, que reuniu pessoas de todas as idades, tendo iniciando com a interpretação do poema “Foi para ti”, de Mia Couto, por Raquel Boaventura Rego, familiar do escritor Manuel de Boaventura.
Como nota prévia, a responsável pela Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura, Luísa Leite, que moderou a conversa juntamente com a professora Cláudia Sá, da Escola Básica António Correia de Oliveira, de Esposende, referiu que o Bar da Praia é um café icónico da cidade, que remonta às décadas de 40/50 do século XX, lembrando que o mítico bar é referido no texto sobre Esposende “A morte da água”, da autoria do escritor Ruy Belo.
Alguns alunos do clube de jornalismo da Escola Básica António Correia de Oliveira não quiseram perder a oportunidade de privar com tão grande nome da literatura e de ficar a conhecer melhor o escritor e a sua obra, tendo aproveitado para colocar diversas questões, relacionadas tanto com a sua atividade de escritor como de biólogo, tendo presenteado Mia Couto com o primeiro número da revista do Clube de Jornalismo. O escritor agradeceu a oferta e saudou a presença dos alunos e a pertinência das questões colocadas, considerando que “a qualidade de uma escola mede-se pela qualidade das perguntas colocadas pelos alunos”.
Do demais
público presente surgiram as mais variadas questões em torno da sua atividade
literária, clarificando Mia Couto aspetos sobre algumas das suas obras em
particular e o processo criativo, bem como o seu posicionamento sobre temas
atuais. O escritor assumiu que “Terra Sonâmbula”, o seu primeiro livro de
prosa, constitui a sua obra de eleição, atendendo ao tema que retrata, a guerra
civil, onde perdeu amigos, e afirmou que “doeu fazer”. Questionado sobre como
gostaria de ser recordado, Mia Couto afirmou que a sua grande aposta “é ser uma
pessoa boa, um homem bom”, clarificando que, apesar de a escrita ser o centro
da sua alma, é o contacto com as pessoas que o preenche.
Na despedida,
o vencedor do Prémio Literário Manuel de Boaventura 2021 reiterou a vontade de
regressar a Esposende, numa outra oportunidade, assumindo que “esta terra
ficou-me no coração”.
Tal como as
duas anteriores iniciativas do Encontro com Mia Couto, também esta tertúlia
terminou com um momento de convívio e sessão de autógrafos.
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