Município convidou esposendenses
a partilhar testemunhos do 25 de
Abril
Sob
o tema “Vivências de Abril”, o Município de Esposende promoveu, no dia 25 de
Abril, uma sessão comemorativa do 41.º aniversário da “Revolução dos cravos”.
A
sessão, realizada no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio, contou com testemunhos
de quatro esposendenses, pertencentes a quadrantes políticos diferentes,
nomeadamente dos advogados Francisco Brás Marques e José Luís Correia Azevedo,
da ex-Presidente da Câmara Municipal de Esposende, Laurentina Torres, e do
médico Manuel José Cepa Carneiro.
Falando
na sessão de abertura, o Presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira,
enquadrou a iniciativa, referindo que, mais do que assinalar a data, histórica
para o país, se pretendia trazer a público testemunhos, tentando perceber o
impacto da revolução que “trouxe esperança, liberdade e futuro” e como foram
vivido os tempos de mudança no concelho.
A
moderar a sessão esteve o diretor do Jornal “Brisa de Mar”, Manuel Sampaio
Azevedo, que começou por apresentar os intervenientes, abrindo depois espaço
para a partilha das suas vivências e testemunhos.
Francisco
Brás Marques centrou a sua abordagem no plano político, dando nota do ambiente
vivido em Esposende antes e após a revolução, período em que esteve na política
ativa, tendo integrado, como vogal, a primeira Comissão Administrativa pós 25
de Abril, e ocupado o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Esposende, na
segunda Comissão Administrativa, em 1976, para além de ter sido o fundador do
PPD no concelho. Na sua intervenção, o advogado assinalou ainda as grandes
alterações que se verificaram no concelho nos últimos 40 anos, em vários
domínios, particularmente no plano cultural.
Laurentina
Torres, cujo percurso de vida esteve ligado ao ensino, mas que se cruzou, em
determinada altura, com a vida política - foi Presidente de Câmara entre 1986 e
1989 pelo CDS, partilhou com os presentes as suas memórias, especificamente um
episódio ocorrido em 1973, em Apúlia, a sua terra natal. “O povo de Apúlia fez
um 25 de Abril um ano antes”, afirmou, depois de relatar a situação em que a
população se ergueu para contestar a edificação de uma construção na zona dos
baldios, opondo-se ao poder local de então. A ex-autarca, também ligada ao
associativismo, nomeadamente ao Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de
Apúlia, partilhou um poema da autoria de Pedro Homem de Melo, relativo à dita
“revolução” do povo de Apúlia, que recentemente redescobriu nos seus arquivos.
A
residir há poucos meses em Esposende quando se deu o grande acontecimento, o
docente madeirense José Luís Correia de Azevedo contou como viveu esse momento
histórico, dando conta do alvoroço, assim como da alegria, que se viveram no
meio escolar e das mudanças que se seguiram à revolução, destacando o poder
local como grande conquista. José Luís Azevedo falou ainda da sua intervenção
na política, inicialmente no PRD e, mais tarde, no PS, partido que representou
enquanto deputado municipal e deputado na Assembleia da República. A terminar a
sua intervenção, e em jeito de reflexão, interrogou-se quanto à concretização
dos princípios subjacentes ao 25 de abril, de uma sociedade justa, livre e
solidária.
Estudante
de Medicina na altura em que se deu o 25 de Abril, o médico Manuel José Cepa
Carneiro, testemunhou como viveu esse acontecimento, num primeiro momento no
universo universitário e, mais tarde, na sua terra natal, S. Bartolomeu do Mar,
e no contexto concelhio. Entre vários outros aspetos, referiu a dinâmica ao
nível do associativismo que despoletou na sequência da revolução, as
dificuldades na implementação de um infantário em Mar e as mudanças operadas no
setor da saúde. Sob o ponto de vista político, o médico com ligações ao PCP,
recordou, por exemplo, a dificuldade verificada em Mar na escolha dos elementos
para integrar as listas para as primeiras eleições livres.
Nesta
sessão, foi também dado espaço ao público presente, para colocar questões aos
intervenientes ou expressar as suas opiniões/vivências sobre o 25 de Abril,
tendo-se registado várias e pertinentes intervenções.
A
encerrar a sessão, voltou a usar da palavra o Presidente da Câmara Municipal.
Em jeito de resumo Benjamim Pereira, disse que, embora não possa considerar-se
que foram cumpridos todos os princípios de Abril, o país evoluiu imenso,
encontrando-se num processo de construção da democracia. Manifestou esperança
no futuro do país e nos jovens e realçou a importância do poder local, enquanto
conquista do 25 de Abril. A terminar, agradeceu aos intervenientes o seu
testemunho, que permitiu dar a conhecer algumas “estórias” da História de
Esposende.