Republicação 
Uma caçada atribulada.
   Decorria o ano de mil novecentos e sessenta
e três, pela tardinha, junto à igreja Matriz, e a garotada estava já nas suas  aventuras 
com o Tonho, Melro e Hilário, este sempre medricas, em plena rua, a
imaginarem estratégias para a malandrice. 
Uma caçada atribulada.
 Por CARLOS BARROS
   Decorria o ano de mil novecentos e sessenta
e três, pela tardinha, junto à igreja Matriz, e a garotada estava já nas suas  aventuras 
com o Tonho, Melro e Hilário, este sempre medricas, em plena rua, a
imaginarem estratégias para a malandrice.
   Nesse dia, o Tonho não tinha ido às solhas com
a equipa dos costume, Carlos da Arranca, Miguéis e o pai, senhor João Calhandra,
tudo em família e resolveu  “virar-se
para a Natureza”, nas suas habituais aventuras.
   Junto
à casa do Tonho existiam duas grandes e frondosas árvores e as flauzinhas, aves
simpáticas e irrequietas, dançavam de ramo em ramo, preparando a dormida, uma
vez que a noite estava prestes a chegar.
   O Tonho e o Melro, como sempre hábeis
caçadores de pardais, pegaram nas suas “afungas” e começaram a atirar às
flauzinhas, com aqueles godos redondinhos apanhados na praia ou junto aos
materiais de construção.
   Tanto azar que estes rebeldes foram
surpreendidos por um GNR que estava  no
patrulhamento à caça  “das
crianças”…  O agente, de “plainites
“sebosos,  pediu a fisga ao Tonho, que
estava prestes a entregá-la à autoridade, quando, de repente, o Melrinho,  gritou para não lha dar. O Tonho não teve com
meias medidas e começou a fugir pela estrada fora, com o Melrinho num longo
“sprint” ficando o GNR todo furioso pela inesperada fuga destas duas crianças
sempre irrequietas e aventureiras.
  No dia
seguinte, foram chamadas ao posto e quando entraram neste tenebroso e
repressivo lugar, o guarda republicano pegou num cinturão para castigar estes
infratores. Com um ar ameaçador, o GNR olhou furioso para estas duas “trutas” e
mandou cada um deles dar uma chapada um ao outro e, com muito custo, estes dois
garotos lá deram a bofetada da praxe. O  Melro, de mão pesada, deu um bofetão mais
forte,  ao Tonho e este  ameaçou-o:
  -Lá fora “vais comer” forte e feio…
   Quando iam sair do Posto da GNR, o Cabo
perguntou ao praça porque razão aqueles malandros não estavam presos?
  -O agente  respondeu que eles já tinham “levado no lombo…”
  Já na
rua, o Hilário juntou-se a estes seus amigos e com a fisga ao pescoço lá foram
eles para novas caçadas às flauzinhas, melros e charréus para os campos do Quim
da Obra e por entre os silvados, com o Mouquinho a juntar-se  à `”quadrilha” porque tinham de ter caça para
o jantar e a fritadeira estava à espera dos pássaros.-
   O “graem, graem…” caça aos melros…, gritava
o Mouquinho!
    No regresso o Tonho viu umas “luras” de
abelhas e começou a “chuscar” e de repente, o enxame atacou-o furiosamente e o Albano
“Penico” que se encontrava escondido, atrás de uma figueira, foi picado várias
vezes. 
   Os nossos amigos, meteram-se entre os
milheirais dos campos do Zão e puseram-se a salvo, depois de tropeçarem  numa grande abóbora. 
    Quando
todos chegaram a casa pela  noitinha, o
“triunvirato” entrou, cada um nas suas casas, com as mãos na cabeça, premiados
com “galos” e juraram nunca mais se meterem com as abelhas.
AGOSTO/CARLOS
BARROS