Deixou-nos uma figura ímpar e carismática, deixou-nos um velho Lobo do Mar, deixou-nos uma verdadeira enciclopédia viva, um contador de “estórias”. Muito aprendi, muito me ensinou este velho marinheiro. Dava gosto ouvir o Sr. Luís falar do passado, dos anos 40/50, sempre com “estórias” reais e verídicas, às quais ligava sempre familiares próximos. Um sonhador, alegre e contagiante, um grande exemplo não aproveitado para a História da nossa terra!
As suas “estórias”, além de cativantes pelo realismo e crença, não precisavam de invenções, sempre, sempre puro e transparente, tal qual o velho Lobo do Mar, sempre com belas recordações que o Sr. Luís nos deixou (qual historiador!...).
A nossa terra, cada vez mais, vai perdendo valores reais e insubstituíveis. Perdemos uma figura incontornável, pela sua simplicidade, humildade e comunicabilidade!
Hoje, o nevoeiro da nossa terra deixa lágrimas varridas pela nortada, lembrando o exemplo e a saudade de alguém que, no seu coração, sentia o constante palpitar do oceano. Hoje, as suas ondas, que ele, o velho marinheiro, tão bem conhecia, estão mais agitadas e cinzentas, chorando o velho Lobo do Mar!
Esta foto é de homenagem a quem, durante décadas, cumpriu uma tradição secular: andar na Semana Santa pelas ruas de Esposende, com as matracas, anunciando o início das cerimónias. Incomparavelmente, só ele era capaz! Fica para a nossa História! Era um guardião das nossas tradições!
Até um dia destes, velho Lobo do Mar!
a. Pinto