O Nandinho Marino
Nesta página, dedicada à habitual crónica desportiva da V.D. J. é sempre justo realçar os esposendenses que direta ou indiretamente, estiveram ligados ao ESC/ADE, durante alguns anos, em diversas tarefas das nossas vidas.
A Casa de Pasto Marino, situada há já longos anos, na rua Direita-Rua 1º de dezembro, fechou as suas portas e mudou-se, mais tarde, para a Rua Narciso Ferreira onde permaneceu em atividade durante longos anos, como café, restaurante, “salão de jogos” e por lá passaram muitos ex-jogadores do Esposende Sport Clube /Associação Desportiva de Esposende, lanchando, almoçando, jantando ou bebendo os seus copinhos-tigelas- de vinho e as habituais cervejas Sagres, Cristal, SuperBock ou talvez a cerveja Marina.
Ao balcão estavam os filhos da D. Alzira/marido -o saudoso Tim, Marino, Nando, e outros familiares …- e estar nesse espaço era algo de aprazível, um convívio social de cariz quase familiar, com aqueles divinais pratos cozinhados pela D. Alzira-feijoada, cozido à portuguesa, “tripas à moda do porto” entre outros saborosos aperitivos.
O Fernando Marino-O Nandinho- servia os seus clientes de uma forma muito simpática- assim como os seus familiares- e estava sempre rodeado de amigos que muito o adoravam porque dispunha de uma personalidade eivada de conquista de amizade e de um serviço muito ternurento aos clientes.
Era homem de coração puro, amigo do amigo, e provido de uma assinalável cultura geral e espraiava conhecimentos no campo da História e da Geografia.
Era solteiro, poropção de vida, muito trabalhador e responsável nas suas tarefas, sempre disponível a servir os seus clientes, alguns dos quais, nem sempre fáceis de “aturar” normalmente, quando o “sagrado líquido” subia à cabeça…
A Casa Marino encerrou, há alguns anos, as suas portas, e o Nandinho, com as limitações físicas que tinha, deambulava pelo centro de Esposende, na zona do adro da Igreja, sentava-se nos bancos e com a sua simpatia cumprimentava todos os que passassem pelo seu “território de ocasião”.
Nunca o vi pedir nada a ninguém e quando estava sentado nos bancos da Misericórdia ou da Igreja Matriz, cumprimentava-o pessoalmente e retribuía-me com um singelo sorriso, muitas vezes tímido, masmuito espontâneo.
“A roda do tempo” não parou e o estado físico do Nandinho, foi-se deteriorando e neste momento, encontra-se internado num Lar, onde é sempre visitado por alguns familiares, especialmente, pelo seu grande amigo, o irmão Marino que sempre o apoiou e o apoia.
O Nandinho, pessoa de bom coração é, para mim, um GRANDE AMIGO, deste modo, esta página desportiva VDJ é dedicada a ele porque o Nandinho também foi uma pessoa do Desporto-ESC/ADE, de uma forma indireta!
O nosso amigo e dedicado Luís Eiras, no dia 06 de outubro de 2017 dedicou-lhe um espaço em sua homenagem, no seu Blog, “Esposende Altruísta” e, como esposendense, agradeço esse reconhecimento que foi dedicado ao Nandinho, pessoa simples e de bom trato pessoal.
Na Casa de Pasto Marino, na Rua 1º de Dezembro, ia em criança, comprar “papeizinhos” – cromos- de futebol vendidos pela amável e super simpática Cinda, irmã do Nandinho para colocá-los na caderneta, coladinhos com farinha triga ou sabão azul, surripiado do tanque de lavar, à minha mãe que, algumas vezes, se queixava do misterioso desaparecimento desse produto tensoativo. Tínhamos, nesse tempo, o sabão clarim, mas esse era luxo! Era só para cheirar…
A Casa Marino é e será sempre um património histórico/cultural de Esposende, como muitos outros estabelecimentos similares e devemos sempre registar o que sempre foi de bom em Esposende e que constitua uma plataforma para a História e Cultura desta linda terra da Foz do Cávado, banhada pelo sempre “sereno” e “melancólico” Rio Cávado que nos tempos atuais “respira a oxigénio” onde a poluição e as barragens, entre outros fatores, lhe tiraram um pouco da sua vida da sustentabilidade dos tempos antigos.
Há o Mar Morto e espero não conhecer o “Cávado Morto”…
Esposende, 9 de março de 2025
Carlos M. Lima Barros
