Município de Esposende vai instituir Prémio Rodrigues Sampaio
Galardão visa distinguir personalidades da cultura e comunicação social
O Município de Esposende, em colaboração com a Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, vai instituir o Prémio Rodrigues Sampaio, que se destina a distinguir personalidades que, pelo seu trabalho, nas áreas da cultura e da comunicação social, contribuam para uma sociedade mais inclusiva e mais crítica.
Neste sentido, em reunião do executivo municipal realizada no dia 12 de maio, a autarquia aprovou, por unanimidade, o início do procedimento administrativo para a elaboração do regulamento deste prémio. Os interessados poderão, no prazo a fixar de dez dias, apresentar contributos através de comunicação dirigida ao Presidente da Câmara Municipal.
O Prémio
Rodrigues Sampaio foi instituído nos anos cinquenta do século passado pela
Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, com o apoio da Fundação
Gulbenkian, tendo sido distinguidos, entre outros, Joel Serrão, José Manuel
Tengarrinha, Victor de Sá, Óscar Lopes, Vasco Graça Moura ou Hélder Pacheco.
Na década de
oitenta, por falta de apoio, a atribuição deste prémio foi suspensa.
Assinalando-se, este ano, os 140 anos da Associação dos Jornalistas e Homens de
Letras do Porto e os 140 anos da morte de António Rodrigues Sampaio, o
Município de Esposende entendeu ser a oportunidade e o momento certo para se
retomar o galardão. A atribuição passa, assim, a realizar-se em novos moldes,
com o patrocínio da Câmara Municipal de Esposende, sendo que o prémio terá periocidade
bienal e o valor monetário de 7.500 euros.
Nascido em S.
Bartolomeu do Mar, Esposende, António Rodrigues Sampaio (1806-1882) evidenciou-se
como jornalista – ou “escritor público” como gostava de se identificar – no
periódico a Revolução de Setembro, que sofreu diversas perseguições e tentativas
de mordaça. Durante um certo período, o jornal acabaria suspenso, mas o
“jornalista arauto da liberdade” prosseguiria o combate contra a censura. Na
clandestinidade, durante um ano, fez circular um outro jornal, O Espectro. O
“Sampaio da Revolução”, como ficara conhecido o redator de A Revolução de
Setembro, foi também presidente do conselho de ministros, ministro de Estado
honorário, conselheiro do tribunal de contas, deputado da nação e par do reino.
Enquanto político, é verdade, muita da rebeldia do publicista se perdera.
Contudo, Rodrigues Sampaio pautou a sua atividade política de forma
desinteresseira, com honestidade, sem jamais esquecer a importância da liberdade.
“Destacada
figura do jornalismo e dos liberais oitocentistas, patrono da Associação dos
Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Rodrigues Sampaio dará nome a um prémio,
como sinal de perpetuação da memória de um combatente da liberdade de expressão”,
assinala o Presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim Pereira. “Rodrigues
Sampaio faz parte da história do país e integra a fileira dos Esposendenses notáveis,
por isso, faz todo o sentido que o Município assuma a atribuição deste prémio”,
vinca o autarca.
A instituição
deste galardão enquadra-se na política cultural do Município e nas metas dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização
das Nações Unidas (ONU).
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