Redes biodegradáveis: resistência e durabilidade
Projeto
E-Redes - combate ao lixo marinho
No âmbito da implementação do projeto E-Redes, promovido
pelo Município de Esposende, em parceria com a Empresa Municipal Esposende
Ambiente, a Universidade do Minho e a Associação de Defesa do Ambiente - Rio
Neiva, que visa fomentar o uso de redes biodegradáveis como ferramenta de
promoção da sustentabilidade, a Universidade do Minho procedeu a ensaios
laboratoriais para avaliar a sua resistência mecânica e a sua biodegradabilidade.
A evolução dos ensaios pode observar-se aqui: https://youtu.be/S2rR2Wc5zkA.
Para avaliar o potencial da resina biodegradável
selecionada (PBSAT) como alternativa ao fio de nylon ou outros para a produção
de redes de pesca biodegradáveis, foram realizados, pela Universidade do Minho,
diferentes ensaios laboratoriais relacionados com a sua resistência mecânica e
biodegradabilidade. Os resultados são promissores, uma vez que parece haver um
equilíbrio adequado entre a resistência mecânica esperada e a biodegradação do
PBSAT, em ambiente marinho.
A introdução de materiais biodegradáveis na indústria
pesqueira é promissora, considerando a importância de se reduzirem os impactos
negativos decorrentes da atividade piscatória, como a poluição marinha e a
pesca fantasma, provenientes de artes da pesca com materiais tradicionais usualmente
descartadas ou perdidas durante a atividade. A implementação de novas soluções
mais adaptadas ao contexto marinho e a consequente proteção das espécies
marinhas é cada vez mais urgente e imprescindível, considerando que a vida
marinha está relacionada com diversos serviços dos ecossistemas ao nível
ambiental, social e económico.
Para estudar a resistência mecânica do PBSAT realizaram-se
ensaios de tração a dezenas de malhas da rede fabricadas com este material,
antes e depois de serem usadas em campanhas de pesca experimental. Os
resultados indicam alguma variabilidade da resistência após a utilização e
exposição do material a condições adversas e marítimas sem, no entanto,
comprometer a eficiência mecânica, mostrando-se favorável para o caso de
estudo. Os processos de avaliação da degradação mecânica e biológica em
laboratório foram realizados através de diferentes ensaios, incluindo a
caracterização por microscopia eletrónica de varrimento, que permitiu avaliar a
morfologia da superfície e a composição química do material. Foi, ainda,
realizado o ensaio de biodegradabilidade em laboratório, através da medição da
evolução do oxigénio dissolvido na água do mar (BOD), que permite
essencialmente estudar os processos de biodegradação do material por organismos
aeróbicos, em condições marinhas.
O material, para os diferentes diâmetros do monofilamento,
apresentou diferentes sinais de degradação tais como laminação, abrasão
mecânica, variação da geometria da secção e redução do diâmetro do
monofilamento. No que se refere ao ensaio de BOD os resultados mostraram uma
diminuição do oxigénio dissolvido na amostra e, por isso, um potencial
indicador positivo de biodegradabilidade em ambiente marinho. In situ,
estão também em curso outros ensaios destinados a estudar o comportamento
mecânico e de biodegradação a longo prazo em condições reais, que decorrerão
durante pelo menos dois anos, o tempo necessário para que o material se
biodegrade. Para isso, análises de microscopia eletrónica de varrimento,
resistência mecânica e perda de massa são periodicamente realizadas de modo
avaliar a evolução do material com o tempo de exposição às condições reais de
utilização.
A nossa relação com atividade piscatória já é bastante
ancestral, encontrando-se os primeiros registos do uso de redes de pesca em
8300 anos a.c. Desde então, vários foram os materiais utilizados na produção de
redes de pesca, desde os materiais naturais como o algodão, a seda, a lã e o
cânhamo, aos plásticos, como o nylon. O nylon tem sido o mais utilizado desde
meados dos anos 40 do século passado, devido à sua elevada durabilidade e
eficiência pesqueira. No entanto, o nylon é um material que apresenta elevada
resistência à degradação e, mesmo quando degradado, contribui para o problema
da proliferação de microplásticos, continuando a apresentar sérios riscos
ambientais, sociais, mas também económicos.
Por esta via, o Município de Esposende, está a contribuir
para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda
2030 da ONU, nomeadamente no que se refere ao ODS 12 – Produção e Consumo
Sustentáveis, ODS14 – Proteger a Vida Marinha, e ODS 17 – Parcerias para a
Implementação dos Objetivos de Sustentabilidade.
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