COVID-19-Concelhos de Elevado Risco
Os Verdes Exigem Medidas de Reforço do SNS de Modo a Garantir a Vigilância e Controlo da Disseminação da Pandemia
A deputada Mariana Silva, do Grupo Parlamentar Os Verdes, entregou na Assembleia da República uma pergunta, questionando o Governo através do Ministério da Saúde, sobre as medidas que urgem ser tomadas para reforço do SNS e em particular das unidades de saúde pública para ser garantida a vigilância e controlo da disseminação da pandemia, em particular nos concelhos de elevado risco situados maioritariamente a norte do país, onde estas unidades atravessam sérias dificuldades.
Pergunta:
A evolução do número de casos positivos, num momento em que se registam máximos de casos confirmados, adensa o número de acompanhamentos a pessoas infetadas e em isolamento por parte das autoridades de saúde que atuam no sentido de vigiar e controlar a disseminação na comunidade.
Este acompanhamento traduz-se em centenas de chamadas diárias e registos epidemiológicos, uma tarefa partilhada por delegados de saúde, médicos de família e enfermeiros que alteraram radicalmente o acompanhamento a outras áreas, estando muitos deles afetos exclusivamente à Covid-19.
Para os delegados
de saúde tal significa que outras funções ficaram praticamente suspensas, ou
diminuídas, tais como, verificações e apoio aos lares, identificação e
aplicação de medidas em empresas onde surgem casos de Covid-19, juntas médicas,
vigilância de águas para consumo humano e estabelecimentos de restauração e bebidas,
vistorias de projetos, vigilâncias epidemiológicas e sanitárias generalizadas,
verificação das condições para que pessoas com limitações e motoristas de
pesados possam conduzir, entre outras funções.
A falta de recursos
humanos nas equipas de saúde pública, aliada à escassez de tempo em resultado
da pressão imposta pela necessidade de manter a vigilância epidemiológica de
milhares de casos de covid-19, traduz-se ainda em atrasos significativos nos
telefonemas realizados pelas autoridades de saúde aos infetados e aos contactos
destes doentes positivos que se encontram em isolamento profilático.
Por conseguinte, há
situações de infetados que são contactados 7 a 14 dias após iniciarem o
isolamento. Consequentemente, os trabalhadores deparam-se com atrasos na
emissão da declaração de isolamento profilático, para apresentar junto das
entidades empregadoras, implicações no processamento salarial e adiamento do
prazo para receção da remuneração da segurança social pelos dias em isolamento
profilático.
A demora na
obtenção de alta pelas autoridades de saúde, após cumprimento dos 14 dias de
isolamento levou a que alguns trabalhadores regressassem ao trabalho sem a
devida documentação, tendo havido falha no controlo dos sintomas e expostos
terceiros a risco de contaminação.
A par dos concelhos
limítrofes de Fafe, Vizela, Felgueiras, Lousada e Santo Tirso, Guimarães está
entre os 10 concelhos com risco mais elevado e regista, à data de hoje, 1886
pessoas com covid-19 por cada 100000 habitantes.
O mesmo delegado de
saúde afeto ao ACES Alto Ave - Guimarães, Vizela e Terras de Basto, tem a
responsabilidade sobre os concelhos de Cabeceiras de Basto, Fafe e Vizela.
Os contactos da
delegação de saúde tardam e dada a necessidade de obtenção de declarações comprovativas
do isolamento profilático, algumas pessoas optaram por estabelecer ligação
telefónica com a Unidade de Saúde Pública de Guimarães, instalada no Centro de
Saúde de Urgezes, mas também por esta via não obtêm o atendimento necessário.
Anunciada em
outubro pela Direção Geral de Saúde, a contratação de 150 enfermeiros,
maioritariamente alunos de enfermagem, para reforçar as equipas de saúde
pública na realização dos inquéritos epidemiológicos, não vêm reforçar
efetivamente a capacidade de resposta do SNS, pois como reconheceu o Secretário
de Estado e Adjunto da Saúde trata-se de inquéritos acionados pontualmente o
que “não justificaria um vínculo”.
Os Verdes exigem
esclarecimentos sobre as medidas que urgem ser tomadas para reforço do SNS e em
particular das unidades de saúde pública para ser garantida a vigilância e
controlo da disseminação da pandemia, em particular nos concelhos de elevado
risco situados maioritariamente a norte do país, onde estas unidades atravessam
sérias dificuldades.
Assim, ao abrigo
das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicito a S. Exª O
Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo a seguinte
pergunta, para que o
Ministério da Saúde possa prestar os seguintes esclarecimentos:
1.
Quantos enfermeiros, dos 150 enfermeiros anunciados para o reforço nas unidades
de saúde pública foram integrados nos ACES dos 10 concelhos de risco elevado?
1.1 - Qual a
distribuição por estas unidades de saúde?
2.
Qual o número médio de dias para estabelecimento do primeiro contacto pelas
autoridades de saúde aos doentes Covid-19 em isolamento e contactos de casos
positivos em isolamento profilático nos concelhos supramencionados?
3.
O Ministério da Saúde confirma atrasos de 7 a 14 dias nas situações de
acompanhamento, pelas autoridades de saúde, a infetados Covid-19 e de contactos
em isolamento profilático?
4.
O Governo tem conhecimento de falhas ou dificuldades no atendimento telefónico
nas unidades de saúde pública? Continua a ser assegurado o serviço de
atendimento telefónico nestas unidades para outras situações de saúde pública?
5.
Qual o rácio de delegados de saúde e de coordenadores por número de habitantes
designados nos ACES destes 10 concelhos?
6.
O Ministério da Saúde pondera o reforço da contratação de administrativos
clínicos, delegados de saúde, médicos e enfermeiros para responder às
dificuldades enfrentadas pelas unidades de saúde pública e pelas unidades
locais de saúde no combate à pandemia?
O Grupo Parlamentar
Os Verdes
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