Tertúlia marcou arranque das comemorações
dos 45 anos do 25 de Abril
A tertúlia “45 anos de
Abril: conquistas e novos desafios” e uma sessão extraordinária da Assembleia
Municipal assinalaram o arranque das comemorações que o Município de Esposende agendou
para celebrar o aniversário da “Revolução dos Cravos”. Amplamente participada,
a tertúlia foi precedida pela performance “Sopro de Liberdade”, pelo Coro de
Pequenos Cantores de Esposende que evocou a efeméride com diversas canções de
intervenção.
Volvidos 45 anos, o que
falta para cumprir Abril? O mote lançado pela moderadora da tertúlia, Sandra Sá
Couto, levou a historiadora Raquel Varela a questionar a razão pela qual “temos
tão pouco povo a eleger os políticos”. A historiadora contextualizou, apontando
que “nos anos após a Revolução, as pessoas não eram apenas chamadas a votar.
Participavam em diversas formas de cidadania”, pelo que defende “formas de
democracia que aproximem as pessoas”.
José Ribeiro e Castro aponta
a razão “da crise da democracia representativa”, no facto de “não estar a ser
cumprida a Constituição”, nomeadamente a norma emanada da revisão de 1997 que “permite
a escolha do partido e do deputado”. Para Ribeiro e Castro “é preciso
restabelecer o encanto da política”.
No mesmo sentido, o
presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim Pereira, defende para os
políticos, “uma postura de trabalho e prestação de contas. Os políticos devem
estar expostos à avaliação pelo trabalho que desenvolvem e não pelas cenas de teatro
em que se transformou a política”.
Bernardo Branco Gonçalves,
fundador da Plataforma MyPolis, que tem como grande objetivo aproximar os
jovens da política, “as coisas acontecem de forma muito rápida”, pelo que não
se coaduna que “o contributo do povo aconteça apenas de quatro em quatro anos”.
Quanto à participação dos jovens, Bernardo Gonçalves descobre-a em fóruns que
não estão diretamente ligados à política.
No dia 25 de abril, a
evocação da efeméride iniciou-se com uma sessão extraordinária da Assembleia
Municipal de Esposende, na qual os alunos da Escola Básica de Mar e seus professores apresentaram a
peça “Espozende, tempos difíceis”.
O presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim
Pereira apontou o poder local democrático como “uma das maiores conquistas do
25 de Abril, aquele que terá sido o instrumento maior da efetiva melhoria das
condições de vida dos portugueses”.
Para Benjamim Pereira, o
desafio que se coloca ao autarca é “viver
o presente, construindo um futuro melhor para todos, todos os dias, correndo
riscos, mas acreditando nas nossas convicções e acima de tudo respeitando o
povo que nos elegeu”. Por isso, considera ser uma “tarefa difícil, mas nobre.
Um desafio que impõe sempre superação e que não admite falhas ou hesitações, um
exercício que exige coragem e determinação porque implica sempre a sobreposição
do interesse público ao interesse particular!”
Por seu turno, o presidente
da Assembleia Municipal, Agostinho Silva defendeu lembrou
que em
esposende "cumprem-se os desígnios de abril e os princípios
democráticos outrora conquistados. A Assembleia Municipal
funciona com respeito, consenso e união naquelas matérias que
interessam aos nossos munícipes e em plena sintonia com o Executivo Municipal, sempre
com o propósito de fazer o melhor em prol do nosso concelho, nas mais diversas
áreas. A situação financeira do município assim o permite", concluiu.