domingo, 24 de julho de 2016

39ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde

«A tradição a gostar dela própria»

Que som tem uma roda de oleiro? E qual a sonoridade de um antigo tear ou do martelo que bate na bigorna? Já ouviu o cantar dos bilros?

Na maior e mais antiga Feira Nacional de Artesanato do País, as artes tradicionais portuguesas cruzam-se com os sons dos instrumentos. Das mãos hábeis dos artesãos, que emprestam o seu saber e mestria para a conceção das mais variadas peças, nascem também violas, assobios, ferrinhos e flautas… De todos os tamanhos e cores. E com as sonoridades mais típicas e diversas do nosso Portugal, em destaque, este ano sob orientação do etnomusicólogo Tiago Pereira, criador do projeto «A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria».

No âmbito da parceria com o referido projeto, a Feira Nacional de Artesanato irá destacar os “Artesãos do Som”, com a presença de cerca de duas dezenas de artesãos de instrumentos musicais que, ao vivo, irão demonstrar os seus talentos e mestria na construção de cordofones (instrumentos musicais em que o som é produzido por uma corda tensa), idiofones (instrumentos em que o som é produzido pelo corpo do instrumento), membranofones (instrumentos cujo som resulta de uma membrana, ou de uma pele esticada) e aerofones (instrumentos em que o som é produzido pela vibração do ar). 

No topo central do recinto do evento, estará patente uma exposição com as «13 Fases de Construção de Um Cavaquinho», baseada no espólio que o artesão Domingos Machado reúne no Museu dos Cordofones, em Tebosa, Braga. Inaugurado em 1995, é um museu privado criado pelo artesão violeiro que mantém a mais completa coleção de cordofones portugueses: guitarras, cavaquinhos, banjos, banjolins e bandolins, violas clássicas e violas típicas (beiroa, braguesa, da terra). O espólio engloba ainda exemplares de instrumentos antigos, apetrechos musicais, objetos ligados à arte musical portuguesa, uma biblioteca e uma discoteca.

A Feira Nacional de Artesanato
Já com os olhos postos na edição do próximo ano, em que celebra quatro décadas consecutivas de existência, a 39ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde decorre entre 23 de julho e 7 agosto, nos Jardins da Av. Júlio Graça, com organização da Associação para Defesa do Artesanato e Património e Câmara Municipal de Vila do Conde.  A entrada é livre.
Sendo o maior evento do género realizado em Portugal, mobilizando cerca de 200 artesãos e uma média de 400 mil visitantes por ano, as expetativas para a presente edição apontam para mais um certame que irá de encontro ao sucesso consolidado.
Em pleno coração da cidade, será possível apreciar o melhor e mais tradicional artesanato português, representativo das diferentes regiões do país. E se ao artesanato e à música, juntarmos os sabores da gastronomia portuguesa, é certo que estão reunidos os motivos necessários para uma visita obrigatória a Vila do Conde.


Dia da Rendilheira  
Todos os anos, a organização da Feira Nacional de Artesanato presta homenagem às rendilheiras de Vila do Conde, naquele que é considerado um dos momentos mais mediáticos de todo o evento, pelo seu simbolismo e pela sua importância enquanto motor de salvaguarda de uma tradição vila-condense ancestral: o Dia da Rendilheira.
Assim, no dia 31 de julho, no recinto da FNA irão concentrar-se cerca de duas centenas de rendilheiras, trabalhando ao vivo nas suas almofadas e produzindo aquele que é o ex-libris do artesanato local: as Rendas de Bilros.

Exposição de Fotografia
Da olaria figurativa à cerâmica, do têxtil ao trabalho do vidro, dos bordados às rendas de bilros, passando pela filigrana, ao trabalho da pedra sabão, latoaria e muitos outros, são uma multiplicidade de saberes e artes tradicionais, que mapeiam o território de norte a sul do país, passando pelas regiões Autónomas do Açores e da Madeira, registadas por fotógrafos amadores e profissionais.
A exposição resulta do concurso de fotografia da edição da Feira Nacional de Artesanato de 2015, e que visa contribuir para a valorização das artes e ofícios tradicionais portugueses, enquanto património cultural, através da dimensão estética, documental e pedagógica da fotografia. Ao mesmo tempo, é intenção desta iniciativa a promoção, dinamização e dignificação da atividade artesanal e dos seus obreiros, enquanto criadores de riqueza e guardiões de artes e saberes que integram a nossa identidade e contribuindo paralelamente para a diversidade das expressões culturais, protegidas e promovidas pela convenção da UNESCO, celebrada em Paris em 2005.
A exposição será inaugurada, no Teatro Municipal de Vila do Conde, dia 23 julho, pelas 18h00, e ficará patente até 31 agosto. A Entrega de Prémios está agendada para o dia 24 de julho, no recinto da FNA, contando com um debate em que estarão presentes Olívia Marques da Silva, Coordenadora da Área de Conhecimento de Fotografia da ESMAE, e Maria do Carmo Serén, Historiadora e Investigadora do CITCEM/FLUP.
Subscreve-se com esta exposição a 25ª edição do Concurso Fotografia, iniciativa lançada pela organização da Feira Nacional de Artesanato em 1991. Um quarto de século em que mais de 890 autores apresentaram cerca de 6.000 trabalhos, consolidando, assim, o desafio lançado.

Concurso de Fotografia
A exemplo de anos anteriores, realizar-se-á mais um Concurso de Fotografia, inserido no programa da Feira Nacional de Artesanato, tendo por objetivo a promoção do artesanato como parte integrante do Património Cultural Português, das nossas tradições, memória e identidade, bem como a extensão estética e afirmação da fotografia como meio de fruição, expressão, divulgação e arquivo do património cultural.
O tema do concurso “Fotografia FNA 2016” inscreve-se no próprio teor da Feira Nacional de Artesanato de Vila Conde: manter vivas e operatórias as artes tradicionais portuguesas, não apenas como material antropológico que tende a representar, mas como fonte de criatividade de ideias e materiais perfeitamente inseridas na economia social contemporânea.
A palavra-chave é a preservação da identidade no caminho da mudança e o recurso a atividades que proporcionavam o saber-fazer e a ligação do homem com o meio e a sua obra em todo o seu percurso de produção, objetivo que implica o tema da feira e do concurso fotográfico.   

Horário da FNA
2ª a 5ª. – 17h00 às 24h00
6ª. e sab – 15h00 às 00h30
Dom – 15h00 às 24h00

ENTRADA LIVRE