Face à situação insustentável que se vive no presente ano letivo, com o caos instalado nas escolas de ensino artístico especializado por falta de financiamento – decorrente de atrasos e erros cometidos pelo Governo - “Os Verdes” entregaram na Assembleia da República um Projeto de Resolução que recomenda a regularização urgente do pagamento das verbas devidas a estas escolas.
Com esta iniciativa legislativa, o PEV pretende ainda que o Governo promova diligências para que nenhuma das escolas em causa deixe de prestar o ensino artístico especializado, no presente ano letivo. Pretende também que estas escolas sejam libertadas de quaisquer encargos adicionais com entidades externas, causados pelos atrasos no pagamento de verbas e que o Parlamento seja informado, de forma detalhada, sobre a referida regularização financeira às escolas de ensino artístico. Por último, “Os Verdes” recomendam ao Governo que reponha o financiamento a estas escolas através do Orçamento de Estado.
Para “Os Verdes”, são inqualificáveis os erros cometidos pelo Governo em todo este processo. O PEV considera, ainda, que esta situação é mais uma demonstração do desrespeito, da displicência e da incompetência do Governo em relação à educação neste país e, perante os factos, importa que a Assembleia da República intervenha no sentido de propor uma solução para a salvaguarda, no imediato, do ensino artístico especializado, razão que leva o Grupo Parlamentar Os Verdes a apresentar o presente Projeto de Resolução que será discutido em plenário na próxima quinta-feira, dia 26 de Fevereiro.
O Grupo Parlamentar “Os Verdes”
Lisboa, 23 de Fevereiro de 2015
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 1268/XII/4ª
REGULARIZAÇÃO DE PAGAMENTOS ÀS ESCOLAS DE ENSINO ARTÍSTICO
ESPECIALIZADO
Nota justificativa
Os
sucessivos Governos não investiram na valorização e na generalização a todo o
território nacional do ensino artístico, facto demonstrado pela existência de
apenas pouco mais de meia dúzia de escolas públicas de ensino artístico
especializado, localizadas em Lisboa, Coimbra, Aveiro, Porto e Braga. Das cerca
de 115 escolas deste ensino especializado, apenas aquela margem residual é
pública, incluindo-se todas as outras no ensino particular e cooperativo.
Com
estas últimas escolas o Estado celebra contratos de financiamento anuais,
financiados por via do Programa Operacional Potencial Humano (POPH). Ocorre que
no presente ano letivo se tem evidenciado o caos no que a esta questão diz
respeito, decorrente do atraso das candidaturas e dos contratos, com a
respetiva falta de financiamento, que gerou inúmeras situações de atrasos
salariais e incapacidade de pagamento de outro conjunto de compromissos que as
escolas têm, incluindo com as finanças e a segurança social. Aconteceu mesmo o
caso de escolas de ensino artístico especializado que, estranguladas por esta
situação, viram-se na iminência ou mesmo forçadas a encerrar portas, como
aconteceu com a de Almada.
Perante
esta situação insustentável, o Ministério da Educação entendeu remeter a
responsabilidade para o Tribunal de Contas, questão que levou o Presidente desse
Tribunal a declarar publicamente que o problema residiu no facto do Governo ter
cometido atrasos e outros diversos erros nos processos de candidatura e de
contratos, o que obrigou à sua devolução para devida correção.
Aos
erros indesculpáveis cometidos pelo Ministério da Educação ao nível da
colocação de professores no presente ano letivo, de que bem nos recordamos
devido aos inúmeros prejuízos que causou a tantos doentes, alunos e famílias, acrescem
estes erros inqualificáveis em relação aos processos para financiamento das
escolas de ensino artístico especializado. Esta situação é mais uma
demonstração do desrespeito, da displicência e da incompetência do Governo em
relação à educação neste país.
Importa,
perante estes factos, que a Assembleia da República intervenha no sentido de
propor uma solução para a salvaguarda, no imediato, do ensino artístico
especializado, razão que leva o Grupo Parlamentar Os Verdes a apresentar o
presente Projeto de Resolução:
Ao abrigo das disposições
constitucionais e regimentais aplicáveis, a Assembleia da República delibera
recomendar ao Governo que:
1.
Regularize urgentemente o pagamento das verbas devidas às escolas de
ensino artístico especializado.
2.
Promova diligências imediatas para que nenhuma das escolas em causa
deixe de prestar o ensino artístico especializado no presente ano letivo, por
razões relacionadas com o atraso da atribuição de verbas.
3.
Liberte as escolas em causa de quaisquer encargos adicionais com
entidades externas, causados pelos atrasos no pagamento de verbas.
4.
Envie à Assembleia da República, no prazo de um mês,
informação detalhada sobre a referida regularização financeira às escolas de
ensino artístico especializado.
5.
Reponha o financiamento a estas escolas através do Orçamento de Estado.
Assembleia
da República, Palácio de S. Bento, 19 de fevereiro de 2015
Os Deputados
Heloísa Apolónia José
Luís Ferreira