sábado, 5 de dezembro de 2009

O Largo dos Pexinhos,







"sempre a recordar, para sempre recuperar..."
Quando? Quando? Quando?
Quem espera, não desespera, isto para já!...
Tinha sete aninhos já feitos, quando o Carlinhos da Jandira, em pleno Inverno, saiu de casa de botas de pneu de avião, bem sebadas, aí vai ele, com os bolsos cheios de miolinho de broa, para o seu jardim, dar de comer aos peixinhos vermelhos, eternos amigos.

Numa grande correria pela calçada velha da ex-Rua General Roçadas, actual Rua Ventura Terra, o Carlinhos com o casaquinho a esvoaçar ao vento frio, que atormentava o seu rosto infantil.
Quando o Carlinhos chegou ao jardim, um ambiente se surpresa e de festividade "fertilizou" os seus olhinhos. Pôs a mão na sua cabecinha, limpou o "corropio" de restos de "neblina matinal", marca de nascença, e parou no tempo....
O jardim tinha em seu redor uma fita larga e os bancos ripados estavam cobertos por panos.
Estavamos no dia 24 de Dezembro de 1957 e o que ia acontecer nesse dia?

O Carlinhos passou por debaixo da fita e sentou-se muito comodamente, num dos bancos cobertos com um tecido escuro, a condizer com o tempo invernoso desse domingo.Vou chamar o Abel da Batata para ver isto, pensou ele para os seus botões!
Sentou-se e de repente ouviu uma voz, ao longe, com ar ameaçador. O Carlinhos olhou, olhou e não teve tempo de olhar mais porque o saudoso "Zé da Vila", funcionário abnegado e responsável da Câmara, já estava perto dele.
-Sai daí rapaz senão levas uns cachaços"!
Claro que o Carlinhos só parou no Largo Rodrigues Sampaio, perto da Casa do Coutinho, que já tinha o armazém e mercearia abertos aos clientes matinais.
Pois ,nesse dia, 24 de Novembro de 1957 ia ser inaugurado o busto de pintor Henrique Medina, uma homenagem dos esposendenses.
Hoje o Largo dos Peixinhos é uma afronta a todos nós, esposendenses que amamos a nossa terra e que agora apenas se vêem quinze "malgas" com flores, uns repuxos já defuntos, uns bancos "estropiados" e uma floresta de pedrinhas e "ardósias saltitonas".
Tenho convicção da promessa do Presidente da Câmara de Esposende, João Cepa, para o novo Projecto, por sinal, interessante e bonito, para este espaço que até afronta os peixinhos...
Enquanto observar este triste panorama paleolítico do Largo dos Peixinhos, continuarei a escrever sempre, sempre, até ser ouvido...
Felizmente o que sinto é compartilhado por quase todos os esposendenses até os que vivem no Brasil!
Um abraço para os que lerem este depoimento que retrata o sentir do âmago do meu coração.
Tenho tantas lembranças felizes do Largo dos Peixinhos que demoraria imenso tempo em descrevê-las.
O "Largo dos Peixinhos" era como um "clube de brincadeira" para dezenas e dezenas de crianças do meu tempo e constituía como as "Escolinhas" dos jogadores da ADE actual! Não é verdade Zé Rego?
Carlos Barros
O Carlinhos pensou com a sua ingenuidade que os panos eram para proteger os bancos pintados e novinhos em folha do mau tempo que assolava Esposende ... Aquilo era luxo, pensava ele, tiritando de frio!

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