segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Município de Esposende

Município de Esposende cria Prémio Literário Manuel de Boaventura
O Município de Esposende vai instituir o Prémio Literário Manuel de Boaventura, de acordo com deliberação aprovada, por unanimidade, em reunião do executivo municipal.
A medida enquadra-se na ação cultural do Município e será efetivada em 2017, ano em que a Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura, com sede no edifício atual, celebra o 25.º aniversário, cumprindo uma justa homenagem ao escritor Esposendense, patrono da Biblioteca desde 1996.
Reconhecendo a importância do escritor e da sua obra, o Município entendeu instituir um prémio literário em sua homenagem. Neste sentido, decidiu dar início ao procedimento administrativo de elaboração do Regulamento, que defina as condições do Prémio Literário. Os interessados podem apresentar os seus contributos até ao próximo dia 16 de setembro, através de comunicação escrita dirigida ao Presidente da Câmara Municipal, contendo o nome completo, morada ou sede, profissão, número de identificação fiscal e o respetivo endereço de correio eletrónico. As sugestões podem ser entregues pessoalmente nas instalações da Câmara Municipal, na Praça do Município, 4740-223 Esposende, ou enviadas através do fax 253 960 176 ou do correio eletrónico biblioteca.municipal@cm-esposende.pt

Embora a designação dada à Biblioteca Municipal tenha contribuído para divulgar o nome de Manuel de Boaventura, a criação de um Prémio Literário com o seu nome, na modalidade do romance e conto irá suscitar, seguramente, um maior interesse pelo conhecimento da sua vida e obra. É também neste pressuposto que o Município tem em perspetiva a reedição das suas obras, há muito esgotadas, estando já a preparar a reedição do livro “O Solar dos Vermelhos” (1909).
Manuel Joaquim de Boaventura nasceu a 15 de agosto de 1885, na freguesia de Vila Chã, e faleceu a 25 de Abril de 1973, vítima de um acidente de viação. Com o casamento, em 1906, fixou residência no lugar de Susão, na freguesia de Palmeira de Faro, onde escreveu toda a sua obra literária, composta por dezenas de títulos e uma notável colaboração jornalística nas principais revistas e jornais nacionais. Foi professor, subinspetor e diretor escolar da região.
A sua paixão pela cultura local, pelos hábitos e costumes do Minho, pelo linguarejar típico, levaram-no a coligir e publicar uma extraordinária obra, Vocabulário Minhoto. Nos seus romances e contos, reconhece-se a escrita da terra, os vocábulos lugareiros, as romarias e festas, o mundo maravilhoso de lendas, bruxas, gnomos, lobisomens, fadas e diabos, a narrativa humorística e emotiva dos costumes e paisagens de Entre Douro e Minho, especialmente o seu “terrunho” natal.
Em 1961, o jornalista e escritor Guedes de Amorim escreveu no “Século Ilustrado” um artigo intitulado “Manuel de Boaventura, Um grande escritor”, onde se lê “Devotado a uma obra já mui avultada, tanto em quantidade como qualidade, alia-se em Manuel de Boaventura, a nobreza de bem servir a literatura a uma ativa e (silenciosa) insatisfação. O Minho é o seu jardim e a sua biblioteca. Os contos de Boaventura representam mesmo em confronto com os de Camilo, das mais belas páginas que as terras, as gentes e os costumes minhotos têm inspirado. A par do ficcionista, em que o prosador e o poeta tão alto têm subido, neste altíssimo homem de letras salienta-se, igualmente, o etnólogo, o investigador atento da literatura oral que o povo, de geração para geração, tem transmitido”.