quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A segurança de crianças e jovens na internet

Fernando Rites

Portugal destaca-se como um dos países mais conectados da Europa, com números impressionantes de utilização digital. No entanto, o avanço da conectividade vem acompanhado de desafios significativos, especialmente no que diz respeito à segurança de crianças e jovens no ambiente online.

Segundo o relatório da DataReportal sobre Portugal em 2024, o país conta com 8,84 milhões de utilizadores de internet, o que representa uma taxa de penetração de 86,4%. Além disso, 7,43 milhões de portugueses utilizam redes sociais, número que equivale a 72,6% da população total. O país também possui 14,26 milhões de conexões móveis ativas, superando amplamente sua população total, com uma taxa de 139,3%. No que diz respeito ao tempo de uso, os portugueses gastam, em média, 7 horas e 30 minutos por dia online, superando a média global de 6 horas e 40 minutos. Para mais detalhes, consulte o relatório completo no DataReportal.

Embora a internet conecte pessoas, facilite o aprendizado e ofereça acesso a informações, ela também expõe os utilizadores mais vulneráveis, como crianças e adolescentes, a riscos digitais. Entre os perigos mais comuns estão o ciberbullying, o grooming (assédio por predadores online), a exposição a conteúdos inadequados e o furto de dados pessoais. Estes riscos refletem problemas sociais que se projetam para o ambiente digital, permitindo que indivíduos mal-intencionados entrem na vida de jovens sem barreiras físicas.

Garantir a segurança de crianças e jovens na internet requer uma abordagem integrada, envolvendo famílias, escolas e plataformas digitais. As escolas desempenham um papel essencial ao incorporar a literacia digital nos currículos escolares. Essa educação deve ensinar os jovens a reconhecer comportamentos suspeitos online, identificar conteúdos falsos ou inapropriados e compreender noções básicas de privacidade e segurança de dados.

Os pais também precisam estar capacitados para desempenhar um papel ativo na proteção digital dos filhos. Isso inclui monitorizar o uso da internet de maneira equilibrada, sem invadir a privacidade, manter um diálogo aberto sobre os perigos digitais e utilizar ferramentas de controlo parental disponíveis em dispositivos e aplicações.

As plataformas digitais, por sua vez, como a Meta, Google e ByteDance, têm a responsabilidade de melhorar seus sistemas de segurança. É essencial que invistam no desenvolvimento de algoritmos capazes de bloquear conteúdos nocivos, forneçam informações claras sobre políticas de proteção e ofereçam canais fáceis e acessíveis para denúncias de comportamentos suspeitos.

Outro passo importante é a realização de campanhas públicas de sensibilização, com alcance nacional, para educar jovens e adultos sobre os riscos online e as medidas de proteção disponíveis. Essas iniciativas podem reforçar a conscientização coletiva sobre o uso responsável da internet e incentivar práticas seguras.

Por fim, é fundamental ensinar às crianças e jovens boas práticas online, promovendo comportamentos saudáveis. Eles devem ser incentivados a não partilhar informações pessoais publicamente, recusar solicitações de amizade de estranhos e reportar ou bloquear perfis que considerem suspeitos.

Portugal é uma nação profundamente conectada, mas com essa conectividade vem também a responsabilidade de proteger os mais vulneráveis. Garantir a segurança de crianças e adolescentes no ambiente digital é uma tarefa que vai além do âmbito individual, exigindo um esforço coletivo que envolve famílias, educadores, plataformas tecnológicas e autoridades governamentais.

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