Câmara Municipal de Esposende reedita
“Contos do Minho” de Manuel de Boaventura
A Câmara Municipal
de Esposende iniciou, em 2016, um projeto de valorização da vida e obra do
escritor Manuel de Boaventura, patrono da Biblioteca Municipal. Além de ter instituído
o Prémio Literário, o Município de Esposende desenvolveu diversas iniciativas,
entre as quais se destaca a reedição crítica das obras mais representativas do
escritor.
Assim, foram reeditadas as obras “O Solar dos Vermelhos” (2017); “Crimes dum Usurário” (2018), “No Presidio, Memórias dum conspirador” (2019) e, em 2020, “Contos do Minho”, numa coleção de capa dura, com fixação de texto de Sérgio Guimarães de Sousa e estudos introdutórios do mesmo e de Manuel Albino Penteado Neiva.
Considerando que
2020 é um ano excecional, devido à crise pandémica que nos assola, a sessão de
lançamento da obra “Contos do Minho” foi sucessivamente adiada, esperando uma
melhoria das condições sanitárias, o que não veio a verificar-se.
O Município de
Esposende entende ser seu dever colocar à disposição do público o mais recente
livro da coleção “Obras de Manuel de Boaventura”, intitulado “Contos do Minho”,
mesmo sem a habitual sessão de lançamento.
O preço de venda
ao público é de dez euros e pode ser adquirido na Biblioteca Municipal Manuel
de Boaventura e nas livrarias locais que manifestem interesse, beneficiando de
um desconto de consignação previsto nas deliberações municipais.
De referir que, paralelamente
à reedição da obra do escritor, da continuação da atribuição do Prémio
Literário, cujo concurso relativo 2020 se encontra aberto, da inventariação e
estudo do espólio doado ao município, está na fase final o processo de
aquisição da Casa do escritor, em Palmeira de Faro, que será transformada em
Casa Museu.
Manuel Joaquim de Boaventura nasceu a 15 de agosto de 1885,
na freguesia de Vila Chã, Esposende, e faleceu em Esposende a 25 de abril de
1973, vítima de um acidente de viação.
Em 1906 e por casamento com D. Ana da Conceição de Azevedo fixou
residência no lugar de Susão, na freguesia de Palmeira de Faro, Esposende, onde
escreveu toda a sua obra literária, composta por dezenas de títulos e uma
notável colaboração jornalística nas principais revistas e jornais nacionais, a
par da sua atividade como professor.
Manuel de
Boaventura conviveu com os principais autores da sua época (José Régio, João de
Araújo Correia, Ferreira de Castro, Joaquim Paços d’Arcos, entre vários
outros), e foi reconhecido como um escritor de nomeada.
Sérgio Guimarães de
Sousa, reconhecido especialista de literatura refere, no texto introdutório da
reedição d’ “O solar dos Vermelhos”, (2017), que, logo após Camilo, teria sido quem melhor soube prosseguir a conversão
da ruralidade do Minho em lugar mítico da criação literária, preservando o legado
etnográfico e popular da região.
Já em 1961, o jornalista e escritor Guedes
de Amorim escreveu no Século Ilustrado
um artigo intitulado “Manuel de
Boaventura, Um grande escritor”, onde advoga que “os contos de Boaventura representam, mesmo em confronto com os de
Camilo, das mais belas páginas que as terras, as gentes e os costumes minhotos
têm inspirado”.
Apaixonado pelo
folclore, fundou a Ronda de Vila Chã, Esposende, que, rapidamente, granjeou
reputação de nomeada, mantendo-se ainda hoje como um dos mais genuínos ranchos
do norte do país.
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