O Municipio de Esposende distinguiu, com o Prémio Literário Manuel de Boaventura, o escritor José Eduardo Agualusa pelo romance “Mestre dos Batuques”. Nesta quinta edição do prémio literário foram submetidas a concurso 201 obras, provenientes de vários países de língua oficial portuguesa.
O Presidente da Câmara Municipal destacou a dimensão local e universal da obra de Manuel de Boaventura, sublinhando que o escritor “fala destas terras, das suas gentes e dos seus costumes, projetando-os no mundo”. Carlos Silva referiu ainda a relação simbiótica entre o autor premiado e o galardão: “É importante para Agualusa, porque recebe um prémio de grande prestígio, mas também é importante para o Prémio Manuel de Boaventura, porque a obra de Agualusa amplia a sua projeção”.
Impedido de estar presente na cerimónia, que decorreu no Auditório Municipal de Esposende, José Eduardo Agualusa fez-se representar pelo seu editor, Francisco José Viegas, tendo enviado uma mensagem em vídeo na qual agradeceu ao Município de Esposende “pela criação e manutenção deste prémio” e ao júri “pelo generoso reconhecimento”. O escritor afirmou sentir-se honrado por integrar o grupo de vencedores, referindo que o prémio “se está a transformar numa espécie de confraria literária”.
Agualusa sublinhou ainda a importância dos prémios literários, afirmando que “não mudam o mundo, mas podem transformar o trabalho de um escritor, oferecendo-lhe tempo, visibilidade e fôlego para continuar”, considerando o galardão “um estímulo precioso, recebido com alegria e gratidão”.
Francisco José Viegas, escritor e editor da Quetzal, recebeu o prémio em representação do autor e agradeceu à família de Manuel de Boaventura e à Câmara Municipal de Esposende por manterem vivo um prémio que “faz dos autores embaixadores da literatura e do próprio Prémio Manuel de Boaventura um embaixador da literatura em todo o lado”. Recordou ainda a ligação de José Eduardo Agualusa ao litoral norte de Portugal e o início da relação do autor com a editora, nos anos 1980.
O júri do Prémio Literário Manuel de Boaventura 2025, constituído por Sérgio Guimarães de Sousa (Universidade do Minho), Fernando Alexandre Lopes (Escola Superior de Educação de Viseu) e Maria Luísa Leite, em representação do Município de Esposende, deliberou por unanimidade atribuir o prémio ao romance Mestre dos Batuques. Para o presidente do júri, Agualusa é “um dos grandes autores da lusofonia”, capaz de transmitir uma mensagem de multiculturalidade, tolerância e forte ressonância política, num mercado literário de dimensão universal.
De periodicidade bienal e com um valor pecuniário de 7.500 euros, o Prémio Literário Manuel de Boaventura distingue obras de criação narrativa, nas modalidades de romance ou conto. Desde a sua criação, em 2017, o prémio já distinguiu autores como Ana Margarida de Carvalho, Filipa Martins, Mia Couto, Giovana Madalosso e Rui Couceiro.
Na sequência da instituição do prémio e da reedição da obra romanesca de Manuel de Boaventura, o autor esposendense tem vindo a ganhar maior projeção nacional, estando os seus livros disponíveis para consulta e empréstimo nas principais bibliotecas do país. Para o próximo ano está prevista a edição do último volume da coleção, intitulado “Vocabulário Minhoto”, dedicado ao linguajar de Entre Douro e Minho.
A cerimónia de entrega do Prémio Literário Manuel de Boaventura foi abrilhantada por momentos musicais protagonizados por Marta Vilaça e Joana Lamela, com a curiosidade de esta última ser trineta de Manuel de Boaventura.


