O livro “Patrimónios Emersos e Submersos – do Local ao Global”, obra que narra todo o processo de investigação desencadeado, em Esposende, com a descoberta do Naufrágio Quinhentista de Belinho, foi hoje apresentado, no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio. A ação integrou a programação das Jornadas Europeias do Património, reforçando a projeção que o naufrágio de Belinho confere, inserindo Esposende nas principais rotas mundiais do comércio Quinhentista.
A publicação baseia-se num projeto de investigação multidisciplinar, centrada no Património Cultural Subaquático e Costeiro de Esposende que, em 2014, conheceu atenção redobrada, quando foram descobertos vestígios de um navio quinhentista ao largo de Belinho. Este achado notável, datado do século XVI, faz parte de várias “Rotas, Redes e Conexões” da época e constitui um património único de valor nacional e internacional.
A vereadora com a área funcional da Cultura, Alexandra Roeger, agradeceu “a todos os que têm contribuído para que este projeto prossiga. A continuidade dos estudos permitirá conhecer melhor o nosso passado e perspetivar o futuro”.
O trabalho desenvolvido mereceu a atribuição do prémio de Mérito da “Society for Historical Archaeology”, ao Serviço de Património Cultural, pela preservação do património cultural subaquático envolvendo voluntários, académicos e população. A coordenadora do Serviço, Ana Almeida, destacou que “a partilha de conhecimento assume, nos nossos dias, as novas ‘Rotas, Redes e Conexões’ “.
Neste livro pode-se conhecer o processo de inventariação, estudo e conservação dos objetos recolhidos, a artilharia que o navio transportava ou o processo de investigação da madeira do navio. Ana Almeida destacou a importância da ação de reportar o achado aos serviços municipais, “acautelando qualquer tipo de pilhagem”.
A sessão contou com a presença de João Sá e Alexandre Sá, esposendenses em representação do grupo de achadores que encontraram os primeiros vestígios do Naufrágio Quinhentista de Belinho. “Descobrimos as peças em metal e alertamos os serviços municipais. Tem sido gratificante colaborar, com grande emoção, por encontrar objetos com 500 anos que pertenciam a pessoas”, disse João.
O investigador Alexandre Monteiro, em representação da equipa do projeto que inclui estudiosos de várias instituições de ensino superior, de diferentes países, vincou a importância desta descoberta, na medida em que “há pouco conhecimento sobre as naus e as caravelas portuguesas. Em Esposende reuniu-se uma equipa que fez com que esta descoberta fosse investigada”.
O investigador alertou para “o potencial arqueológico que está no fundo do mar de Belinho”, razão que deve assistir “à continuidade da investigação“.
Da equipa do projeto fazem parte técnicos do Município de Esposende e investigadores, uma equipa com submarinos autónomos do Laboratório de Sistemas e Tecnologia Subaquática (LSTS) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, entre outros.
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