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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Esposende convida a refletir sobre impacto de catástrofes em sítios arqueológicos

 

18 de abril - Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

 

Como forma de assinalar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que se comemora hoje, 18 de abril, subordinado à temática “Catástrofes e conflitos à luz da carta de Veneza”, o Município de Esposende desenvolveu uma dinâmica em torno da exposição “Mar de Histórias”, patente no Centro Interpretativo de S. Lourenço, que envolveu cerca de 200 participantes, entre professores e alunos do 7.º ano de escolaridade.

 

Este ano pretende-se refletir sobre os atuais desafios à escala global, como as alterações climáticas, as catástrofes naturais e os conflitos. As zonas costeiras são, desde há milénios, regiões muito dinâmicas e sujeitas a uma grande diversidade de agentes naturais e antrópicos. As alterações climáticas, devido ao aumento do nível médio global do mar, estão a provocar maior frequência de valores extremos do nível local do mar. Estas tendências têm provocado maior erosão costeira, nomeadamente provocando galgamentos e inundação temporária de zonas litorâneas, das quais decorre a exposição e/ou descoberta de elementos naturais e antrópicos até então desconhecidos. Pese embora este fenómeno de forte erosão costeira, em muito potenciada por fenómenos climáticos extremos como fortes tempestades, no caso do litoral de Esposende têm vindo a ser descobertos, ao longo dos últimos anos, sítios arqueológicos, com milhares de artefactos que remontam a milhares de anos.

 

Exemplo destas circunstâncias foi particularmente o inverno de 2013-2014, o qual se pautou por um número invulgarmente elevado de temporais no Atlântico Norte e que afetaram o litoral Oeste de Portugal.  A ondulação provocada por alguns destes temporais mais intensos - especialmente a tempestade Hércules - causou prejuízos muito avultados no litoral da Noruega, Dinamarca, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, França, Espanha e Portugal.

No entanto, esta tempestade e cidadãos ativos permitiram a descoberta do naufrágio quinhentista de Belinho, profundamente divulgado ao nível nacional e internacional, como é o caso do artigo mais recente, publicado na reputada revista Journal of Maritime Archaeology da editora Springer, intitulado "Metal objects were much desired. A 16th century shipwreck cargo off the coast of Esposende (Portugal) and the importance of studying ship cargos". É exclusivamente dedicado à carga do navio de Belinho e encontra-se disponível para consulta gratuita on-line. Ainda sobre esta matéria, poderá ser consultado gratuitamente, no repositório da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), o trabalho “Depois do mar | A coleção de estanho e de latão de Belinho (Esposende)”, de Elisa Frias-Bulhosa, estagiária do Serviço de Património Cultural em 2022/23, realizado no âmbito do Mestrado em História da Arte, Património e Cultura Visual da FLUP, que obteve a classificação de 20 valores.

 

Importa refletir sobre o impacto que estes episódios vão tendo em sítios arqueológicos até agora desconhecidos; sobre como temos vindo a atuar para registar os vestígios, recuperar os artefactos e conservar os objetos; que dados têm sido obtidos com o trabalho desenvolvido por diversas equipas inter e transdisciplinares, tanto sobre os sítios como do respetivo espólio arqueológico agora revelados; e qual o papel dos cidadãos sobre estes locais.

 

Considerando que “um cidadão esclarecido, é um cidadão ativo”, as Jornadas Europeias de Arqueologia’ 2024 de Esposende, que decorrerão de 14 a 16 de junho, darão a conhecer os resultados mais recentes de trabalhos que têm vindo a ser realizados nos sítios arqueológicos costeiros de Esposende, como, por exemplo, a CASE (Carta Arqueológica Subaquática de Esposende) ou na Praia de Guilheta, em Antas. A adesão do Município a este evento europeu enquadra-se nas metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU e na estratégia de valorização do património arqueológico do território concelhio.

 

Para mais informações poderão entrar em contacto com o Centro Interpretativo de S. Lourenço, através do telefone 253 960 179, do e-mail arqueologia@cm-esposende.pt ou consultar a página de internet do Património Cultural do Municipio de Esposende, em https://www.municipio.esposende.pt/viver/patrimonio-cultural.