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sábado, 18 de novembro de 2017

4.º Seminário da RNCMR


4.º Seminário da RNCMR debateu
“A Etnografia e o Folclore do Mar de Esposende”
“A Cultura dos mares e dos rios está muito bem representada em Esposende”- afirmou o Presidente da Câmara Municipal de Esposende e da Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios (RNCMR), no 4.º Seminário desta Rede, que decorreu ontem, 17 de novembro, no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio, subordinado à temática “A Etnografia e o Folclore do Mar de Esposende”.



O evento, que integrou as comemorações do Dia Nacional do Mar, celebrado a 16 de novembro, promoveu a reflexão e o debate em torno do folclore e da etnografia do mar, não só no que diz respeito a Esposende, como também aos vizinhos concelhos de Viana do Castelo e da Póvoa de Varzim.

Na sessão de abertura, antecedida da projeção do filme “Esposende e o seu Folclore”, o Presidente Benjamim Pereira deu nota do envolvimento e do empenho do Município, que preside pelo segundo mandato consecutivo à RNCMR, na defesa, promoção e valorização do ambiente e do mar. Lembrou, a propósito, a criação da plataforma OMARE “Observatório Marinho de Esposende - Portal de Informação da Biodiversidade Marinha do Litoral Norte de Portugal”, publicamente apresentada no Dia Nacional do Mar, um projeto que resulta da parceria entre a Câmara Municipal de Esposende, a Universidade do Minho e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

Benjamim Pereira realçou que Esposende, enquanto município presidente da RNCM, abraçou um projeto de registo de tecnologias e de tradições associadas à cultura ribeirinha, fluvial e atlântica, que visa estudar para preservar e divulgar.

Aludindo ao 4.º Seminário da RNCMR, assinalou que o folclore mantém vivas muitas das tradições locais, que sobrevivem a par das danças e cantares nas atividades dos Ranchos ou Grupos Etnográficos, notando que  “Esposende apresenta ainda um património cultural  relacionado com o mar e com os rios Cávado e Neiva muito ativo”. Exemplificou com a Romaria de São Bartolomeu do Mar com o Banho Santo, candidata à Lista Nacional de Património Cultural Imaterial em 2016, com o artesanato do junco marítimo com um tipo de tecelagem e de cestaria de características pré-industriais que ainda se pratica em Forjães, ou a “apanha do sargaço” que ainda se faz para uso exclusivo na agricultura tradicional do concelho, usado depois de seco ao sol como fertilizante, e popularizada principalmente nas mareadas do sargaço, em Apúlia. Deu, ainda, nota do estudo da atividade agro-marítima sargaceira, candidatada a Património Cultural Imaterial em 2005 e atualmente na base do futuro núcleo museológico das paisagens do sargaço do litoral de Esposende.

Concluiu, agradecendo ao Almirante José Bastos Saldanha, um dos fundadores da RNCMR e seu Vice-presidente, representando a Sociedade de Geografia de Lisboa, o empenho e esforço deste organismo em promover a construção de ferramentas de preservação do património cultural dos mares e dos rios e da sua difusão.

José Bastos Saldanha saudou a continuidade de Benjamim Pereira na presidência da Câmara Municipal, notando que a Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios é “um projeto de continuidade e em construção”, e elogiou a ação que tem sido desenvolvida pelo Município de Esposende na presidência deste organismo. Referiu que o objetivo é dar continuidade a esse trabalho, procurando envolver mais municípios. Ciente dos grandes desafios que se apresentam à RNCMR, José Bastos Saldanha referiu que é primordial “demonstrar o estado ambiental dos nossos mares”, que considerou  “a base para fundamentar a intervenção de ordem económica”.

O Comissário Científico, Álvaro Campelo, realçou a importância do conhecimento do passado e das tradições e defendeu a necessidade de “construir uma economia azul”, afirmando que Esposende tem procurado construir “uma identidade azul”.

O tema “Mares do Sargaço - mares vizinhos” deu o mote ao primeiro painel, moderado pela Vereadora da Educação e Cultura do Município de Esposende, Angélica Cruz, no qual foram apresentadas algumas boas práticas dos concelhos de Viana do Castelo e da Póvoa de Varzim. Hermenegildo Viana, do Museu do Traje de Viana do Castelo, falou sobre os “trajes do Litoral Vianense”, Paulo Torres, Presidente da Junta de Freguesia de Castelo do Neiva – Museu do Sargaço do Castelo do Neiva, debruçou-se sobre “O Argaço de Castelo do Neiva” e Deolinda Carneiro, em representação do Museu de Etnografia e História da Póvoa de Varzim, apresentou “O traje popular do litoral português e o vestuário do Grupo Folclórico Poveiro”.

Num segundo painel, dedicado às “Paisagens do Sargaço - mar de Esposende”, moderado pelo Vice-presidente da RNCMR, José Bastos Saldanha, Artur Viana, do Parque Natural Litoral Norte, falou sobre “30 anos de Área Protegida”; Manuel Dourado, do Grupo de Marinheiros de Fonte Boa, deu a conhecer “Atividades Agro-marítimas de Fonte Boa”; Elsa Teixeira, do Museu Marítimo de Esposende – Associação Forum Esposendense” centrou a sua intervenção sobre a temática “Conservar o quê, para quê e para quem?”, e Filipe Queiroga e Hélder Cardoso, do Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia, falaram sobre “Apúlia e Sargaço – Uma relação entre a terra e o mar”.

No encerramento dos trabalhos, a Vereadora da Cultura do Município de Esposende, Angélica Cruz, assinalou que já antes de presidir à RNCMR, Esposende desenvolvia muitos e bons projetos no âmbito da cultura piscatória e marinheira, mas também agro-marítima, nomeadamente relacionada com o sargaço, envolvendo-se agora, também, noutros que passam pelas Redes locais, como a Rede de Museus de Esposende, que promove o trabalho conjugado entre todas as entidades museais do concelho, e a rede informal de agrupamentos folclóricos que conta já com oito instituições, que inventariam e preservam os valiosos e frágeis testemunhos da vida quotidiana de outrora.

Angélica Cruz expressou a sua satisfação pela partilha cultural proporcionada neste 4.º Seminário da RNCMR. “Estamos perante um novo caminho de investigação, de salvaguarda e de identidade cultural”, afirmou, agradecendo a todos os oradores o seu contributo para a divulgação e conhecimento sobre o folclore e a etnografia do mar, bem como “a participação de quem, no terreno, preserva, mantém, divulga e garante a existência destes valiosos patrimónios culturais ativos, os ranchos ou grupos folclóricos”. Deixou, ainda, agradecimentos ao Comissário Científico Álvaro Campelo e ao Vice-Presidente da Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios, José Bastos Saldanha.