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terça-feira, 28 de abril de 2015

25 de Abril

Município convidou esposendenses
a partilhar testemunhos do 25 de Abril

Sob o tema “Vivências de Abril”, o Município de Esposende promoveu, no dia 25 de Abril, uma sessão comemorativa do 41.º aniversário da “Revolução dos cravos”.

A sessão, realizada no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio, contou com testemunhos de quatro esposendenses, pertencentes a quadrantes políticos diferentes, nomeadamente dos advogados Francisco Brás Marques e José Luís Correia Azevedo, da ex-Presidente da Câmara Municipal de Esposende, Laurentina Torres, e do médico Manuel José Cepa Carneiro.
Falando na sessão de abertura, o Presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira, enquadrou a iniciativa, referindo que, mais do que assinalar a data, histórica para o país, se pretendia trazer a público testemunhos, tentando perceber o impacto da revolução que “trouxe esperança, liberdade e futuro” e como foram vivido os tempos de mudança no concelho.
A moderar a sessão esteve o diretor do Jornal “Brisa de Mar”, Manuel Sampaio Azevedo, que começou por apresentar os intervenientes, abrindo depois espaço para a partilha das suas vivências e testemunhos.
Francisco Brás Marques centrou a sua abordagem no plano político, dando nota do ambiente vivido em Esposende antes e após a revolução, período em que esteve na política ativa, tendo integrado, como vogal, a primeira Comissão Administrativa pós 25 de Abril, e ocupado o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Esposende, na segunda Comissão Administrativa, em 1976, para além de ter sido o fundador do PPD no concelho. Na sua intervenção, o advogado assinalou ainda as grandes alterações que se verificaram no concelho nos últimos 40 anos, em vários domínios, particularmente no plano cultural.
Laurentina Torres, cujo percurso de vida esteve ligado ao ensino, mas que se cruzou, em determinada altura, com a vida política - foi Presidente de Câmara entre 1986 e 1989 pelo CDS, partilhou com os presentes as suas memórias, especificamente um episódio ocorrido em 1973, em Apúlia, a sua terra natal. “O povo de Apúlia fez um 25 de Abril um ano antes”, afirmou, depois de relatar a situação em que a população se ergueu para contestar a edificação de uma construção na zona dos baldios, opondo-se ao poder local de então. A ex-autarca, também ligada ao associativismo, nomeadamente ao Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia, partilhou um poema da autoria de Pedro Homem de Melo, relativo à dita “revolução” do povo de Apúlia, que recentemente redescobriu nos seus arquivos.
A residir há poucos meses em Esposende quando se deu o grande acontecimento, o docente madeirense José Luís Correia de Azevedo contou como viveu esse momento histórico, dando conta do alvoroço, assim como da alegria, que se viveram no meio escolar e das mudanças que se seguiram à revolução, destacando o poder local como grande conquista. José Luís Azevedo falou ainda da sua intervenção na política, inicialmente no PRD e, mais tarde, no PS, partido que representou enquanto deputado municipal e deputado na Assembleia da República. A terminar a sua intervenção, e em jeito de reflexão, interrogou-se quanto à concretização dos princípios subjacentes ao 25 de abril, de uma sociedade justa, livre e solidária.
Estudante de Medicina na altura em que se deu o 25 de Abril, o médico Manuel José Cepa Carneiro, testemunhou como viveu esse acontecimento, num primeiro momento no universo universitário e, mais tarde, na sua terra natal, S. Bartolomeu do Mar, e no contexto concelhio. Entre vários outros aspetos, referiu a dinâmica ao nível do associativismo que despoletou na sequência da revolução, as dificuldades na implementação de um infantário em Mar e as mudanças operadas no setor da saúde. Sob o ponto de vista político, o médico com ligações ao PCP, recordou, por exemplo, a dificuldade verificada em Mar na escolha dos elementos para integrar as listas para as primeiras eleições livres.
Nesta sessão, foi também dado espaço ao público presente, para colocar questões aos intervenientes ou expressar as suas opiniões/vivências sobre o 25 de Abril, tendo-se registado várias e pertinentes intervenções.
A encerrar a sessão, voltou a usar da palavra o Presidente da Câmara Municipal. Em jeito de resumo Benjamim Pereira, disse que, embora não possa considerar-se que foram cumpridos todos os princípios de Abril, o país evoluiu imenso, encontrando-se num processo de construção da democracia. Manifestou esperança no futuro do país e nos jovens e realçou a importância do poder local, enquanto conquista do 25 de Abril. A terminar, agradeceu aos intervenientes o seu testemunho, que permitiu dar a conhecer algumas “estórias” da História de Esposende.