Município de Esposende e UMinho parceiros
na área da investigação e tecnologia marinhas
Equipamentos
a criar ocuparão Estação Rádio Naval de Apúlia e Forte de S. João Baptista
A Câmara Municipal de Esposende e a Universidade do Minho
formalizaram, hoje, um Protocolo de Cooperação, com vista à instalação, no
concelho de Esposende, de duas unidades dedicadas à investigação e tecnologia
marinhas. Trata-se do Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia
Marinha (IMCTM), a instalar nos terrenos da antiga Estação Rádio Naval de
Apúlia, e do Centro de Divulgação Científica de Atividades Marinhas (CDCAM),
que ficará sediado no Forte de S. João Baptista.
O Presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira,
considerou esta parceria “extremamente importante para o Município”, na medida
em que possibilitará a reabilitação de dois imóveis que se encontram em estado
de abandono e degradação, mas, sobretudo, porque possibilitará a implementação
de dois projetos da maior relevância no campo das atividades marinhas.
Benjamim Pereira explicou que a intenção do Município
sempre foi manter estes edifícios ao serviço público, razão pela qual só agora
irá efetivar as negociações com a Administração Central, com vista à sua
aquisição e/ou cedência, sendo certo que tem já em mãos uma proposta concreta.
Referiu que o Município avaliou diversas possibilidades de parceria, nomeadamente
propostas de privados, tendo optado por firmar cooperação com a Universidade do
Minho, considerando ser “o parceiro ideal”.
Sobre o Centro de Divulgação Científica de Atividades
Marinhas, a instalar no Forte de S. João Baptista, o Autarca esclareceu que a
intenção é agregar outros parceiros, como é o caso do Forum Esposendense, com
quem o Município mantém colaboração noutros projetos, do Parque Natural do
Litoral Norte e da Universidade do Porto.
O Autarca mostrou-se otimista e convicto de que a
médio/longo prazo Esposende colherá os benefícios da implantação destas duas
unidades dedicadas à investigação e tecnologia marinhas.
O Reitor da Universidade do Minho, António Cunha, saudou
a parceria com o Município de Esposende, considerando “muito importante e muito
gratificante”, tanto mais que se enquadra no Programa Europa 2020, e realçou a
importância de ambos os projetos. Regozijou-se com a revitalização de um
“edifício singular, localizado num sítio muito particular”, o Forte de S. João
Baptista, para acolher o Centro de Divulgação Científica de Atividades Marinhas,
equipamento que “terá um papel relevante na divulgação da ciência ligada ao mar
e às questões científicas ligadas a Esposende, onde pontifica o valioso
património da costa marítima”.
Sobre o Instituto Multidisciplinar de Ciência e
Tecnologia Marinha, que irá nascer na antiga Estação Rádio Naval de Apúlia,
António Cunha considerou-o “um projeto ambicioso”, que exigirá concentração de
esforços e o apoio do poder político e de vários parceiros. “Queremos trazer a
este projeto vários parceiros internacionais”, afirmou.
Terminou a intervenção, manifestando “total empenho” da
Universidade do Minho na parceria e agradeceu à Câmara Municipal a confiança
depositada na instituição.
O Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia
Marinha traduzir-se-á numa infraestrutura de investigação, desenvolvimento e
inovação, que promoverá investigação básica e aplicada com um forte enfoque na
criação, proteção e valorização de conhecimento em diversas áreas científicas
que se enquadram no domínio da ciência e tecnologias marinhas. O IMCTM
desenvolverá, assim, atividades ao nível da monitorização e erosão costeira, da
biotecnologia marinha, da valorização de Recursos e Subprodutos de origem
marinha e da utilização de recursos de origem marinha para aplicações
biomédicas nomeadamente em engenharia de tecidos e medicina regenerativa,
cosmética, nutracêutica e farmacêutica. No seu âmbito de atividade enquadra-se
também a biologia, biodiversidade, genética e ecologia marinha, a exploração
sustentável de recursos marinhos e proteção de recursos selvagens ameaçados ou
em extinção, a segurança alimentar de alimentos de origem marinha e novas
aplicações na indústria alimentar de materiais marinhos, os modelos animais de
origem marinha para estudar compostos para aplicações biomédicas e
farmacêuticas, a economia do mar e o direito do mar. Para a operacionalização
deste Instituto, a Câmara Municipal cederá as antigas instalações da Estação
Rádio Naval à Universidade do Minho por 30 anos.
O Centro de Divulgação Científica de Atividades Marinhas,
cuja gestão será assumida pela Autarquia, com o apoio científico da
Universidade, irá divulgar atividades de ciência e tecnologia marinha,
atividades ligadas à arqueologia e história naval, atividades pesqueiras, entre
outras.
Com a instalação do Instituto Multidisciplinar de Ciência
e Tecnologia Marinha e do Centro de Divulgação Científica de Atividades
Marinhas pretende-se potenciar o empreendedorismo de base tecnológica e a
ligação a empresas, nacionais e internacionais, criar um número substancial de
empregos qualificados de base tecnológica, assim como criar sinergias e
promover cooperações entre as instituições proponentes de modo a potenciar o
uso das estratégias desenvolvidas em diversas aplicações. Estes projetos visam
também impulsionar o desenvolvimento de uma nova geração de investigadores
multidisciplinares e fortalecer a capacidade de atrair financiamento
competitivo, a nível nacional e internacional, através de uma política de
colaboração ativa interinstitucional envolvendo diferentes instituições de
investigação e agências de financiamento. São ainda objetivos destes projetos fornecer
formação avançada e cursos de pós-graduação voltados para as áreas da Ciência e
Tecnologia Marinhas e de divulgação científica, reforçar o impacto das
instituições supra citadas na sociedade, consolidando-as como um núcleo de apoio
ao desenvolvimento de uma política nacional para a investigação científica,
empreendedorismo de base tecnológica e emprego baseado no conhecimento, em
diversas das áreas, estabelecer colaborações com outras entidades nacionais,
nomeadamente com Instituto Hidrográfico de forma a potenciar a investigação na
área da monitorização e erosão costeira, e, ainda, promover a divulgação
científica nas áreas de atuação do Centro a instalar no Forte de S. João
Baptista.
Através desta parceria, o Município e a Universidade do
Minho comprometem-se a uma intensa colaboração para concretizar estes projetos,
nomeadamente no planeamento, na obtenção de condições físicas e financeiras e
na sua implementação. Deste modo, trabalharão em conjunto para obter com as
entidades responsáveis, nomeadamente o Ministério da Defesa Nacional, os
terrenos e imóveis, ou o direito à sua utilização por um alargado período de
tempo, sendo que a Câmara Municipal assumirá os custos respetivos relativos à
compra ou arrendamento.
É intenção concorrer ao Programa Portugal 2020 da Região
Norte e/ou outros programas para financiar a instalação destas infraestruturas,
bem como o respetivo mobiliário, equipamento científico e de divulgação. Caberá
à Universidade do Minho procurar fontes de financiamento para suportar os
salários e bolsas de investigadores que exercerão atividade no Instituto
Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha, bem como todos os respetivos
custos de funcionamento. A Universidade compromete-se, também, a instalar no Instituto
Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha a sede do Centro Multipolar de
Valorização de Recursos Marinhos, que corresponde atualmente a uma rede de 16
Grupos de Investigação de 4 países diferentes.