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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Faleceu Maria Albertina Loureiro Torres

  A Tina...
Na minha infância e adolescência, passeei e desfrutei de uma amizade especial em casa do sr. Adelino Torres e da  Srª Albertina e o meu centro de amizade era o amigo Octávio- o "Tavo"-, meu colega de carteira na Escola Primária de Esposende que trabalhou na relojoaria do Carvalho , na Rua Direita-atual  Rua 1º de Dezembro e, neste espaço-oficina-  consumi horas imensas fazendo companhia ao "Tavo", conversando ou jogando damas.

        Um dia,  a Manuela Lopes, jovial, esculturalmente atraente e simpática, entrou na relojoaria  e o "Tavo", olhou de soslaio para mim, piscando o olho e disse-me:
 Carlos, o relógio da Manuela Lopes vai demorar muito tempo a ser concertado e sabes muito bem porquê!...
       Aos fins de semana, ia para casa do "Tavo" brincar tendo como companhia a Tina, sempre simpática, disponível e divertida e quando ia à Mercearia do Abílio Coutinho, meu tio, a Tina era atendida logo por mim, ultrapassando outros fregueses porque nutria uma amizade especial por ela e pela família.
            A Tina jogava cartas, contava histórias, fazia-nos rir, fazia compras, cozinhava, era a mulher da casa, embora adolescente e daí a consolidação da nossa amizade porque era uma menina boa, humana  e solidária.
            Lá em casa, na Rua de S. João, a Tina  andava às escondidas comigo, com o Adriano, Manel e o Tavo. O Fernando e o Adelino Torres, seus irmãos mais velhos," navegavam noutras águas "porque a Ribeira chamava-os para a futebolada ou nos mergulhos nas escadinhas, atacando os tremoços da Amália e da "Tiana"....
            Crescemos, com o andar do "relógio do tempo, e, cada um de nós, foi para o seu destino da vida e a Tina emigrou para França onde constituiu família e passados uns anos, regressou definitivamente a Esposende.
Quando nos cruzávamos na marginal de Esposende,  parava e cumprimentava a Tina que seguia o seu caminho, geralmente na companhia da mana Ção.
Um dia, junto à Igreja Matriz, deparei-me com a Tina e pedi-lhe um favor...
Tina arranja-me uma fotografia do "Tavo", meu grande amigo de Escola!..
Pedido feito e missão cumprida: a Tina arranjou-me mesmo a fotografia do Tavo e guardo-a religiosamente e "saborosamente" no meu álbum, dos inúmeros que possuo.
No dia oito de dezembro do corrente ano, junto ao "Salva-Vidas" o Noé e o Américo Miquelino comunicaram-se que a Tina  tinha falecido!
Não queria acreditar! Seria possível a Tininha deixar-nos?
            Lancei um olhar longínquo para o horizonte, por uns fugidios segundos, horizonte  rasgado por inúmeras gaivotas e um solitário corvo-marinho, ave esbelta no seu voar e funesta na cor e parei no tempo!...
O Tone Fifas olhou para mim e disse-me:
Carlos, estás a dormir?
O  José Carlos Varandas, encostadinho, ao granito frio, da parede do Salva-vidas,  olhava para mim, com ar de  preocupação e convidou-me para regressarmos às nossas casas porque o ar gélido atormentava-nos. Tinha compreendido o meu sentimento de tristeza...
            Despertei, olhei para o "Monte de  S. Lourenço"  e  serenei:
            Tina, despeço-me com profunda tristeza e nostálgica saudade mas, para mim, estás aqui vivinha no meu coração....

Carlos M. Lima Barros.
8 de dezembro de 2015