Pelo Esposende
Sport Clube-E.S.C. passaram inúmeros jogadores que envergaram
as camisolas do Clube, com empenho, luta e muito amor à camisola e muitos
deles eram pescadores e no mar, dias dos jogos, pensavam mais no jogo em que
iriam participar, que propriamente na pesca- Passos, Tião Saganito,
entre outros-
O Aníbal Mó foi uma "jóia da coroa" do ESC, como guarda-redes de
imensos recursos e potencialidades, chegando a disputar a baliza com o
Delfim- Zé Pacóvio- e Quim Tripas, "o elástico". Chegou a
treinar no F. C. Porto, sendo aconselhado a assinar contrato mas,
tal não foi possível porque os tempos eram outros...
(segue
o texto)
Aníbal
Mó-Antiga
glória do E.S.C.
José
Aníbal Loureiro Gonçalves Mó nasceu a 19-06-1948 e foi um excelente
guarda-redes do ESC, começando a sua carreira futebolística nos juvenis do ESC
e espraiou nos campos pelados, já que os relvados eram raros, toda a sua
categoria como “Keeper”.
Guarda-redes
com excelente colocação dentro dos postes e era ágil como uma “raposa” a
defender bolas chutadas “à queima roupa”, e tinha enormes reflexos, defendendo
bolas dificilmente defensáveis para
outros guarda-redes.
Representou
uma época o Apúlia e o Fão, neste clube já como agente da Guarda –Fiscal, durante uns escassos meses, mas com seguro,
uma das suas exigências, quando a equipa fangueira, lutava para não descer de
divisão e o Anibal Mó, Tonho e João Muchacho foram os reforços vindos do ESC
que “salvaram” o Fão de uma despromoção iminente. No Apúlia jogou com o defesa
central Pinho e com o Julinho e a direção Apuliense, na altura, pagava bons
prémios. No Fão também jogou com o Né e o irmão
Bernardino, excelentes avançados, esquerdinos natos.
O
Mó, deixou de jogar aos 28 anos mas, prolongou a sua carreira no futebol de cinco
no Fluvial Vianense, em 1969, e cessou
de jogar aos 41 anos, chegando a ser campeão Nacional nesta modalidade de futebol
de salão. Nessas equipa jogava o Fernando Inheco e o Leonel Laguna. Para ver os
jogos a Viana do Castelo, chegavam a ir dois e três autocarros do Linhares para
ver jogar estes excelentes jogadores esposendenses no Fluvial Vianense.
Num
Apúlia-Esposende, que terminou com um empate de 2-2, o Anibal fez uma exibição
portentosa e em Esposende foi muito criticado pelos esposendenses, sem razão
que o justificasse, já que ele representava o Apúlia, o que não era bem aceite
pelas gentes de Esposende…. Outros tempos….
Recorda-se
de um Esposende-Fafe, esta equipa era extremamente forte e competitiva e tinha grandes
jogadores (Portugal, Valença…) e o Aníbal fez a exibição da sua “vida” e o ESC
ganhou, contra todas as expectativas por 1-0, sendo a única derrota sofrida
pelo Fafe, com um golo do avançado Bino, de Vila Chã,
irmão do Américo, defesa central que também representou o Esposende.
Nesse
jogo, o Anibal saiu lesionado e foi substituído pelo Quim Tripas que conservou
as suas redes incólumes mediante uma portentosa exibição. Ao Quim Tripas
chamavam-lhe o “homem elástico” devido à sua “elasticidade física”, com “saltos
mortais” e voos espectaculares na defesa na sua baliza.
O
seu colega de equipa, Fernando Inheco, grande amigo, chegou a ir treinar ao
Boavista, acompanhado do primo Leonel Laguna mas, a transferência não se
concretizou. O Mó foi treinar ao Varzim e esteve iminente a sua transferência contudo como pertencia ao
Salva-Vidas, para evitar o serviço militar, teve que permanecer em Esposende. O
Comandante do Delegação Marítima Tavares, controlava, sem piedade, os
movimentos destes jovens esposendenses e chegava a mandar tocar a sineta do
Salva-Vidas para “fazer a chamada” , o que revoltava o patrão
do salva-vidas o “velho Laguna”.
O
Mó foi treinar ao FC Porto, treinado por Artur Baeta e nos treinos comprovou a
sua classe e só não foi transferido porque o seu pai, que era pescador, não o
permitiu uma vez que o Aníbal era um dos sustentos da casa, como trabalhador
dos serviços Municipalizados de Esposende e mesmo como pescador desportivo,
cujo rendimento da pesca ao robalo, chegava
aos 120$00 diários e o seu pai, nesse tempo na motora, apurava, muitas
vezes, 60$00 semanais. Eram treze pessoas em casa a sustentar e o Aníbal era o
mais velho dos seus nove irmãos o que lhe trazia acrescidas responsabilidades no
seio da sua família.
O Varzim, treinado por Meirim, mandava
olheiros aos jogos ver o Mó jogar e o senhor Porfírio, um exemplo de dedicação
ao ESC, ao aperceber-se disso, nunca deixava o Aníbal Mó jogar, que se fazia de
doente, para não sair do ESC. O Mó apreciava as qualidades do Manel Correia,
irmão do Fernando Inheco, que passou ao lado de uma grande carreira de
futebolista, sendo conhecido pelo alcunha de “Pé de Leque” e o Tio Laguna
gostava muito deste jogador e augurava-lhe
um futuro risonho.
O Anibal teve vários colegas, como
guarda.-redes: - Avelino, Delfim (O Pacóvio), Graça, que jogou no Sporting
Clube de Portugal e Setúbal, e o “elástico” Quim Tripas”, que reside
actualmente, na Senhora-da-Hora/Matosinhos, e foi treinado por inúmeros treinadores: Tio Laguna, Graça, Samuel,
Romeu, Amâncio…
Esta
“glória” do ESC foi colega de equipa de inúmeros jogadores, a maioria deles,
naturais do concelho de Espodende: Tião Saganito, Carvalho, Passos, Pilar,
Sotero, João Vilarinho, A. Pinto, Leonel Laguna, Fernando “Inheco”, Américo de
Vila Chã, Bino, Muchacho, Tonho, Basilio,
Lázaro e tantos outros.
O
Aníbal não estava motivado para jogar no Gil Vicente, onde era muito apreciado
e solicitado para jogar na equipa de Barcelos porque temia ter uma vida
“desviada”, como teve o jogador Russo de Fão,
jogador esquerdino que não foi afortunado, na sua carreira de jogador.
Um
dos seus últimos jogos, foi em Moura, em 1974, onde Esposende foi jogar para a
Taça de Portugal, sendo eliminado.
O
Aníbal aposentou-se, após longos anos de exercício como agente da guarda-fiscal
e estabeleceu-se com um restaurante onde ainda se come e bebe-se bem e,
atualmente, leva uma vida pacata, no seio da sua família, deleitando-se a
pescar e a ver o seu rio Cávado e o seu Mar, na barra de Esposende, onde o
“pesquei”, no dia 4 de dezembro, observando o oceano Atlântico, ao lado da sua
pasteleira-bicicleta- e daí surgiu este trabalho escrito que amavelmente e com
extrema simpatia, me atendeu.
Foi
um diálogo muito informal, amistoso numa aventura ao passado onde o futebol foi
o tema dominante, como não poderia deixar de ser…
Carlos
Manuel de Lima Barros
Esposende,
4 de dezembro de 2013