ESPOSENDE E O SEU CONCELHO


sexta-feira, 31 de julho de 2009

Farol de Esposende: Nº 409 - 24/07/2009

Director: Nogueira Afonso
Director-Adjunto: Rua Reis
Destaques da edição de 24 de julho de 2009:
"Opinião - Os 93 milhões do Ronaldo" - Alberto Bermudes;
"Tesouradas - Há pessoas que são como cães!" - Neco;
"Lugares e memórias - Largo Marquês de Pombal" - Manuel Albino Penteado Neiva;
"Santa Casa da Misericórdia: 430 anos a serviço de Esposende";
"Abílio Cardoso recebe título de Monsenhor";
"João Nunes candidato à Câmara Municipal";
"Barra de Esposende - Constituição de grupo de trabalho";
"Barra do Cávado em despacho";
" 'Catraia' participou em dois encontros de embarcações tradicionais";
"Jogo histórico norte x sul" Carlos Manuel de Lima Barros(Prof. Carlinhos);
"Actividades das escolas da ADE";
"Campeonato da Europa de Sub 23 - Teresa Portela medalha de bronze";
"Festas de Nossa Senhora da Saúde e Soledade";
"Patinagem em velocidade";

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Esposende: a inundação na década de 50

Em breve fotos exclusivas do acervo fotográfico do Fernando do Rosário.

"Nas 7 casas dos pobres de S. Vicente de Paula, a situação era desoladora:

- Valha-nos o Senhor dos Aflitos, lá boiaram os tabuleiros das linhas da faneca e o espinhel do congro do meu hóme – gritava a Maranhona."

...

"A tempestade não parava.

Horas depois, lá chegaram os Bombeiros que pouco mais puderam fazer que acudir aos vizinhos mais necessitados e arredar o lodo e o lixo das ombreiras das portas. Tentaram, em vão, desobstruir os aquedutos entupidos mas a corrente dificultava-lhes a missão.

Trecho s selecionados do conto inundação do Max.

Postagem: A inundação

http://concelhodeesposende.blogspot.com/2009/05/inundacao.html

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Poeta de Belinho nasceu em S. Pedro do Sul a 30 de julho de 1879

A DESPEDIDA
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Três modos de despedida
Tem o meu bem para mim:
- «Até logo»; «até à vista»:
Ou «adeus» – É sempre assim.

«Adeus», é lindo, mas triste;
«Adeus» … A Deus entregamos
Nossos destinos: partimos,
Mal sabendo se voltamos.

«Até logo», é já mais doce;
Tem distância e ausência, é certo;
Mas não é nem ano e dia,
Nem tão-pouco algum deserto.

Vale mais «até à vista»,
Do que «até logo» ou «adeus»;
«À vista», lembra, voltando,
Meus olhos fitos nos teus.

Três modos de despedida
Tem, assim, o meu Amor;
Antes não tivesse tantos!
Nem um só… Fora melhor.
António Correia d'Oliveira
********
  • Singela homenagem do blogue ao Poeta Lusíada.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O pintor Fernando do Rosário retratou o Mons. Abílio Cardoso

Veja abaixo algumas fotos do Monsenhor Abílio Fernando Alves Cardoso com o pintor Fernando do Rosário.
Retrato a óleo do Monsenhor Abílio Fernando Alves Cardoso.
O pintor Fernando do Rosário e o Mons. Abílio Cardoso.
Apresentação do retrato a óleo à comunidade.
O pintor Fernando do Rosário tem consolidada a sua fama como retratista de renome nacional.
NOTA: O pintor tem o seu atelier na Rua Engenheiro José Custódio Vilas Boas - 4740-274 – Esposende; Telemóvel: 965083578.

Saudades de morrer - Max

MAX
O carioca tinha chegado para mais umas férias. A última vez que o fizera fora há alguns anos e agora estava estupefacto com a evolução da nova cidade.
- Oi, cara, isto aqui não era o matadouro antigo?
- Sim, agora é o que vê, cheio de prédios – Assentiu Alex.
- Minha Nossa, como isto evoluiu!... Eh, e aquela ali não era a Casa do Povo?
- Pois, agora virou minimercado!
- Um ringue! Eh, donde veio aquela negada que está a jogar a bola?
- Alguns deles são filhos dos antigos retornados das ex-colónias, outros aproveitaram a boleia, após a guerra do Ultramar.
- Puxa, cara, quem viu os moleques do meu tempo e a sua pobreza num esquece não. Você conheceu os lavadouros antigos onde se ia lavar a roupa?
- Ah, isso fica lá p’ró Norte. Havia aquele lá p’rós lados do Chora e o das traseiras da Igreja.
- Minino, você recorda aquele aqueduto fedorento que corria a céu aberto até ao rio?
- Eu não sou desse tempo?
- Ah, não, você alguma vez furou o túnel do aqueduto de ponta a ponta?
- Mas claro … até se ia aos irões por cima dele com pesqueiras de tripa de raia e sardinha!
- Sabia que a minha geração andava nele de noite para afugentar as bruxas?
- Como então?
- Não contei, não?
Naquela escuridão trimenda, a gente assustava a vizinhança, indo com vela de estearina e lampião pelo seu interior e cantando o Miserere da Semana Santa, da Banda do Burro de Bilinho, pondo as beatas da rua todas assustadas. No dia seguinte, a ti “Caveira” apregoava em toda a rua que tinha ouvido e assistido à procissão dos defuntos passando entre a ponte!... Ah! Ah! Ah!...
- Eram sacanas, os mais velhos!
- E você só sabe meia missa!
- Eu recordo mais é o sítio da Ribeira e das nossas partidas da bola e outras brincadeiras. Acho que a minha geração viveu realmente a sua meninice e as suas fantasias de criança no meio do ar puro. Agora nem espaço há pois está tudo tomado pelo cimento!
(…)
- Puxa! Que nortada que leva tudo pelos ares! Já esquecia desta sensação di vergastada no rosto dos tempos di criança. A propósito, se lembra das joeiras que a gente fazia com o fio de algodão comprado no Sá velho?
- Ainda foi ontem. Faziam-se à mão com canas de foguete e papel de jornal e com rabos de guita que entrelaçavam pedaços de farrapo velho; as mais vistosas levavam papel verde das clarinhas da Nélia com os sargaceiros estampados quase made in Apúlia ou, em alternativa, outros mais coloridos surripiados aos embrulhos dos livros da livraria do Vieira velho! E quando elas se enrodilhavam nos fios eléctricos e dos telefones!?
- Lembra não, que saudades desses tempos de moleque. Agora já nem há lavandiscas nem charréus, como no nosso tempo. Viu algum? Quantas vezes as nossas afungas e ratoeiras matavam a fome lá em casa. A carestia era tal que até os desgraçados dos ciganos desenterravam porcos e galinhas, mortos por doença, para amenizar a larica. Lembra?
- É verdade. Os campos foram-se e o cimento tomou conta disto. Agora são contados os esposendenses autóctones pois o mais é gente que arribou de fora, para não falar dos imigrantes ucranianos, romenos e até dos chineses que nos invadiram de todo o lado!
- Nossa, esses olhos em bico também estão cá?
- É a globalização!...
(…)
- Mi diz, quem é o arcipreste daqui?
- Não conhece. É novo.
- Que saudades do Infante “Suavíssimo”, pelo Natal, e da marotada do Sábado Santo quando o Aleluia da Ressurreição ressoava na matriz!
- Quem não lembra?
- Minha Nossa, aquilo era o frenesim e antes mesmo que o Piriri tocasse os sinos da meia-noite, os diabretes antecipavam-se, corda em riste ou dependurados nos crepes negros e forçavam o Cristo a ressuscitar dos mortos … antes do tempo!
- Lá no Brasil é igual?
- Oi, cara, a gente lá não liga mesmo a essas coisas. Até parece que a religião acabô. Missa é coisa doutra geração. Agora o que está dá é padre-cantô para captar a juventude, até faz concerto público em estádio e coisa assim. Vende disco que é di pasmá. Lá, é mais seitas que outra coisa. Você sabe que só na minha rua há quatro seitas protestanti’s e o safado do bispo di cada uma passa no apartamento, mensalmente, a exigi o décimo do ordená? Dou nada. Dinheiro custa muito do nosso sangue, não é p’ra sustentá mandriões. E di todo eu sou da religião da minha mãe, não vou virá casaca, não!
- É mesmo! Cristo deveria vir cá abaixo, com uma zurrapa, e expulsar estes vendilhões do templo.
- Fala, não. Se o céu se comprasse, filha da ---- di rico já tinha apartamento no outro lado, né !?
- Vamos, depois damos outra volta.
- Tá.
De regresso e cumprimentando supostos conhecidos:
- Oi, siôra, como passa? Você não é mesmo … parentchi da ti Ana, como era (?), da ti Ana Branca?
- Desculpe. Não sou de cá!...
- Peço perdão. Mi desculpe, sim, madame.
Pela beira-rio, a nortada continuava a fustigar as folhas das árvores raquíticas da marginal e engravidava ceroulas, cuecas e combinações de mulher, estendidas, a secar nos arames, junto ao cais do sul.
Enterrados no lodo, putos andavam à isca para a venderem aos banhistas. No correr da marginal, o marketing de papelão propalava: Bende-se bixa.
Um pequeno comício de pescadores – abrigados da nortada e emparedados no mercado novo, por terem desaparecido já os encostos da velha tasca do Centelhas, a norte, e a casa do ti Libânio, lá ao sul – discutiam ainda estratégias para a entrada e saída da barra, enquanto carpiam as suas motoras que foram todas desaparecendo e, com elas, o seu ganha-pão.
- Lembra as rifas das panelinhas da Ribeira e os circos que por cá passavam? – Continuou no desfile das lembranças o brasuca.
- E até grandes encenações teatrais representadas e outras que o no antigo Theatro Club, virado agora nuseu! – anuiu Alex.
- Saudades, cara, saudades da vida de minino e do meu torrão natal!
(…)
A maré vaza do Cávado albergava batalhões de gaivotas e maçaricos que se perfilavam como que à voz de um comando.
Quase ao anoitecer, travavam-se outras guerras entre andorinhas e abelhões.
Já perto de casa:
- Até mais ver, moço, e obrigado – rematou.
- Sempre ao dispor.
- Amanhã eu dou carona em você, vamos visitar uns caras amigos, a Viana, pois levo encomenda de familiá.
- Pois sim – despediu-se Alex.
Àquela hora, o sino da matriz batia as badaladas da Trindade.

Soneto do Poeta de Belinho

Clique na imagem para ampliá-la e leia uma obra prima do poeta da fé.
António Correia d'Oliveira é o poeta maior da saudade e da alma genuinamente portuguesa.
O poeta tem Deus dentro da sua alma e anima o povo a erguer-se e a confiar na Fé que dá rumo à vida.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A foz e o cais vilhano

Antigo postal de Esposende com vista do bar da praia para a foz do Cávado e para o "cais vilhano".
Colaboração: José Costa. Muito obrigado por compartilhá-lo.

Saudades de morrer é o título do próximo conto do Max

Leia alguns trechos selecionados para degustação:

(...)Pela beira-rio, a nortada continuava a fustigar as folhas das árvores raquíticas da marginal e engravidava ceroulas, cuecas e combinações de mulher, estendidas, a secar nos arames, junto ao cais do sul.
Enterrados no lodo, putos andavam à isca para a venderem aos banhistas. No correr da marginal, o marketing de papelão propalava: Bende-se bixa.

Um pequeno comício de pescadores – abrigados da nortada e emparedados no mercado novo, por terem desaparecido já os encostos da velha tasca do Centelhas, a norte, e a casa do ti Libânio, lá ao sul – discutiam ainda estratégias para a entrada e saída da barra, enquanto carpiam as suas motoras que foram todas desaparecendo e, com elas, o seu ganha-pão.(...)

(...) A maré vaza do Cávado albergava batalhões de gaivotas e maçaricos que se perfilavam como que à voz de um comando. (...)

sábado, 25 de julho de 2009

A barra do Cávado e o despacho nº 16022/2009.

Constituição de um grupo de trabalho para preparar uma primeira abordagem a uma solução integrada que permita acautelar a sustentabilidade da restinga do Cávado.
Na íntegra o despacho nº 16022/2009.
MINISTÉRIOS DO AMBIENTE, DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL E DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES.
Despacho n.º 16022/2009
A restinga do Cávado é um sistema frágil sujeito a forte erosão, a qual tem vindo a provocar um acentuado adelgaçamento desta estrutura, com eminente risco de ruptura.
É clara a ocorrência de alterações da restinga, e em condições de tempestade, principalmente quando associadas a marés vivas, o mar tem tendência a galgá -la ou a quebrá -la nas zonas mais frágeis, ou mesmo a destruir -lhe a extremidade norte.
As consequências de tais ocorrências podem ser graves, sendo de realçar as alterações profundas no ecossistema estuarino e a invasãoda zona ribeirinha de Esposende pelas águas do mar. Refira -se que a restinga do Cávado funciona como barreira natural contra a invasão do mar e que esta barreira já foi rompida anteriormente, tendo a parte frontal de Esposende sofrido prejuízos causados pelo galgamento do mar.
Simultaneamente, o rio Cávado apresenta um longo historial de porto e de via de comunicação, subsistindo ainda, no local, uma comunidade piscatória com relevância sociocultural, para além da actividade náutica de recreio cuja existência interessa a Esposende manter e fomentar, colocando a necessidade de promover a segurança na circulação fluviomarítima.
Sendo eminente o risco de ruptura, foi realizada uma intervenção de emergência que consistiu na remoção de um banco de areia do canal e na reposição da areia dragada sobre as dunas da restinga, permitindo manter a integridade dessa estrutura e, complementarmente, a navegabilidade do rio.
A intervenção, concluída em final de Novembro de 2006, tem demonstrado significativa capacidade de resistência às intempéries.
Pese embora tal intervenção, torna-se necessário equacionar uma solução global que permita conservar a restinga do Cávado como barreira protectora, de acordo com os objectivos gerais de valorização e sustentabilidade da orla costeira e contribuindo também para uma solução dos problemas de acessibilidade e segurança da navegação que utiliza as infra -estruturas portuárias situadas na margem direita do rio Cávado, em Esposende.
Neste sentido, constitui -se um grupo de trabalho para preparar uma primeira abordagem a uma solução integrada, que permita acautelar a sustentabilidade da restinga do Cávado, potenciando as condições de acesso às instalações portuárias existentes.
Considerando as competências delegadas pelo Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, nos termos dos despachos n.os 16 162/2005 (2.ª série), publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 141, de 25 de Julho de 2005, e 12 770/2006 (2.ª série), publicado no Diário da República, 2.ª série, de 20 de Junho de 2006, e pelo Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, nos termos do despacho n.º 26 681/2007, publicado no Diário da
República, 2.ª série, n.º 224, de 21 de Novembro de 2007:

Determina -se o seguinte:
1 — É constituído um grupo de trabalho, ao qual compete:
a) Avaliar as soluções propostas nos diversos estudos técnicos já elaborados sobre a restinga e a barra do Cávado, bem como os resultados das intervenções de dragagem que têm sido efectuadas no local, designadamente da intervenção de emergência concluída em 2006;
b) Propor a metodologia que permita alcançar a melhor solução técnica para garantir a sustentabilidade da restinga do Cávado e compatibilizar as necessárias condições de segurança no acesso às instalações portuárias, tendo em conta a integração da mesma nas intervenções mais globais a desenvolver no âmbito do Polis do Litoral Norte;
c) Manter informados os agentes económicos, os utilizadores e a população em geral sobre o desenrolar dos trabalhos, podendo para isso promover reuniões sectoriais ou sessões públicas de esclarecimento.

2 — O grupo de trabalho terá a seguinte composição:
a) Prof. Doutor Fernando Veloso Gomes, coadjuvado pelo Dr. Pedro Bettencourt;
b) Engenheiro João Costa, representante do Instituto da Água;
c) Dr.ª Anabela Trindade, representante do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
d) Dr.ª Maria Isabel Guerra, representante do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos;
e) Um representante da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte;
f) Dr.ª Maria do Rosário Norton, representante da Administração de Região Hidrográfica do Norte;
g) Um representante da Câmara Municipal de Esposende.

3 — O presente grupo de trabalho é coordenado pelo Prof. Doutor Fernando Veloso Gomes.
4 — O grupo de trabalho deverá concluir o trabalho no prazo de seis meses após a publicação deste despacho.

1 de Julho de 2009. — O Secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, João Manuel Machado Ferrão. — A Secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Mendes Vitorino.
202004322

Jornal de Esposende é distribuído gratuitamente

LOCAIS DE DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ESPOSENDE:
BAZAR SERRA
SERRA DA SORTE
CONFEITARIA PRIMOROSA
NÉLIA
PAPELARIA CÁVADO
PÉNORIO BAR & RESTAURANTE

FÃO:
CAFÉ TODAVIA
PÃ-PÃ
PAPELARIA GALÁCTICA

S.BARTOLOMEU DO MAR
CAFÉ MARANHÃO

BELINHO:
CAFÉ AVENIDA

MARINHAS:
QUIOSQUE SÃO MIGUEL

APÚLIA:
CAFÉ RAFAEL
PIZZARIA URBANUS

FONTE BOA:
CAFÉ TÁ-SE BEM
CAFÉ BOA FONTE

RIO TINTO:
CAFÉ PIMENTA

GANDRA:
CAFÉ NOVO SÉCULO
CAFÉ DO PAÇO

S.PAIO DE ANTAS:
CAFÉ NOVA ERA

FORJÃES:
CAFÉ NOVO

VILA-CHÃ:
CAFÉ STO.ANTÓNIO

PALMEIRA DE FARO:
TROPICAL CAFFÉ
GEMESES:
CAFÉ STOP 5

BARCELOS:
CASA TEMTUDO

BRAGA:
COLINATRUM
A BRASILEIRA
ASTÓRIA
QUIOSQUE DA ARCADA
QUIOSQUE NANI

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Jornal de Esposende: n.º 616

Quinzenário informativo e regionalista
Director: Paulo Gonçalves / Sai às sextas-feiras / Gratuito / 24 Julho 2009 / N.º 616
Destaques da edição:

- Manuel Monteiro, o candidato do Movimento Missão Minho em entrevista ao Jornal de Esposende fala da sua candidatura a deputado / Paulo Gonçalves;

- Competitividade Nacional - Conversa da Treta / Paulo Campos;

- António Neves (PSD) é para já o único candidato à Junta de Freguesia de Gandra / Paulo Gonçalves;

- Das minhas memórias e O Concelho de Esposende há 90 anos - Opinião / Dr. Bernardino Amândio;

- O que vale um “canudo”? / Dra. Carla Gomes;

- Observatório Jurídico - Trabalho Intermitente / Dra. Diana Vale;

- Cultura – Parabéns Sargaceiros. Uma longa vida já com 75 anos / Paulo Gonçalves;

- Desporto - Todos a andar - EDP Gás / Paulo Gonçalves;

- Actualidade - PS prepara autárquicas / Paulo Gonçalves;

- Até o mundo é uma bola… - Opinião / Prof. Luís Campos;

- Crónicas de antigamente: O Trânsito da cidade / Artur L. Costa;

- Desporto, o espelho da região - Opinião / Prof. Luís Campos;

- Paulo Martins: Treinador de sucesso / Paulo Gonçalves;

terça-feira, 21 de julho de 2009

Grupo dos Sargaceiros da Casa do Povo de Apúlia: 75º aniversário.

Folder antigo em inglês. Clique na imagem para ampliá-la.
Fundado em 1934.
O grupo folclórico dos Sargaceiros da Apúlia marcou para o próximo sábado, 25, uma "mareada". Para quem está pelo Concelho, compareça e prestigie, vai ser um evento muito bonito.

Apúlia: Apanha do sargaço candidata a património oral e imaterial da UNESCO

Expresso, Portugal, 21 Jul 2009.
Porto, 21 Jul (Lusa) - O grupo folclórico Sargaceiros da Apúlia, Esposende, vai formalizar uma candidatura à UNESCO para que a apanha local do sargaço obtenha o estatuto de património oral e imaterial da humanidade, revelou a directora da associação, Laurentina Torres.
p.s. Valeu Álvaro Campelo pelo teu envolvimento e apoio à candidatura. Um abraço.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Esposende, a formosa rainha do Cávado.

Republicação
Clique nas fotos para ampliá-las.
Fui até ao orkut do meu amigo João para matar saudades de Esposende e encontro estas belíssimas fotografias da cidade maravilhosa. Como o blog está sendo visitado pelos nossos conterrâneos emigrantes que passam para matar ou ganhar mais saudades, ficam aqui estas imagens da nossa terra muito bem capturadas pelo João.

Jornal de Esposende

Destaques da edição de 10/07/09.




Clique nas imagens para ampliá-las.
Tomei conhecimento, hoje, do ressurgimento do "nosso" querido quinzenário, Jornal de Esposende. Fiquei super feliz em saber que o velho quinzenário está de volta e com força total. Quero parabenizar o seu Director, Paulo Gonçalves e os proprietários, Paulo Sérgio Campos e Luís Campos pela corajosa e ousada iniciativa.
Ad multos annos!
Lino, mais uma vez obrigado pela informação e pelas fotografias.
P.S. Gostaria muito de receber material de futuras edições.
Skype: fernandorites

Os anos de ouro do Esposende Sport Club: Época 1949/1950

Do fundo do baú.

Glorioso Esposende Sport Club
Época 1949/1950
Clique na foto para ampliá-la.Na foto temos os seguintes craques:
Em pé(da esquerda para a direita): João Café, Miquelino, Catora, Rendido, Cala e Saganito.Agachados(da esquerda para a direita): Macau, Setenta, Laguna, Souto e Sousa.
Esta fotografia é uma jóia rara da história do nosso glorioso Esposende Sport Club. Bons tempos...
Esta fotografia foi doada ao Sr. Pinto pela família do Cala, daqui do Brasil. O Sr. Pinto, por sua vez, enviou para o blog - para todos - por intermédio do meu irmão, Rogério, para felicidade da nação Esposendense espalhada pelo mundo.

Mais uma vez, MUITO OBRIGADO.

domingo, 19 de julho de 2009

Festas em honra de Nossa Senhora da Saúde e Soledade

2009: Programa das Festas da Cidade
- Festas em honra de Nossa Senhora da Saúde e Soledade
8 a 16 de agosto.
Clique no programa das festas para facilitar a leitura.

2014 - Festas em honra de Nossa Senhora da Saúde e Soledade

http://concelhodeesposende.blogspot.com.br/2014/07/festas-em-honra-de-nossa-senhora-da.html

Linda Vila de Esposende
Deus te guarde, Deus te ajude...
Na entrada a Virgem dos Anjos
Ao sair, a da Saúde.
Correia de Oliveira, 1934.

Esposende, a formosa rainha do Cávado.
Clique nas imagens para ampliá-las.
Cortesia do amigo Manuel Losa.

The Song of My Life



Alunos do Conservatório de Música de Águeda dão show no espetáculo "The Song of My Life". Sara Rei, filha do nosso amigo Lino, dividiu com outros professores a direcção musical e cénica do musical. Confira no vídeo momentos do inesquecível show apresentado no dia 26/06/2009.

Farol de Esposende

Destaques da edição de 10 de julho de 2009:
"O imposto europeu" - Alberto Bermudes;
"Tesouradas: Quem morreu?" - Neco;
"Lugares e memórias: Rua Manuel Rodrigues Viana" - Manuel Albino Penteado Neiva;
" 'Vivências locais' destaca patrimônio e cultura esposendense";
"Património religioso de Fão em livro";
"Esposende recebe prémio 'Cidade Excelência' ";
"Semana cultural de Forjães";
"Antas já tem um grupo folclórico";

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Contos extraordinários de Max

Já que o assunto dos últimos posts tem sido o glorioso Esposende Sport Club, Max, o nosso colaborador especial, enviou este magnífico conto para nos relembrar dos jogos de domingo à tarde no campo Padre Sá Pereira.

Leia alguns trechos selecionados para degustação:

(...)

"Entrada das equipas.- Es…po..sendê ! Es…po..sendê ! Es…po..sendÊEEE !

Admirar aquele jeito malabarista do Jaime ao fazer rodopiar o esférico no seu dedo indicador direito, era digno de figurar nos anais circenses do futebol. Mais estranho haveria de parecer, durante o jogo, certas trivelas de alguns dos nossos craques que à força de jogarem descalços na Ribeira ainda estranhavam o luxo das chuteiras!"

(...)

"Farol (g.r.), Monteiro, Zé da Vila, Passos, Russo, Pinto, Jaburu, Sotero, Losa, Jaime e Laguna, foram alguns dos craques e os heróis dessa tarde memorável pois inverteram um resultado negativo de 0-2 da primeira parte, num 3-2 final e que deixou a claque ribeirinha ao rubro. E que fantástica a exibição do Sotero e do Jaburu que fariam eclipsar o nosso galáctico CR9.
No final, a aclamação do “Pompa e Circunstância” do lado da bancada rivalizava com o “We are the Champions” do lado do peão e era delirante:
Es…po…sen…dê ….Es …po…sen…dê…Es…po…sen…dêêêêê!"

MAX

Leia o conto na íntegra no post Aquele jogo … por Max .

Aquele jogo … por Max

MAX

- Oh pai, levas-me ao futebol ? Solicitava, choramingando, o miúdo, naquele Domingo de “clássico” Esposende vs Monção.
Sem responder ao puto, o progenitor fazia contas de cabeça se os míseros trocados do que sobrava da faina da pesca da véspera, após a compra a fiado dos “Provisórios” no Centelhas, e se terem acabado os “Definitivos”, ainda dariam para o bilhete do seu Esposende S.C..
O mais das vezes, ou entrava à borliú ao intervalo, ou, se queria ver o jogo de início, lá se entretia a fintar a Guarda na peregrinação costumada entre o Repouso e as traseiras do hospital, tentando ”filmá-lo” através das “objectivas” arredondadas do muro de suporte, aqui e ali com as pedras já desensaibradas pela intempérie.
- Pai…levas-me ao Esposende? Insistia Alex, puxando-lhe as calças.
- Cala-te para aí, rapaz. Não tenho dinheiro….
O puto desatou numa choradeira incontida que foi preciso a bênção da mãe para pará-lo.
- Pronto. O teu pai leva-te. – Acalmou-o a esposa, enquanto piscava o olho ao marido a fim de resolver aquele problema bicudo.
- Está calado, rapaz, vamos lá ver se o Porfírio te deixa entrar …
O campo de futebol “Padre Sá Pereira”, aí pelos anos 60, era a terra batida e a saibro, alisado à força de cilindro de granito que sulcava regos deixados pela chuva de Inverno e que asfixiava ervas daninhas e resquícios de juncos das faixas laterais, nos pontapés de canto.
Tinha pouca protecção quer para jogadores e juízes de linha, quer para a assistência. Delimitado por umas quantas barreiras “arquitectónicas” encaibradas e desconjuntadas por suportes de madeira de pinho do pior, fazendo denotar ainda os respectivos nódulos, estes serviam de ameaça quando os resultados ou a claque adversária alteava em demasia a voz. Para os árbitros, poderia ser sinónimo de “justiça de Fafe” se as “provisões cautelares” ou conversações de bastidores não chegassem a bom termo para convencer os juízes no alinhamento do melhor resultado, quando em fim de época se perfilavam subidas ou descidas dos clubes interessados em tal desiderato promocional.
A única bancada do lado poente era escassa podendo albergar menos de uma centena de pessoas, no seu máximo, e já então reservada aos sócios, gente geralmente da finesse pois a maioria ia para a claque do Peão. A Norte, árvores-austrália alinhavam-se para conter a barreira do vento forte que quando soprava fazia desequilibrar a contenda num ou outro balázio mais puxado que dava em golo, levando bola e guarda-redes contrário baliza dentro - quantos golos fantásticos foram marcados à conta da nortada! Para Sul, o muro desalinhado a cal hidráulica tinha várias guritas-olheiros que serviam os borlistas, enganada a Guarda-Republicana que não podia acudir a tudo, e que fazia paredes-meias entre o campo e o hospital, de modo que ninguém morreria por falta de assistência, malgrado as caneladas à mistura e outros mimos de ocasião no adversário, com vista grossa do árbitro. A nascente, funcionava, indistintamente, “superior” e “peão” e era aí onde a “pólvora”, por vezes, se inflamava mais entre as claques mas que quase sempre nos era favorável.
Naquele Inverno, já haviam desaparecido as marcações, a cal virgem, das balizas; nestas últimas, mal se vislumbrava a sua correcta esquadria original pois os rigores da estação já lhes encurvariam ao de leve os postes e a trave rectangulares, sofrendo ainda estas do martírio dos “coices” dos guarda-redes que tentavam sacudir a lama das chuteiras, restando do seu original uma coisa mais ou menos híbrida por se assemelharem agora à dos postes de telefone!
Entrada das equipas.
- Es…po..sendê ! Es…po..sendê ! Es…po..sendÊEEE !
Admirar aquele jeito malabarista do Jaime ao fazer rodopiar o esférico no seu dedo indicador direito, era digno de figurar nos anais circenses do futebol. Mais estranho haveria de parecer, durante o jogo, certas trivelas de alguns dos nossos craques que à força de jogarem descalços na Ribeira ainda estranhavam o luxo das chuteiras!
De olhos esbugalhados, Alex, após esgueirar-se para dentro do campo entre as pernas de dois “Golias” de Góios e das Marinhas, saboreou o melhor dos manjares, se é que os olhos, de alguma forma, também comem, pois essa tarde ficara-lhe indelevelmente na retina.
Nesse Domingo, encheu-se o “Maracanã” da vila para receber uma das formações mais simpáticas do campeonato, o Desportivo de Monção, onde imperavam nomes sonantes para a época tais como Tatá, Viriato e Tareta, entre outros, vestindo camiseta grenat e calção azul. O Esposende S.C., com o seu equipamento alternativo: branco debruado a vermelho.
Jogo disputadíssimo do princípio ao fim e que mediou com o lançamento de vários pombos-correios que seria suposto arribarem até às paragens alto-minhotas, talvez com a mensagem do resultado ao intervalo e mais veloz de lá chegar por este meio, dada à escassez de telefones.
Farol (g.r.), Monteiro, Zé da Vila, Passos, Russo, Pinto, Jaburu, Sotero, Losa, Jaime e Laguna, foram alguns dos craques e os heróis dessa tarde memorável pois inverteram um resultado negativo de 0-2 da primeira parte, num 3-2 final e que deixou a claque ribeirinha ao rubro. E que fantástica a exibição do Sotero e do Jaburu que fariam eclipsar o nosso galáctico CR9.
No final, a aclamação do “Pompa e Circunstância” do lado da bancada rivalizava com o “We are the Champions” do lado do peão e era delirante:
Es…po…sen…dê ….Es …po…sen…dê…Es…po…sen…dêêêêê!
Enquanto o Manel Monção sustentava no ar o Jaburú quase lhe provocando o badagaio pelo apertanço inusitado daquelas manápulas, a tia Micas fazia caretas aos monçanenses e abanando e levantando as saias da frente fazia rir às gargalhada de contentamento o pessoal da pesada dos “lobos do mar”.
Lá em casa, ao jantar desse dia, a fome pareceu menos dolorosa de enfrentar e Alex até teve direito a chupar umas pernas de caranguejo extras para se comemorar feito tão heróico do nosso Esposende S.C.

P.S. Este artigo romanceado pretende ser um preito muito humilde de homenagem a estes e outros jogadores que vestiram com orgulho a camisola do E.S.C.

Equipa do glorioso E.S.C em 1955

Caros leitores, o nosso amigo José Costa enviou outro e-mail com as seguintes informações, ainda, a respeito da fotografia do post Já sabemos quem está na foto e Época gloriosa do nosso querido Esposende Sport Club:
- Que o Pinheiro Borda era o treinador;
- E que os jogadores estavam de braçadeira negra de luto em homenagem a Américo Couto Faria, Presidente da Assembléia Geral do E.S.C., que faleceu prematuramente em abril de 1955, com 55 anos.
Estas informações foram passadas pelo Manuel Losa ao José Costa.
O José Costa informa, também, que Quim Cruz, seu tio, jogou no Académico do Porto e reside atualmente em Vila Nova de Gaia.

domingo, 5 de julho de 2009

Contos extraordinários

Mais um conto extraordinário para o deleite dos nossos visitantes.
O nosso contista maior, retrata com maestria, com perfeição e no detalhe a vida do nosso povo.
O Max conta como nenhum outro os tempos da nossa velha infância. Nunca, ninguém, até hoje contou a vila de Esposende como ele conta. Os teus contos são um encanto para todos nós.
Muito obrigado Max.

A prova de(o) esforço - MAX

MAX
Alex ia-se até ao café mais próximo da sua cidade de adopção para entabular conversa com algum conhecido de momento quando alguém lhe tocou no ombro, por detrás.
- Oh nosso menino, tu não és o Alex?
- Sou sim …(?) Oh ti Man’el, então que o traz por estas minhas bandas?
- Olha, ando pr’á ‘qui meio perdido, quase há meia hora, pois não dou com o consurtóro onde se tiram uns exames e uma prova de força ao coração que o meu médico da Caixa me marcou para esta clínica. Sabes onde fica o raio desta rua?
Alex esboçou um sorriso e retorquiu:
- Não será uma Prova de esforço, ti Man’el?
- Eu sei-te lá dessas coisas. Bais ber que é isso!
- Não se preocupe, eu vou lá com o senhor, como assim os amigos são para as ocasiões. Venha daí.
- Obrigado. Isto d’uma pessoa ir nos oitenta e tais, já num atina lá muito bem. Sabes como é!
- Vai correr tudo bem.
Alex recordou aquele lobo-do-mar dos tempos da sua infância. Não havia pincel de Miguel Ângelo ou Rafael que o retratasse tão bem tanto quanto ele o conhecia, pela bravura no mar e pela forma honesta e honrada como sustentou a família numerosa, em tempos de tamanha miséria, e que obrigou à emigração de tantos outros braços, lá da terra, para Brasis, Franças e Alemanhas.
Já na espera do consultório.
- Então tem a “máquina” avariada? – sorriu-lhe Alex.
- A força já não é a que era, filho, mas parece q’inda tenho de correr nuns tapetes, ou lá o que é!? Se fosse no meu tempo, quando era mais novo, eu é que os fazia correr a todos. Já num sou da tua geração. Sempre vivi na nossa terra e o mar foi a minha escola. Quase num sei ler nem escrever mas tam’ém p’ra que é que isso me servia, lá no mar de Cristo?
- Tem certa razão. Mas os tempos também eram outros e a fome obrigava a sair mais cedo da escola …
Pois eu lembro-me bem do senhor. Parece que o estou a ver, a chegar ao cais naquela catraia vermelha, todas as manhãs. Quantas vezes me deu uma e outra faneca que eu fazia intenção de frisar bem à minha mãe que tinha sido da parte do ti Man’el e que aquela era para fritar, só para mim.
- Sabes que eu tinha bom coração. Num era como alguns pescadores e mestres que eram uns somíticos. Q’rio o céu e a terra. Lembro-se lá dos pobres!
- Oh ti Man’el, aquilo dantes devia ser mesmo miséria, não?
- Passaste-a lá tu, menino. Se soubesses o que foi fome. O que balia era o mar, quando ele nos deixava lá entrar!...
- Conte.
- Olha, eu, os falecidos João do Pão, o ti Emílio, o Alfredo da Mouca, o João do Frente, o Rogério, o Li e o filho, o João Careca – qu’inda está vivo – o David, o “Lunetas”, o falecido Zé da Lucas – que Deus o tenha em eterno descanso que era também muito bom home – e tantos outros, esses é que sabem o que foi passar larica!
Quando íamos largar, conforme o tempo deixava, naquelas catraiazinhas de quatro remos, ou numa ou outra maior que lebava sete homes mais o mestre, nós é que sabemos o que amargurámos naquele mar de Deus. Bem razão tinha o Zé da Lucas, ao chamar ingnorantes a esses ministros dum raio! Como é que a terra ‘inda há-de ter pescadores c’o a barra naquele estado, vão sustentar-se do ar e vento?
- E depois como é que era? – Indagou Alex mais curioso ainda.
- Olha, as redes ficavam lá mais duas ou três noites e, geralmente à terceira noite, nós íamos alá-las. E tornava-se a largá-las se o mar estivesse calmo. Se estivesse maresia, trazíamo-las p´ra terra. Depois o peixe era rematado lá no cais. Naquele tempo ‘inda as raias ero a dez mil reis!
- Mas como é que a campanha se reunia para ir para o mar?
- Tínhamos o moço dos seus catorze anos, acompanhado do pai ou da mãe, ele é que nos binha acordar a casa e à restante da campanha. Os moços recebio meio quinhão até chegarem a homes, já pelos seus binte anos. O mestre, de véspera, abisava que “amanhã vamos às rascas”. Atão, a campanha trazia a vela, a ustaga – um tipo de roldana –, o balde das chamas, – uns paus piquenos que se metiam nuns buracos para fixar os remos ao barco –, o cabo grande ou poitada, – para se dar fundo e parar a catraia no mar –, a cesta do mestre com agulha, – a bússola –, o lampião com vela pr’a se ber de noite. Roupa do corpo – quem a podia ter! – Era de japona, avental de lona que era curada com óleo de bacalhau, o suerte, – boina oleada – a …
Entretanto, a assistente do consultório chamou.
- Sr. Manuel da Silva … de Esposende. Entre para aqui para este gabinetezinho e espere um pouco.
(…)
Passada quase meia hora.
- Então, custou muito? – perguntou Alex.
- Cala-te, meu menino, eu até fiquei invergunhado quando a moça me quis rapar os pelos do peito e me pôs cá uns fios inléctricos na barriga que eu até punsei mal, pr’a que raio era aquilo!? Depois amandou-me para um tapete que começava a rolar mais depressa que as pernas e quase que me deu o bafo, parece que estava a subir o S. Lourenço e os raios de todas as caretas dos demónios do órgo da matriz a puxarem-me p’ra trás!... fôda-se que caiso adesmaei no consurtoro …
- Não se aflija. Isso é igual p’ra todos nesse exame da Prova de esforço. Vai ver que ainda vai poder correr a maratona!
- Sabes do que m’alembrei?
- Diga.
- Quando íamos aos figos ao Sebastião: fugíamos que nem ratos que o hóme era tolo quando nos apontava a caçadeira de chumbos!...
(…)
A caminho da camionete.
- Olha que até foi rápido, só não sei ao que binha, mas já passou. Agora tenho que pegar a caminheta do Linhares, ali na estação, mas já nem sei p’ra que lado fica!?
- É já ali. Eu vou consigo.
- Mas como te estava a contar… aquilo, para bir p’ra terra, num era fácil. Se o bento fosse leste ou sueste não conbinha muito porque empurrava a catraia p’rá sepurtura do mar. Em cada costura da vela tinha umas rises que, quando o bento era demais, a vela enrodilhava-se toda e era um “Ai Jasus”. Lá tinha que ser à força dos remos – alguns de nós tínhamos sempre as manápulas cheias de bolhas! – três de cada lado e o mestre, à ré, como hóme de leme.
- Ainda se lembra dessa malta do seu tempo?
- Atão num lembro, e que homes esses! O finado Laguna velho, o ti Américo, o Man’el Libra, o Man’el da Fanada, o Tóne Tuta, o Trocato, o João do Pinto, o Man’el Libano, o Feliz, o Miguel, o Chapuz, o Marcelino Cavalas, o Abilo Calica …
- E lá no cais?
- Aquilo, quando o S. Pedro ajudava, era peixe de toda a espécie. Nas rascas binho: raias, redobalhos, lagostas, lavagantes, caranguejos, peixe-sapo … Ao anzol, ero os congros e o espinhel. Nas linhas da faneca, de anzol pequeno, era uma farturinha. Depois havia as redes da lagosta, ou rascas de pedra, largadas em cima das pedras, no fundo do mar. Os cofros para o polvo, navalheiras, peixe-rosa, camarão, peixe-espada – que era pescado à mão com anzol e isco de marisco ou sardinha, ao pôr ou ao nascer do sol. As gigas de sardinha eram bendidas por lotes e cada uma debia ter à volta de umas duzentas sardinhas! Mas a sardinha era só de uma safra. Mais tarde, aparecero os tresmalhos de três redes e as redinhas pr´á faneca, badejo, pintas, robalos … agora é tudo mais fácil c’ os motores. Mas tamém te digo, como isto está, nem bale a pena ir ao mar, pr’a lá ficar!
- E as catraias não vertiam água nem inundavam com tanto peixe?
- Sabes lá tu! Quando o mar era alto, aquilo até podia dar p’ró torto e era preciso ter um hóme só pr’o bertedoiro, para escoar a água das cavernas. Era uma iscuridão tremenda, só alumiada pelo lampião de vela, suspenso num remo ou na vara grande, junto ou dependurado no mastro que serbia tamém pr’á nossa localização. Tinha mar de trinta a carenta jardas de profundidade!
As redes eram assinaladas com uma bóia marcada e bandeira da embarcação do mestre mas, às vezes, aquilo também era uma ladroaje do raio, mas a gente acabava sempre por saber quem foro os gatunos … cando num ero as traineiras e um ou outro arrastão que nos davam cabo delas.
Cando a campanha xigava à terra, depois da lota, partia-se o dinheiro, em casa do mestre, sentados no xão, com feijões, pois poucos sabio ler. Se o dinheiro era em notas daquelas grandes – atão as de cem mil réis parecio quase um lençol! - Ia-se ao ti António do sul, ao Loureiro, à Pastilha, à Siloca, p’ra se trocar. Vida de cão, aquela!
(…)
Chegados à estação de camionagem.
- Pronto, ti Manel. Já cá está. A que horas parte a camionete?
- É às seis, mas como é a do desdobramento e com todas aquelas boltinhas por Barcelos e c’o a gente da feira a entrar e sair, só lá pr’as sete e meia é que debo d’a chegar a casa! bou ber s’a minha Maria me deixou o presigo ou o resto da caldeirada …
- O quê? A carroça anda só a 30 à hora? Mais valia ter alugado a do Man’el Louceiro, ao menos a “gasolina” era à borla e os “fumos do escape” ainda serviam para adubo!
- Bem podes rir. Na era dos foguetões e dos TGVezes aquilo mais balia ir pró museu …
- Um abraço e até à próxima. Não se preocupe que a “máquina” ainda vai durar uns anitos!
- Deus ti oiça, filho, Deus ti oiça. Obrigadinho pela ajuda.
- Vá com Deus e faça boa viagem.